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Arquitetos: maisam architects
- Área: 1100 m²
- Ano: 2001
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Fotografias:Osman Hakouz

A casa desta arquiteta, concebida para sua família, marca um ponto de inflexão em sua vida e carreira — um momento de reflexão pessoal e espiritual. Com 1.100 m2, ela repousa em um terreno de 7.000 m2, entre colinas de carvalhos e paisagens serenas, a oeste de Amã. O projeto, simples e ao mesmo tempo sofisticado, se estrutura a partir de uma sucessão de complexidades e contradições, articuladas por uma intrincada sobreposição de progressões espaciais: interior e exterior, público e privado.

A composição foi intuitiva e espontânea, simbolizando o nascimento, a existência efêmera e a vida além. Ela é traduzida em uma sequência espacial que inicia na entrada–base com vistas imponentes do terreno pitoresco e culmina em uma oliveira, a “árvore da vida”, acompanhada por uma vista distante de Jerusalém. A casa é contemporânea em sua linguagem, mas enraizada na identidade local ao acolher simbolicamente o conceito de vila, configurando uma série de espaços agrupados em torno dessa “jornada espiritual da vida”.



O principal elemento espacial e organizador da casa é um corredor de 30 metros que se prolonga por todo o volume, abrigando os diferentes ambientes de jantar, estar e convivência. O projeto dialoga com o contexto ao reinterpretar os conceitos de superfície, solo e cobertura. As superfícies tornam-se livres, formando terraços utilizados como espaços para “habitar”, enquanto as paredes reintroduzem a noção modernista de espaço aberto, preservando, ao mesmo tempo, os valores locais de privacidade e recolhimento.

Esse projeto atento ao contexto — por meio da integração harmoniosa com o terreno e a folhagem circundante, e do uso de superfícies revestidas com pedra local e reboco — culmina em uma forma leve, porém dotada de uma presença silenciosa.

O projeto é, sem dúvida, considerado uma mudança de paradigma no design de casas contemporâneas na Jordânia, que não apenas desafia as normas existentes, mas reinventa as organizações espaciais entrelaçadas com o uso de tecnologia e a utilização da luz natural. A casa é marcada por diferentes espaços e experiências de contemplação, que vão do público ao semi-público e ao privado, como a base de entrada, a ala familiar no nível superior (inspirada pelos sótãos das casas de vila nas regiões norte da Jordânia, de onde a arquiteta é originalmente).


A casa representa uma interpretação pessoal da fé refletida no ambiente construído, onde não apenas a "habitação" e sua abordagem minimalista ao design se tornam um símbolo da efêmera jornada da vida, mas também se transforma em um lugar de reflexão pessoal, cura espiritual, autocrítica e avaliação.






















