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Arquitetos: Project Terra
- Área: 100 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:The Space Tracing Company

Descrição enviada pela equipe de projeto. Na pitoresca vila de Khandiya, no distrito de Panchmahal, Gujarat, ergue-se uma nova casa enraizada na terra, na memória e na promessa de mudança. Telhados inclinados de telha, grossas paredes rebocadas com cal, pisos de terra e pátios sombreados sugerem uma morada rural familiar. No entanto, esta residência é uma proposição arquitetônica deliberada — que desafia o binário entre tradição e progresso. A arquitetura rural poderia evoluir em vez de ser abandonada? Será que o design modular pode preencher o crescente abismo entre as comunidades rurais em transição na Índia e as moradias que lhes são oferecidas?


Projetada para um cliente privado, esta casa é um protótipo em funcionamento — não concebida como um revivalismo vernacular, mas como um modelo replicável. Ela recupera a inteligência espacial e material embutida nas práticas rurais e a atualiza para responder aos desafios econômicos, ambientais e sociais contemporâneos.

As aldeias da Índia estão em transformação — famílias menores, propriedades de terra em mutação, aspirações moldadas pela exposição urbana. Ainda assim, a habitação frequentemente se resume a caixas de concreto armado de baixo custo, que ignoram a lógica climática, ou a casas de campo "vernaculares" de boutique, desconectadas das realidades cotidianas. A Casa da Nostalgia ocupa o espaço entre esses extremos. Durável, acessível e adaptável, ela valoriza tanto a permanência quanto a possibilidade.


Seu projeto se fundamenta na modularidade: três volumes interligados — um módulo com telhas de Mangalore e mezanino; um módulo de laje de concreto armado; e um módulo de laje reforçada com bambu, destinado à cozinha e aos serviços. Dois módulos têm cerca de 40 m², conectados por um módulo de 20 m². Uma das alternativas é este projeto em formato de H, com custo de construção de ₹7 lakhs (8.000 USD) por módulo de 40 m². Isso permite uma construção em fases — essencial em contextos onde finanças, mão de obra e terras evoluem gradualmente. Aqui, a modularidade não é um compromisso, mas uma estratégia — permitindo adaptações sem perder a clareza espacial.

As escolhas de materiais são locais: pedra, tijolo, cal, bambu, peças metálicas reaproveitadas e madeira da região. Selecionados pelo desempenho, não pela nostalgia, esses materiais garantem respirabilidade, conforto térmico, economia e durabilidade. A cal mantém os interiores frescos; a alvenaria densa reduz o ganho de calor; o bambu é leve, abundante e econômico. O projeto resiste à tendência rural de adotar casas de concreto em estilo urbano, muitas vezes ineficientes em clima e adaptabilidade, propondo em seu lugar uma “modernidade regional” enraizada na geografia e na estética local.


Sua linguagem arquitetônica — paredes espessas, nichos embutidos, varandas — deriva da lógica rural, regulando o calor, organizando o espaço e fomentando a vida social. O embasamento torna-se uma borda semipública; o mezanino, um refúgio lúdico; e as conexões semiabertas, lugares de pausa. O resfriamento passivo é incorporado à forma, não aplicado como adição posterior.

Em última análise, a Casa da Nostalgia é menos um edifício do que um sistema — um processo adaptável a geografias específicas. Trata-se de replicar uma abordagem: usar recursos locais, projetar para o crescimento incremental e reforçar a identidade regional por meio de um design funcional e discreto. Ela reposiciona a moradia rural como espaço de inovação em vez de deficiência — sugerindo que o futuro não está em importar modelos externos, mas em aprofundar nosso engajamento com o lugar, a memória e os sistemas modulares capazes de carregar adiante o que ainda funciona.






















