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Arquitetos: Florian Busch Architects
- Área: 91 m²
- Ano: 2025

Descrição enviada pela equipe de projeto. LOCAL I – O projeto começa sem um local definido. O cliente, que vivia em um pequeno apartamento no meio de Tóquio, deseja se mudar. A ideia é conseguir um terreno considerável a uma hora de trem de Tóquio. O arquiteto é contratado como consultor para garantir que o lugar seja adequado para fazer algo interessante. Juntos, eles visitam vários locais em Kamakura. Começam algumas semanas frustrantes. Os locais que visitam juntos são muito pequenos ou muito caros. Ou ambos. Nada resulta disso.

LOCAL II – Depois de muitos meses, o cliente escreve um e-mail. Ele comprou um terreno. Em uma localização completamente diferente. Desvantagem: três horas de Tóquio. Vantagem: muito maior do que os que havíamos analisado. Quando visitamos o local juntos, descobrimos que ele havia adquirido mais de seis mil metros quadrados de uma encosta de montanha na Península de Izu. A paisagem se abre diante de nós, vastíssima e indomável. Em dias de céu limpo, é possível avistar, de longe, Kamakura — a cidade onde este projeto começou. No entanto, essa visão é rara, um vislumbre fugaz que só se revela por cerca de metade do ano.

VISIBILIDADE I – "Quando a estrada começou a subir e eu pensei que finalmente havia chegado ao Passo Amagi, a chuva veio correndo em minha direção a partir do pé da montanha, tocando a densa floresta de cedros de branco." —Yasunari Kawabata, A Dançarina de Izu (Izu no Odoriko)

Como se para provar as estatísticas meteorológicas, nossas duas primeiras visitas são experiências completamente diferentes.
Estamos em Amagi, cerca de 900 metros acima do nível do mar. No final de uma estrada sinuosa através de uma floresta montanhosa, encontramos o acesso ao local em seu ponto mais alto, ao longo da estrada que demarca sua fronteira sudoeste — depois de ter passado inadvertidamente por sua fronteira nordeste, 34 metros abaixo.

Enquanto descemos por um caminho estreito, chegamos a uma clareira que o proprietário anterior abriu no centro do terreno. Nenhuma nuvem no céu. As vistas são de tirar o fôlego. No centro de um panorama de 120 graus estão duas montanhas: Monte Yahazu e, um pouco à direita, Monte Omuro, conhecido por um ritual ancestral em que suas encostas são queimadas todos os anos, tradição que remonta ao século XIV. Mais além, está a planície de Kanto e o Pacífico.


Quando voltamos algumas semanas depois, mal conseguimos encontrar o local. Mesmo as árvores mais próximas estavam ocultas, invisíveis. O ar nebuloso era quase tangível. Havia uma beleza particular em saber que tudo estava lá em algum lugar, escondido naquela espessa névoa cinza. De certo modo, era ainda mais bonito do que na última vez.

O cliente é um colecionador de arte espartana. Sua mais recente e grandiosa aquisição não está pendurada na parede, mas nos envolve por todos os lados: a paisagem, em constante transformação.
A arquitetura, aqui, deve abraçar o entorno, integrando-se a ele, ao mesmo tempo em que oferece proteção contra os elementos e a inclinação do terreno. A escolha deste local revela algo profundo sobre o cliente: seu desejo de estar sempre próximo do exterior. Ele não quer apenas contemplar a natureza — quer viver "dentro do fora". À medida que nossas conversas avançam, o conceito se cristaliza. Não se trata de criar “salas isoladas em uma casa fechada”, mas sim um espaço contínuo, fluido, onde interior e exterior se confundem. Uma morada que não se impõe sobre a paisagem, mas se deixa moldar por ela — um espaço aberto, incrustado na natureza.

ROCHA-COBERTURA – Propomos um "híbrido rocha-cobertura". Como se alguém tivesse esculpido o interior de uma grande rocha e, por algum motivo, meticulosamente talhado seu topo em um telhado arquetípico, a Casa T é ao mesmo tempo aberta e sólida. A forma do telhado segue tanto as regulamentações locais que estipulam um telhado inclinado quanto a encosta natural do terreno. De uma maneira estranha, os dois lados da inclinação fazem a casa parecer parte da montanha, mas ainda assim se destacar.

VISIBILIDADE II – De ambas as estradas, nada da Casa T é visível. O acesso ao local é pelo ponto mais alto ao sul. À medida que descemos pelo caminho estreito, vislumbres através da folhagem revelam mais e mais do telhado até que sua superfície pedregosa se torna tangível. O caminho nos leva ao redor dele. O que parecia uma grande rocha sólida é na verdade completamente oca, seu interior é um espaço contínuo tingido de branco, estruturado suavemente por paredes finas que não alcançam o teto. Estar dentro da rocha esculpida enfatiza a leveza infinita do lado de fora. Talvez ainda mais quando tudo está imerso em uma névoa misteriosa.


























