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Arquitetos: L-ARA Arquitetura
- Área: 70 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:André Miguel Coronha
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Fabricantes: Atelier Gustavo Bittencourt, Ateliê Curral da Cor, Divinas Gerais, Eliana Maia, Estúdio Trindade, Expedito Pedras, Ladrilhos Joelson Ávila, Marcenaria Baraúna, Semana Criativa de Tiradentes, Vasconcellos Studio
Descrição enviada pela equipe de projeto. Por meio de uma abordagem contemporânea, o projeto traduz a cultura local com materiais autênticos, soluções sensíveis e produção artesanal.

Baseado na cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais, o projeto do escritório partiu de uma premissa essencial: transformar o espaço construído em uma extensão da identidade do lugar e da atuação arquitetônica local. O resultado é um ambiente que dialoga com a cultura mineira por meio de uma materialidade afetiva, soluções espaciais fluidas e um forte vínculo com o fazer manual.



A intervenção foi concebida para otimizar o uso de um espaço com limitações físicas, adotando uma lógica de trabalho colaborativo e fluido. O layout valoriza a ventilação cruzada e a iluminação natural, elementos fundamentais para garantir conforto e qualidade espacial. A planta livre e a ausência de barreiras físicas reforçam a integração entre os setores e promovem uma dinâmica de uso contínua e adaptável.

A setorização é sutil e ocorre a partir de uma combinação entre layout, iluminação e divisórias translúcidas, que delimitam os espaços sem interromper a fluidez visual. A proposta privilegia a experiência sensorial e a percepção ampliada do ambiente, criando zonas de trabalho, convivência e exposição que se sobrepõem e se transformam ao longo do tempo.

Mais do que atender a necessidades funcionais, o projeto se propõe a comunicar o papel do escritório no cenário arquitetônico local, regional e nacional. Nesse sentido, a curadoria de materiais, formas e técnicas adotadas foi orientada por uma reflexão sobre origem, significado e representação. Com exceção das cadeiras e poltronas, todos os elementos foram desenvolvidos e executados na região, reforçando o senso de pertencimento e contribuindo para o fortalecimento da cadeia produtiva local.

Uma base expositiva — uma "caixa areia" — destaca os mobiliários e objetos, estabelecendo um contraste com o piso original em cimento queimado. Essa solução transforma o cotidiano em vitrine, e o uso em curadoria.

O projeto estabelece relações entre matéria e memória, forma e afeto. A porta principal, que combina aço e madeira, simboliza o limiar entre o urbano e o artesanal. Estações de trabalho em madeira de demolição, luminárias em latão e tecido, e superfícies em pedra-sabão e mármore revelam a beleza imperfeita e orgânica dos materiais naturais. Divisórias de madeira e vidro canelado filtram a luz de forma delicada, enquanto armários e prateleiras abrigam objetos e histórias que se acumulam no tempo.

Para ancorar ainda mais o espaço em seu território, uma cuidadosa seleção de peças do artesanato regional compõe o ambiente, costurando narrativas que ligam o fazer manual ao campo simbólico da arquitetura.













