
-
Arquitetos: BUZZ/ Büro Ziyu Zhuang
- Área: 400 m²
- Ano: 2024
-
Fotografias:Yumeng Zhu, Archi-Translator

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está situado na cidade de Zhangjiakou, China. Seu conceito parte da transformação delicada e da regeneração funcional de uma ponte de concreto abandonada no local. Tendo a “miragem” como metáfora, o projeto — respeitando a memória do lugar — cria uma forma espacial que evoca simultaneamente desaparecimento e transitoriedade, por meio de estratégias de baixa intervenção, estabelecendo uma coexistência dialética entre arquitetura e natureza, tradição e modernidade.


O projeto busca, antes de tudo, reconstruir a ordem visual para resolver o problema da ponte original, que dividia a paisagem entre céu e terra. O novo volume adota um pavimento elevado e um sistema de cobertura leve, assumindo uma postura flutuante que elimina a sensação de opressão sobre o solo. Ele se estende ao longo da textura ondulante dos campos de trigo, revelando uma presença quase invisível. O reflexo espelhado da fachada envidraçada e a ressonância dinâmica das molduras brancas desfazem a fronteira entre arquitetura e paisagem, transformando a casa em uma grande instalação espacial integrada à mata e promovendo uma integração orgânica com o local.



O sistema externo "pixelado" constitui uma estratégia essencial para equilibrar o volume edificado e a ressonância de texturas. A fachada envidraçada garante transparência espacial, enquanto as molduras metálicas brancas em múltiplas camadas suavizam as arestas, decompondo seu volume em um conjunto de linhas virtuais. Essa solução não apenas ecoa a natureza "pixelada" dos campos de trigo e dos botões de flores na vegetação, como também atua como um “marco espacial”, conectando a vegetação em escala macro à vida cotidiana em escala micro. Ao mesmo tempo, dissolve visualmente o peso dos pilares da ponte original, incorporando-os ao ambiente como parte do todo. À noite, com a iluminação linear acesa, o volume se transforma em um aglomerado de pontos luminosos que repousa sobre o horizonte, preservando a atmosfera da paisagem noturna selvagem.


O projeto respeita integralmente a memória do local e a experiência dos usuários, preservando a estrada original sob a ponte para que os moradores mantenham suas rotas tradicionais de deslocamento e, assim, a continuidade material da memória rural. A variação gradual da altura da laje do piso correspondente à ondulação do terreno e dos campos de trigo em ambos os lados, cria uma diversidade de espaços — alguns tão amplos quanto a mata, propícios a encontros e contemplação de paisagens distantes; outros tão suaves quanto encostas gramadas, permitindo interação próxima com os cultivos de trigo e cenas cotidianas, como uma pausa para café. Essa intervenção mínima desperta a memória dos usuários sobre o lugar e promove conforto emocional.


O projeto traduz profundamente a cultura nômade e os atributos de mercado da região, definindo o ciclo de vida da edificação com adaptabilidade e mobilidade. O interior integra múltiplas funções, como exposições culturais e criativas, café e refeições leves, e terraços na cobertura. Nos finais de semana, ele abriga atividades transitórias como mercados de campo e exposições de arte; após os eventos, o espaço retorna à tranquilidade com funções básicas mantidas.



Essa alternância entre movimento e quietude transforma a edificação em um contêiner flexível para encontros efêmeros. Por meio de construção leve, texturas e uma narrativa em camadas, o equipamento devolve vitalidade a um espaço abandonado, integrando-se à dialética entre transitoriedade e permanência, e tornando-se um elemento arquitetônico capaz de interpretar o espírito contemporâneo da região.








































