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Arquitetos: André Braz Arquitetura, André Motta Vieira
- Área: 290 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Evelyn Muller
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Fabricantes: Botteh, Calu Fontes, Demilr Fernandes, Demilr Fernandes, Fubá e Famiília, Guará Planejados, Guará Planejados, Leva Oficina, Projeto Sertões, REKA, Suvinil, Tokstok, Unknown (Removed), Zezinho Basílio, Zezinho Basílio, Zezinho Basílio

Descrição enviada pela equipe de projeto. Heloísa e Leonardo, com fortes laços familiares em Calambau (Presidente Bernardes, MG), desejavam morar na zona rural, mas concluíram que a cidade seria mais acolhedora e prática. Após quatro anos buscando uma casa na praça principal, encontraram o imóvel e procuraram o escritório. Participativos e detalhistas, valorizam rituais de bem-estar e afeto, o que orientou a criação de um ambiente harmônico e cheio de memória.

O programa incluía sala ampla, quatro quartos, três suítes, banheiro social, copa/cozinha integrada, lavanderia, jardim com garagem-pergolado, caixa d'água, churrasqueira, forno de quitanda, áreas de estar, piscina, galpão, orquidário, fogueira, oratório, pomar, horta e cerca-viva. A casa original de 140 m², provavelmente do fim do século XIX, tinha organização típica: sala frontal com dois quartos laterais; segunda sala também com dormitórios nas laterais; sala de jantar como primeiro anexo, ligada ao banheiro, cozinha e despensa; e, ao fundo, uma varanda posterior, segundo anexo.



Mantiveram-se as fachadas frontal e lateral, e preservou-se ao máximo a divisão interna para evitar reforços estruturais, embora grande parte da madeira precisasse ser substituída. O layout resultou de um pedido dos clientes e solucionou bem a relação da casa com a praça. A sala frontal funciona como filtro da vida urbana e espaço para descanso. Um corredor liga a sala à cozinha, revelando desde o início a vista do jardim; ao longo dele ficam os quartos, silenciosos. A nova cozinha criou um pátio que trouxe mais privacidade à suíte. A cozinha ampliada conecta-se à varanda e ao jardim por grandes aberturas de vidro.


Lolo, museóloga, desejava resgatar elementos originais sem criar falsos históricos. Técnicas tradicionais encontradas na região — taquara, marcenaria e serralheria locais — foram incorporadas. O estilo nasceu do diálogo entre práticas antigas e necessidades contemporâneas. Referências a projetos no Brasil e no exterior influenciaram o processo, reforçando a convivência entre peças antigas, novas e reinterpretadas. O projeto equilibrado uniu restauração com materiais compatíveis e adições contemporâneas discretas. As intervenções novas, como a cozinha aberta e a edícula no topo do terreno, contrastam com o antigo sem competir com ele. A edícula, de linguagem simples e industrial, dialoga com a casa pela forma e cor, e se integra à paisagem.


O terreno tem acesso por duas ruas com desnível de 13,2 m. A escadaria foi criada seguindo o relevo natural, sem cortes, formando patamares que abrigam gazebo, horta e pomar. O paisagismo foi definido pelos moradores, priorizando espécies funcionais e afetivas, desde o salgueiro chorão que sombreia a varanda ao corredor de dracenas já existente, preservado para privacidade. Plantas de folhagem densa foram usadas nas bordas, reforçando profundidade junto às paredes verde-escuras.


Na materialidade, destaca-se o forro de taquara e a estrutura aparente nas áreas sociais, o adobe exposto na fachada e cozinha, pisos de madeira de demolição e nova peroba mica, barrados de pintura nos quartos e forros em "saia e camisa". A serralheria foi feita sem alumínio, criando grandes vãos envidraçados. Na cozinha, piso de madeira, taquara e cimento queimado reforçam aconchego. Cobertura metálica sanduíche foi usada na ampliação e na edícula, conectadas pelo telhado bem definido e cor verde.

A iluminação prioriza conforto, com luminárias decorativas e pontos focais, mesclando peças antigas, contemporâneas e naturais.

















































