Ciro Pirondi

Ciro Pirondi é arquiteto e urbanista formado pela Universidade Braz Cubas e doutorado pela Universidade Politécnica da Catalunya, com escritório próprio desde 1983. É diretor da Escola da Cidade e Diretor Executivo da Fundação Oscar Niemeyer.

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Brasília: uma arquitetura Social

Brasília não necessita de defesa. Sua realidade se impõe acima de qualquer discurso. Como escreveu Paulo Leminski, em seu Catatau: Brasília – alegria dos mapas.

Nestes tempos sombrios de nosso país, retoma-se a crítica sobre a inoportunidade, ou o erro, da transferência da capital do Rio de Janeiro para o cerrado do planalto central. Argumento conformista, com pretensão avant-garde, no qual se pretende estabelecer paralelo entre o desmonte da cidade do Rio de Janeiro e a mudança da capital.

A poeira da memória nos faz esquecer os embates e revoltas com a mudança da capital da Bahia para o Rio, também na ocasião considerada um erro. Junto com o deslocamento para o novo e belo recinto da baía da Guanabara, veio também o sistema escravocrata e a naturalização da violência, implícita em sua organização. O paralelo é possível entre Rio-Brasília e Bahia-Rio. A arquitetura ou o novo recinto geográfico não significa uma mudança das formas de organização ou gestão de uma sociedade.

O ensino da arquitetura ou a crise silenciosa / Ciro Pirondi

* O artigo foi publicado originalmente no segundo número da revista PRUMO, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) da PUC-Rio, cujo tema é o Ensino da Arquitetura.

Não me seduz a visão na qual, para apontar possíveis alternativas para um problema, necessariamente ressaltemos defeitos, erros ou crises insolúveis.

Aproximo-me mais daqueles que, com consciência das carências da sociedade brasileira, trabalham produzindo alternativas ora com acerto, ora com menos acerto. Talvez seja uma visão otimista de um desinformado.