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Arquitetos: Spirale Arquitetura
- Área: 2500 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Carolina Salviano
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto teve como embasamento o Plano de Manejo – Programa de Proteção, Planejamento e Gestão para Estação Ecológica do Jardim Botânico (ESEC-JB), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento Washington, DC, 2008-2009 e o Plano Diretor do Jardim Botânico de Brasília, 2009; das quais também participamos como consultores. Recebeu em 2016 o prêmio Green World Award com o projeto e obra do Cerratenses: Centro de Referência do Cerrado, na categoria ambiente construído, concedido pela The Green Organization, entidade ambientalista britânica que premia iniciativas e obras sustentáveis públicas de todo o mundo.
O objetivo foi projetar um espaço eficiente, de baixo impacto ambiental, por meio da incorporação das características naturais que ajudassem as pessoas a se sentirem confortáveis e inspiradas, realmente vivas e envolvidas pelo lugar. Como consequência, foi criado um espaço restaurador, que se assemelha a um oásis no meio da secura do cerrado, de acordo com a opinião dos usuários. Espaços restauradores são aqueles que permitem a renovação da atenção direcionada e, consequentemente, a redução da fadiga mental.
Cerratenses é um espaço multiuso construído dentro do Jardim Botânico de Brasília em área de Cerrado típico e preservada. Sua planta baixa foi concebida de forma orgânica em espiral escalonada, a partir de blocos de diversas alturas (cobertura escalonada em leques), com o coroamento configurado como um mirante no qual se vislumbra a paisagem da Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília.
A forma em espiral não possui apenas finalidades estéticas: sua configuração orgânica altera o estado emocional dos usuários, implicando na indução à aproximação e à permanência ao ambiente. Além disso, se configura em um circuito para visitação de todos os ambientes de exposição e permanência. A não existência de pontos cegos gera uma sensação de segurança, uma vez que o espaço se encontra em área natural preservada, importante para que os usuários possam relaxar e permanecer por mais tempo.
O primeiro pavimento possui varandas, espelho d´água, áreas de exposição, salas para oficinas, banheiros, lanchonete e um pequeno auditório circundado por uma rampa que leva ao primeiro andar. No andar superior, encontram-se o mirante, também utilizado para eventos, o bloco administrativo, os banheiros e a biblioteca.
Acreditamos que as primeiras decisões arquitetônicas são as mais importantes e, por isso, levamos em consideração a análise bioclimática do local desde os primeiros traços do projeto. Segundo Maciel (2006), a avaliação das principais considerações, influências e práticas relacionadas à definição do partido geral são fundamentais para uma integração de estratégias bioclimáticas e de eficiência energética ao projeto arquitetônico.
Toda a estrutura do edifício é montada a partir de pilares de eucalipto autoclavado de reflorestamento. O projeto se utiliza ainda das seguintes soluções:
- Ventilação cruzada com grandes aberturas;
- Controle da radiação solar proporcionado pelo sombreamento dos beirais e brises;
- Iluminação natural difusa em todos os espaços proveniente das aberturas laterais sombreadas e das aberturas zenitais formadas pelo escalonamento dos telhados em leque.
- Isolamento térmico da cobertura por meio de telha termoacústica tipo “sanduiche”;
- Resfriamento evaporativo proveniente do espelho d’água e vegetação central, que incrementa a umidade relativa do ar e ameniza a temperatura do espaço interno;
- Inércia térmica no auditório;
- Captação de água pluvial pela cobertura;
- Tratamento de efluentes por meio de bacia de evapotranspiração e círculo de bananeiras;
- Estrutura em madeira de reflorestamento, que produz pouco resíduo e estoca carbono.