No lugar onde está o museu é a casa da família Yarur Bascuñan, construída entre os anos 1960-1962 e projetada pelos arquitetos chilenos Carlos Bolton, Sergio Larraín, Luis Prieto e Jaime Lorca.
O estilo da casa Yarur Bascuñan transita entre as influências da arquitetura moderna e a retórica vanguardista do arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright. Além disso, podemos considerá-la dentro da tradição minimalista, a qual assume, dentro de seus elementos fundamentais, linhas e espaços de influência japonesa: um grande telhado, beirais estendidos que abrigam espaços amplos e puristas, assim como também um inspirador espelho d’água no acesso.
Encarregado ao escritório AMERCANDA, o projeto museográfico é instalado na casa com estruturas leves e superficiais com o objetivo de conservar a habitação o mais parecida possível com o que se encontrava na época de sua construção.
O desafio de um museu dedicado ao vestuário implicava uma série de imperativos técnicos próprios da temática têxtil. A coleção do único museu da moda da América Latina, que hoje supera os 10 mil artigos entre tecidos, vestuários e acessórios, tem em sua lista peças que datam desde o século V até hoje, e a grande maioria de sensibilidade extrema.
A conservação, ou melhor, a mínima deterioração transformou-se em um dos objetivos principais do projeto de iluminação, evitando assim danos às fibras, plumas, tintas, couros, etc., durante sua exposição. Os critérios de conservação adotados foram do mais alto nível, como aqueles usados para a construção de seis pavimentos subterrâneos de depósitos que já cumpriam os requisitos mais exigentes de conservação do mundo.
O escritório LLD trabalhou desde o início no projeto, optando pela utilização da fibra ótica nas vitrines, já que esta não transmite radiação infravermelha (IR) nem radiações ultravioletas (UV). Este sistema é altamente flexível, já que apresenta uma grande variedade de acabamentos óticos e acessórios intercambiáveis, e permite deixar os geradores de luz fora das vitrines, podendo assim realizar operações de manutenção sem risco para os objetos em exibição. Foram projetadas grandes grelhas técnicas para a distribuição da fibra ótica de maneira eficiente e funcional (miniatura das grelhas técnicas dos teatros) localizadas no interior das vitrines na parte superior, dando uma grande flexibilidade na instalação, já que as luminárias podem ser colocadas em qualquer parte da grelha.
Em relação aos critérios da conservação utilizados, junto com a utilização de fontes de luz sem a emissão de radiações UV e IR, e a manutenção das peças expostas a níveis de iluminação menores a 50 lux, para diminuir ainda mais a exposição das roupas, foi implementado um sistema de obturadores de luz “DMX” situados nos mesmos geradores, os quais acionados com um sensor de presença cortam a iluminação das vitrines quando não há visitantes dentro das salas.
Para cada nova exposição, o LLD desenvolve um projeto de iluminação específico, em colaboração com os museógrafos e curadora Lydia Kamitsis, e é também responsável pelo acompanhamento da execução, orientando e escolhendo cada terminal de fibra ótica com sua lente e filtro apropriados para cada um dos mais de 1.800 terminais de luz.
Estes terminais, no momento de seu ajuste, permitem eleger determinados ângulos de aberturas do feixe de luz entre 5 e 60 graus. Por sua vez, os porta-filtros permitem um controle dinâmico da temperatura da cor ou a possibilidade de agregar uma cor, para assim destacar as cores protagonistas dos vestidos, sabendo que para o aparato visual humano o nível de iluminância de 50 lux, recomendado para peças muito sensíveis, não permite a visão correta das cores. Este sistema de acentuação cromática permite melhorar a apreciação das peças.
Estas condições levam ao desenvolvimento do trabalho em um ambiente bastante escuro, o que implica num período de adaptação do aparato visual humano ao se entrar no museu. Este projeto foi concebido em um cenário de condições de trabalho ótimas com altos padrões de qualidade, e o desenvolvimento do projeto de iluminação aconteceu desde o início do projeto museográfico, permitindo uma integração correta entre museografia, arquitetura e projeto de iluminação, para a obtenção de resultados de excelência.
Hoje, este museu transformou-se num destino turístico de Santiago, e num lugar recomendado para visitantes de norte-americanos a brasileiros.
