As melhores cidades do mundo para se viver (e porque as brasileiras estão mal colocadas)

A consultoria estadunidense Mercer, dedicada a pesquisas nas áreas de "talentos, saúde, aposentadoria e investimentos", divulgou os resultados de seu Ranking 2017 de Qualidade de Vida, uma lista anual que elenca as melhores cidades do mundo para se viver.

Cidades da Europa ocidental dominam a lista das cidades com os maiores índices de qualidade de vida, com Viena permanecendo na primeira colocação pelo oitavo ano consecutivo. A infraestrutura urbana desempenha um importante papel na escolha das empresas para os novos locais de suas filiais, assim, este tópico se destaca em uma lista individual que teve o primeiro lugar ocupado por Singapura este ano. 

A Mercer avalia as condições de vida de mais de 450 cidades em todo o mundo. Estas condições são analisadas através de 39 fatores, agrupados em 10 categorias:

1. Ambiente político e social (estabilidade política, criminalidade, etc.)
2. Ambiente econômico (regras para câmbio, serviços bancários)
3. Ambiente sócio-cultural (disponibilidade e censura de mídia, restrições de liberdade de expressão)
4. Considerações médicas e de saúde (serviços médicos, doenças contagiosas, poluição, etc.)
5. Escolas e educação (padrão e disponibilidade de escolas)
6. Serviços públicos e transporte (eletricidade, água, transporte público, trânsito, etc.)
7. Recreação (restaurantes, teatros, cinemas, esportes e lazer)
8. Bens de consumo (disponibilidade de alimentos e itens de consumo diário)
9. Habitação (aluguel, eletrodomésticos, mobília, manutenção)
10. Ambiente natural (clima, desastres naturais)

2º Lugar no Ranking Mercer 2017 de Qualidade de Vida. Zurique, Suíça. Fotografia: Russ Bowling. Licença CC BY 2.0

A pontuação é atribuída para cada fator, que são então ponderados, refletindo sua importância para expatriados e permitindo comparações objetivas entre pares de cidades. O resultado é um index de qualidade de vida que compara as diferenças entre quaisquer duas cidades avaliadas. 

As 10 cidades com os maiores índices de qualidade de vida no mundo são:

3º Lugar no Ranking Mercer 2017 de Qualidade de Vida.Auckland, Nova Zelândia. Fotografia via Visualhunt.com

1. Viena, Áustria
2. Zurique, Suíça
3. Auckland, Nova Zelândia
4. Munique, Alemanha
5. Vancouver, Canadá
6. Dusseldorf, Alemanha
7. Frankfurt, Alemanha
8. Genebra, Suíça
9. Copenhague, Dinamarca
10. Basileia, Suíça e Sydney, Austrália (empatadas)

Em infraestrutura, as 10 cidades mais bem posicionadas são:

1. Singapura, Singapura
2. Frankfurt e Munique (Alemanha) (empatadas)
4. Copenhague, Dinamarca,
5. Dusseldorf, Alemanha
6. Hong Kong e Londres (Reino Unido) (empatadas)
8. Sydney, Austrália
9. Hamburgo (Alemanha), Vancouver (Canadá) e Zurique (Suíça) (empatadas)

4º Lugar no Ranking Mercer 2017 de Qualidade de Vida.Munique, Alemanha. Fotografia via Visual hunt

As cidades da América Latina não aparecem entre as 70 melhores cidades do mundo para se viver, com Montevidéu liderando a lista regional em 79º lugar geral. As 5 cidades mais bem colocadas da América Latina são:

1. Montevidéu, Uruguai (79º)
2. Buenos Aires, Argentina (93º)
3. Santiago, Chile (95º)
4. Brasília, Brasil (109º)
5. Assunção, Paraguai (115º)

5º Lugar no Ranking Mercer 2017 de Qualidade de Vida. Vancouver, Canadá. Fotografia: JamesZ_Flickr via Visualhunt.com / CC BY

A pesquisa avalia a situação de 450 cidades, mas nem todas são ranqueadas. No caso do Brasil, foram selecionadas quatro cidades com um grande volume de estrangeiros para entrar para a lista de qualidade de vida.

Rio de Janeiro e São Paulo se destacam pela facilidade de acesso de bens de consumo e atividades de lazer. Brasília, por sua vez, tem melhor performance do que as demais cidades brasileiras em transporte e outros serviços públicos, opção de moradia e histórico de problemas ambientais. A relação pacífica de Manaus com os países vizinhos é o item em que a cidade da Amazônia mais se destaca.

Pontos negativos das cidades brasileiras

Apesar de diferentes entre si, as quatro cidades brasileiras compartilham, de modo geral, os pontos negativos que as derrubam no ranking global. O Brasil vai mal na categoria "ambiente político social" e a criminalidade é um dos itens que mais prejudicaram a performance do país.

109º Lugar no Ranking Mercer 2017 de Qualidade de Vida. Brasília, Distrito Federal. Cidade brasileira mais bem colocada. Fotografia: Leandro's World Tour via Visualhunt.com / CC BY

O Brasil registrou, por exemplo, recorde de 59,6 mil homicídios em 2014, alta de 22% em comparação aos 48,9 mil registrados em 2003. A taxa de 29,1 casos por 100 mil habitantes também foi a maior já registrada na história, conforme levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A dificuldade de aplicação de leis de forma democrática e equilibrada é outro fator negativo, assim como a instabilidade política interna. O cenário econômico ruim e a precariedade de serviços públicos, sobretudo transporte, também comprometeram a performance.

"Os protestos de 2016, a conjuntura politico-econômica, o agravamento da criminalidade, os escândalos de corrupção, a situação do transporte público, a estrutura dos aeroportos e disponibilidade de voos. Todos esses fatores combinados colocam o Brasil em situação de desvantagem em relação aos vizinhos da América do Sul", disse Indre Medeiros, consultora da Mercer.

Fonte: Mercer, BBC Brasil.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "As melhores cidades do mundo para se viver (e porque as brasileiras estão mal colocadas)" 24 Mar 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/867803/as-melhores-cidades-do-mundo-para-se-viver-e-porque-as-brasileiras-estao-mal-colocadas> ISSN 0719-8906

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