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Arquitetos: m3architecture
- Área: 5266 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Christopher Frederick Jones

Descrição enviada pela equipe de projeto. A Instalação Plant Futures apoia pesquisas dedicadas à produção sustentável de alimentos, fibras e combustíveis, em resposta às mudanças climáticas e ao crescimento populacional. Concebido como um “jardim murado”, o edifício traduz essa ideia tanto em sua tipologia quanto em sua materialidade — construído em tijolos dispostos em um padrão pixelado que faz referência à seção geológica de Queensland. De longe, o edifício se assemelha a um muro de pedra; de perto, revela uma fachada minuciosamente detalhada. Internamente, a combinação de luz, cor e painéis espelhados reflete os sistemas de controle ambiental das salas de cultivo, criando sutis distorções na percepção e na experiência espacial. A instalação é, simultaneamente, uma ferramenta de pesquisa de alto desempenho e uma afirmação arquitetônica contextual e culturalmente ressonante.


Para atender à demanda do cliente por um centro de pesquisa de padrão internacional, o edifício abriga uma série de ambientes altamente técnicos e controlados — como salas climatizadas, câmaras de cultivo e estufas na cobertura —, além de laboratórios, escritórios, áreas de armazenamento e serviços. As salas e câmaras de controle ambiental, juntamente com as estufas, formam o núcleo do projeto e são capazes de reproduzir com precisão qualquer condição climática, de forma controlada, mensurável e repetível.


Do ponto de vista funcional, o edifício atua como um “hotel para plantas”, onde pesquisadores reservam salas especializadas por períodos específicos de estudo, e também como um grande recipiente de cultivo — um verdadeiro “jardim murado”. O planejamento é modular e altamente eficiente, estruturado a partir do tamanho de um vaso padrão de cultivo (8 vasos = 1 bandeja, 5 bandejas = 1 carrinho, 6 carrinhos = 1 sala pequena de cultivo, e assim por diante). Dessa forma, a instalação é voltada à pesquisa, com eficiência rigorosa e capacidade de adaptação. Na seção, os espaços de serviço foram reposicionados das laterais para o topo das salas de cultivo, liberando área para futuras expansões. Esses volumes de pé-direito duplo concentram as instalações técnicas diretamente sobre cada sala, permitindo a separação entre os ambientes controlados e as áreas de manutenção, o que favorece a limpeza e o isolamento. O edifício está implantado em uma zona de transição entre grandes equipamentos universitários, edifícios de serviços e residências menores. Nesse contexto predominantemente de alvenaria, o projeto atua como mediador entre diferentes escalas e usos, não como um simples preenchimento urbano, mas como um elemento ativo que conecta e costura o conjunto.



Uma das principais inovações do projeto é o uso de pisos técnicos intersticiais leves e transitáveis. Neles estão instalados todos os sistemas mecânicos que atendem o pavimento inferior, permitindo manutenção completa sem acesso às áreas controladas — o que aumenta a biossegurança e a eficiência operacional. Essa solução elimina a necessidade de compartimentação corta-fogo entre zonas técnicas e áreas de pesquisa. Em substituição às lajes de concreto, são utilizados painéis isolantes de 150 mm de espessura, reduzindo tempo e custo de construção, além do peso estrutural. Ao empilhar verticalmente as funções e reduzir a área ocupada, o projeto preserva terreno para futuras expansões da universidade. A baixa ocupação humana permite classificações de incêndio mais simples, reduzindo o uso de materiais e simplificando a conformidade técnica. Estudos avançados de engenharia de incêndio também possibilitaram o uso de plexiglas nas estufas — em vez do vidro laminado —, ampliando a entrada de luz solar e garantindo segurança. O sistema de climatização é distribuído por dutos transparentes de plexiglas, evitando sombreamento sobre as plantas. O resultado é uma instalação de pesquisa altamente eficiente e adaptável — um dos poucos fitotrons da Austrália — que amplia os limites da infraestrutura científica por meio de planejamento estratégico, engenharia de incêndio e controle ambiental.

A instalação oferece suporte essencial a pesquisas de impacto real, voltadas ao desenvolvimento de sistemas agrícolas que consomem menos água e prosperam em diferentes condições de solo e clima. Assim, consolida-se como uma peça-chave na busca por soluções para um dos maiores desafios contemporâneos: garantir a segurança alimentar sustentável em um mundo em transformação. O projeto foi desenvolvido em paralelo ao programa “Campuses on Countries: Aboriginal and Torres Strait Islander Design Framework” e à política de engajamento com povos originários da Universidade de Queensland. Uma paisagem interpretativa indígena conecta o edifício ao território, assegurando que os sistemas de conhecimento tradicionais sejam integrados de forma visível e respeitosa à experiência do campus. Todas as decisões de projeto foram guiadas por princípios de sustentabilidade ambiental.

O planejamento modular reduz o desperdício de materiais e garante flexibilidade para futuras adaptações, enquanto o volume compacto preserva o solo do campus. O uso inovador de painéis isolantes e materiais leves reduz o carbono incorporado, e a baixa presença humana minimiza o consumo energético durante a operação.











