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Arquitetos: FATHOM
- Área: 189 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Tatsuya Tabii
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Fabricantes: FLOS / STRING LIGHT SPHERE HEAD, MARUNI / lightwood papercode

Descrição enviada pela equipe de projeto. Sa_Yu, localizado em um terreno ondulado na cidade de Kure, Hiroshima, é um projeto arquitetônico que redefine a própria noção de habitar ao sobrepor duas camadas temporais — renovação e ampliação. Começando pela renovação de uma casa de madeira de um andar com 70 anos e seguida pela adição de um novo anexo comunitário nos fundos do terreno, o projeto evolui de uma residência privada para uma arquitetura das relações, onde pessoas, espaços e tempo se entrelaçam de forma delicada.

Segmentação e Conexão / Construindo um Novo Estilo de Vida – No lado da renovação, o processo começou traçando e interpretando a história sobreposta das ampliações e alterações anteriores da casa existente. Após a desmontagem seletiva dessas camadas em pontos-chave, um vazio de concreto armado foi inserido verticalmente para conectar o pátio à entrada, criando um ato ousado de segmentação. Aqui, os quartos privados, o anexo LDK, o vazio de concreto e o novo anexo comunitário existem de forma independente, mas permanecem organicamente conectados por luz, vento e circulação. Essa segmentação não é uma simples separação funcional, mas sim uma proposta de novo modo de viver — que respeita a distância psicológica e, ao mesmo tempo, permite que momentos privados e compartilhados se desenrolem de forma contínua.


Anexo LDK (Renovação) / Um Espaço para Reescrever a Vida Cotidiana – Como coração da casa, o anexo LDK funciona como uma plataforma para repensar como a vida diária pode ser organizada. Eletrodomésticos grandes, como geladeira, televisão e coifa, são revestidos sob medida em madeira e aço, integrando-os à arquitetura como roupas feitas sob medida — reduzindo ruídos visuais sem comprometer a função. Na área de jantar, as vigas originais expostas encontram um teto recém-construído, unido por uma única luminária de cabo preto suspensa em dois pontos. O fio traça a passagem do tempo, destacando um diálogo silencioso entre a madeira antiga e a nova construção.


O piso da sala de estar é ligeiramente rebaixado, permitindo que se sente naturalmente ao longo da borda contínua do chão. Essa sutil mudança de nível cria uma atmosfera calma e acolhedora, enquanto a janela fixa voltada para o oeste transmite suavemente os sons da rua. Do pátio interno, a vegetação exuberante se aproxima de forma íntima — uma abertura voltada para dentro que contrasta com o exterior fechado. Vista da posição sentada, a interação entre a luminosidade externa e a sombra interna se funde suavemente, produzindo uma sensação de conforto única neste lugar.

Vazio de Concreto (Renovação) / Um Núcleo que Conecta Luz e Tempo – Inserido entre os anexos LDK e privados, o vazio de concreto funciona como o núcleo central que liga toda a residência. Dois claraboias sem moldura e uma grande abertura para o pátio permitem a entrada de luz difusa, refletindo suavemente no concreto exposto — um elemento contrastante dentro da estrutura de madeira.

Em certos momentos, o banco de acrílico de 65 mm na entrada capta a luz que entra pela fenda da claraboia, transformando o espaço em um refúgio sereno que lembra suavemente a passagem do tempo. O vazio não é um corredor nem um pátio, mas uma “margem” mediadora que dissolve dualidades — dentro e fora, solidão e convivência, quietude e movimento.


Cada limite segmentado possui divisórias móveis, permitindo que a configuração da casa se adapte de forma flexível às estações ou atividades. Por exemplo, abrir completamente a entrada e o pátio separa os anexos, ao mesmo tempo que cria uma continuidade semiaberta com o exterior; por outro lado, fechá-los unifica o interior em um único espaço contínuo, transformando o vazio em um elemento de conexão entre zonas. Essa adaptabilidade transcende a noção fixa de planta, incorporando uma arquitetura contemporânea que permite reescrever a própria vida de acordo com o estilo de cada morador.

Anexo Comunitário (Ampliação) / Arquitetura que Expande a Vida para Fora – O anexo comunitário, construído sobre base de concreto armado e estrutura de aço, estende o novo núcleo doméstico para o mundo exterior. Substituindo o antigo celeiro, o terreno foi escavado em forma triangular, seguindo o contorno da colina, formando uma estrutura semi-subterrânea que se acomoda no relevo.


No interior, uma grande mesa de recepção corre ao longo da parede de concreto, acompanhada de bancos entalhados que recebem os visitantes por meio dos próprios elementos arquitetônicos. Subindo a escada em espiral, chega-se a um espaço comunitário de dois andares, onde camadas de atividade se desdobram verticalmente — interseccionando topografia, estrutura, luz e movimento humano, à medida que a vida cotidiana se expande gradualmente para fora.

O exterior é revestido com placas de fibrocimento pintadas de prata, com juntas propositalmente expostas. Em vez de escondê-las com selante, as calhas são integradas às juntas, solucionando o escoamento da água e evidenciando a profundidade do material. Uma parede diagonal inserida no lado sul — marcando a junção entre antigo e novo — refrata a luz de maneira diferente ao longo do dia, fazendo a fachada variar seu tom conforme o clima e o tempo. Essa superfície dinâmica permite que a estrutura inorgânica respire, conectando suavemente a nova adição à casa renovada.

Anexo Privado (Renovação) / Projetando a Quietude por Meio da Vista e do Material – O anexo privado modula cuidadosamente sua relação com o exterior. Persianas integradas à parede permitem o controle ajustável das aberturas e linhas de visão, alterando diariamente a densidade de luz e sombra. O ângulo oblíquo das persianas projeta sutis sombras sobre as paredes de reboco liso, conferindo ritmo e serenidade à fachada. Esse gesto diagonal ecoa a parede inclinada do novo anexo comunitário, unindo visualmente estruturas de épocas e técnicas construtivas distintas.


Rumo a uma Arquitetura que Reescreve a Vida – O objetivo deste projeto não foi apenas restaurar uma casa antiga, mas renovar o próprio ato de habitar. Vidas privadas e comunitárias se entrecruzam; interior e exterior, domínios pessoal e público se conectam por gradientes em vez de fronteiras. Sua composição apresenta uma nova possibilidade de arquitetura — segmentada, mas contínua. Ao reinterpretar a estrutura existente e inserir novos espaços, atividades humanas e tempo se entrelaçam no tecido arquitetônico.

Sa_Yu abraça a coexistência dentro das oposições — passado e futuro, fechamento e abertura, individual e coletivo. Por meio das duas fases distintas, mas interligadas, de renovação e ampliação, a residência transcende seu papel anterior de abrigo familiar. Ela se torna um instrumento que suavemente desfaz e refaz relações entre pessoas, espaços e tempo. Em última análise, a arquitetura aspira a ser mais que um recipiente — um meio para reescrever o modo de viver.






















