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Arquitetos: Eletres Studio, Pablo Paradinas Sastre
- Área: 100 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Sergi Villanueva, Pablo Paradinas Sastre + Eletres Studio

Descrição enviada pela equipe de projeto. O Pavilhão 100 metros lineares se insere na paisagem dos cultivos valencianos como uma linha sutil e evocativa, construída a partir da repetição rítmica de um pórtico reinterpretado. Inspirada nas tradicionais estufas de madeira que, por gerações, sustentaram o cultivo de tomates na região, a estrutura se atualiza por meio do uso de tubos de aço — um material contemporâneo, reciclável e reversível que preserva a leveza e a honestidade construtiva do original.

A proposta estabelece um diálogo entre a memória agrícola e a arte contemporânea, articulando uma linha de 100 metros que não impõe uma forma fechada, mas ativa o território por meio de um gesto mínimo, porém potente. Essa linha, construída pela repetição quase musical do módulo, não apenas convida a percorrer, mas também a olhar, habitar e escutar a plantação.



A cobertura têxtil, leve e flutuante, introduz um segundo plano de leitura: o das sombras e da atmosfera. Os tecidos tensionados entre os pórticos produzem um jogo de luz e sombra que remete aos ritmos do cultivo, às proteções sazonais e aos cuidados cotidianos do campo. Não se trata de uma cobertura funcional, mas simbólica: uma evocação do trabalho, do abrigo e dos longos tempos da paisagem agrícola.


O projeto compreende que a preservação do território agrícola não se limita à conservação de sua materialidade, mas envolve reativar seu imaginário por meio de uma leitura contemporânea. Reinterpretar as estruturas agrícolas não é apenas um gesto formal, mas uma forma de trazer ao presente um modo de vida ameaçado pela pressão urbana, pelo abandono do campo e pela crise climática. Assim, o pavilhão se converte em uma ferramenta crítica e poética para recuperar a relação emocional e sensorial com o território.


A partir de seu caráter reversível e de sua pegada ecológica mínima, a instalação propõe um marco de contemplação e releitura da paisagem. Convida a comunidade a percorrê-la, habitá-la e apropriar-se dela sob um olhar renovado. Longe de impor-se, a intervenção acompanha: funde-se aos sulcos, segue a direção da irrigação e se deixa atravessar pelo vento, pelo sol e pelo tempo.

O projeto, com seus 100 metros lineares, busca reativar a memória patrimonial por meio da fragilidade, da leveza e da repetição. Ergue uma ponte entre tradição e inovação, entre o gesto agrícola e o gesto artístico, entre o que fomos e o que ainda podemos ser enquanto comunidade vinculada a um território em transformação.




























