
-
Arquitetos: Presente Estúdio
- Área: 470 m²
- Ano: 2024
-
Fotografias:Cristiano Bauce

Descrição enviada pela equipe de projeto. Para um terreno de esquina, o partido arquitetônico adotado foi uma planta em "L". A solução tinha objetivos claros: aproveitar as melhores orientações solares para as diferentes zonas da casa e gerar um jardim interno totalmente privativo ao lote.


Outra questão muito cara ao projeto era a proteção do cotidiano doméstico e privacidade dos moradores, sobretudo pela exposição natural de um terreno de esquina, mas também pelo fato do lote facear a única via pública do condomínio. Em resposta a estas demandas, planos passaram a delimitar as faces externas da casa.

Descolados entre si e observando os ângulos do terreno, estes planos representam a essência do projeto ao explorarem as sutilezas visuais e espaciais que existem entre os opostos de opacidade x hipervisibilidade. Neles, o caráter tradicional de um material muito convencional – o bloco cerâmico – desaparece.

Na esquina, a região mais pública da casa, a transição entre exterior x interior é acompanhada pela transparência dos tijolos que se fecham suavemente e acolhem o visitante. As faces opacas, gradativamente, voltam a se desmaterializar frente às principais esquadrias da fachada sul: permite-se entrada de luz natural, mas a visibilidade do interior segue preservada.

Apenas um rasgo interrompe as transições delicadas desta fachada. O plano recuado em madeira ampara duas fendas de iluminação direta na área social da casa e sinaliza um ponto focal do projeto de interiores. Com os planos em transparência, cria-se uma ambiência misteriosa, que opera entre deslumbrar e confundir, revelar e proteger.

A luz, seja ela natural ou artificial, é posta em serviço do enigmático e cria-se uma estética que é também psicológica, além de visual. Toda essa atmosfera de sedução através de sutilezas é completa pela suspensão da casa em relação ao solo: toda a fachada lateral da residência está solta do solo, flutuando sobre o jardim.


O jardim, que trabalha como plano de fundo na fachada lateral, destaca-se na fachada frontal ao exibir espécies arbustivas em primeiro plano. O arranjo formal é orgânico, em harmonia com a natureza das espécies campestres que se espalham pelo gramado. Este conjunto, na proximidade do toque, valoriza as texturas, aromas e nuances de cores entre as espécies; à distância, gera uma paisagem coesa e vibrante.

Internamente à pele dos tijolos, na fachada frontal, os planos em madeira abrigam todos os acessos da residência. Acessos de serviço e de veículos são cheios, opacos e discretos, enquanto o principal – o acesso social, é um vazio, um pórtico atraente. As luzes que atravessam o pergolado em concreto conferem caráter cênico durante as horas ensolaradas do dia.

Cria-se, desta forma, um percurso de gradativa compressão pelo hall externo, que atinge o ápice no momento do acesso, e logo volta a se descomprimir na área interna, ampla e integrada, com grandes aberturas ao pátio interno.




















