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Arquitetos: Mestizo Estudio Arquitectura
- Área: 45 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Punto Dos Studio, Andrés Villota, Francesco Russo

Descrição enviada pela equipe de projeto. O sonho de preservar o que foi e o que ainda é, como um gesto de respeito e bom presságio para com a Mãe Natureza, é o ponto de partida que inspira o compromisso de seu proprietário, Pablo. A poucos quilômetros do povoado central de El Calvario, na província de Pastaza, Equador, a família de Pablo decidiu embarcar em um projeto capaz de proporcionar uma experiência lúdica e autêntica — um refúgio pensado para o descanso, o relaxamento e a conexão direta com o ambiente natural da Amazônia.


Dentro do lote familiar, em uma área aproximada de 2,5 hectares, Pablo deseja que o espaço destinado ao projeto se estabeleça ao sudeste — um ponto de convergência onde a vida selvagem se aproxima e se integra harmoniosamente ao entorno. Os recursos disponíveis da família, tanto materiais reciclados — como tubos metálicos provenientes da indústria petrolífera, malhas eletrossoldadas e ripas — quanto elementos naturais, como rochas, madeiras e bambu, orientam as atividades e definem o caráter construtivo do projeto.


A revalorização da cultura ancestral, o senso comum e a consciência do território que habitamos nos conduzem a integrar os aprendizados contemporâneos com a ação e a lógica vernacular, manifestando-se em uma arquitetura guiada pelas mãos.


A pousada se dispõe de forma horizontal, cercada por uma exuberante selva. Ali, sob um gesto de proteção e respeito, busca-se que a imponente árvore de Pigüé, que habita o local, continue exercendo seu papel de guardiã — agora integrando-se à construção, em uma coexistência consciente com o habitat natural. Sua estrutura principal é composta por uma sequência de pilares feitos com tubos metálicos reciclados, permitindo preservar a infraestrutura diante da umidade, proteger e salvaguardar os olhos d’água, favorecer a instalação de biofiltros para o tratamento das águas residuais e criar espaço para a regeneração natural da vegetação arbustiva que sustenta o talude.

Sua envoltória é composta por materiais naturais e reciclados. Rochas fragmentadas, dispostas e contidas em estruturas de malha eletrossoldada, formam a parede principal; elementos de madeira e painéis de vidro definem as áreas de serviço e descanso, enquanto o bambu, utilizado no revestimento do teto, acrescenta leveza e textura. Essa composição permite uma relação contínua com o ambiente natural exterior, ao mesmo tempo em que assegura conforto térmico e ambiental no interior.

Seu telhado se projeta de forma a garantir proteção contra as fortes chuvas e ventos da região. A árvore de Pigüé atravessa a cobertura com delicadeza e respeito, permitindo que seu tronco permaneça úmido e, assim, conserve o microssistema biótico que lhe dá vida.

Essa proposta revela possibilidades conscientes de intervir em ambientes naturais sensíveis, reconhecendo e reinterpretando as potencialidades do lugar. Trata-se de uma hospedagem imersa na selva amazônica equatoriana, onde, em seu interior, habita uma árvore de Pigüé — presença que traz e atrai a vida ao seu redor.























