Exposição no Sesc Pompeia busca entender os múltiplos ângulos de Lina Bo Bardi

Até o dia 18 de março, o Sesc Pompeia recebe a segunda edição do projeto Plano Expandido, instalação com obras inéditas de Walmor Corrêa, que busca compreender as múltiplas facetas de Lina Bo Bardi.

A obra surge a partir da curiosidade de Walmor em conhecer melhor a arquiteta ítalo-brasileira. “Não sobre sua atuação nas áreas da arquitetura e design, mas refletir e desenvolver um olhar sobre outros aspectos da vida de Lina. A Lina mulher. Como seria essa mulher, suas angústias, seus medos...”, explica o artista.

Para este estudo, Corrêa dividiu a obra em cinco retratos, cinco ângulos diferentes: cognitivo, astrológico, numerológico, jogo de Ifá e grafológico. Para cada divisão, Walmor consultou profissionais consagrados e pessoas que são referência nas áreas para tentar decifrar as características e personalidade que faziam parte da essência de Lina.

No campo cognitivo, Walmor entrevistou um neurologista para saber quais as zonas do cérebro da arquiteta eram mais ativadas. Na instalação, será possível conferir o desenho de seu cérebro com as respectivas áreas apontadas, que estarão acompanhadas de explicações técnicas.

Com base na data de nascimento de Lina Bo Bardi, Corrêa traz para a instalação o desenho de seu mapa astral, no qual aponta os principais planetas. Já, a partir do nome completo de batismo de Lina foi feita a numerologia, destacando o número 8, que significa, entre outras características: força e determinação.

A origem do nome da instalação “Achillina Giuseppina Maria | Bo Achillina | Achillina Giuseppina | Achillina Bo Bardi|Lina Bo Bardi | Lina Bo” refere-se às diversas possibilidades de assinatura que a arquiteta escolhia de acordo com cada situação. Na instalação, será possível conferir cinco certidões de Lina Bo Bardi: duas de nascimento (registradas em locais e períodos diferentes), nacionalidade brasileira, casamento e óbito.

Em conversa com um dos entrevistados que fez parte da vida de Lina, o artista se prendeu a informação sobre o respeito e a admiração da arquiteta pelo trabalho da yalorixa Mãe Senhora (Maria Bibiana do Espírito Santo, terceira yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, Bahia). Mãe Senhora (1890-1967) conquistou imenso respeito por seus conhecimentos litúrgicos. Tomado pela curiosidade de descobrir qual seria o orixá de Lina, Walmor viajou até Salvador. Como a yalorixá foi uma figura importante na vida de Lina, com permissão da família, Corrêa apresenta na instalação uma pintura exclusiva de Mãe Senhora, além de ensaios do jogo de ifá (prática africana de consultas e orientações sobre diversos campos da vida).

O último retrato abordado por Walmor é o estudo e análise de uma carta, cedida pelo Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, endereçada ao marido Pietro Maria Bardi. Por meio de sua caligrafia, o artista colheu mais informações sobre a personalidade da arquiteta.

“Curiosamente, todos os resultados dessas divisões propostas, conduzidas com diferentes pessoas, convergem, dialogam e estão conectados”, ressalta Walmor.

Em um painel de aproximadamente 40 metros, Walmor Corrêa traz elementos gráficos que se relacionam com os momentos e espaços habitados por Lina. “Seis mapas permeiam este painel, destacando – como se fosse um recorte – a rua das cidades dos países onde Lina morou: Roma, Milão, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Essa trajetória de vida da arquiteta foi a inspiração para a criação de selos em homenagem aos momentos daquela grande mulher”, destaca o artista.

Cortesia de Sesc Pompeia

A instalação traz também sete caixas de som com trechos das entrevistas conduzidas por Walmor com o neurologista, a astróloga, o numerólogo, o babalorixá e a grafóloga. As caixas reproduzirão esses fragmentos simultaneamente, mas em sequências diferentes, de forma proposital, “proponho por meio da sonoridade o barulho inquietante da mente que cria a partir das informações adquiridas. São para nós, vozes que dialogam internamente o tempo inteiro”, finaliza.

Sobre Walmor Corrêa

Artista cuja obra se relaciona estreitamente com a construção de discursos ligados à “factualidade da fantasia". Seu trabalho procura problematizar o quanto de realidade efetivamente existe nos relatos científicos, por meio de um desenho bastante atrelado ao tradicional campo dos tratados anatômicos. O artista desenvolve desenhos minuciosos e ancorados na pesquisa de fontes, ora folclóricas, ora científicas, o artista constrói um discurso que tenciona a ideia de mito e realidade. Um de seus trabalhos mais conhecidos, “Unheimlich” (O Bestiário), consiste num conjunto de trabalhos que apresentam os detalhes anatômicos de criaturas fantásticas do imaginário popular brasileiro. Sua obra se estende pelos campos da pesquisa histórica, taxidermia, neurologia, desenho, pintura, escultura e instalação.

Walmor Correa está em atividade desde a década de 1980 e já participou de diversas mostras individuais e coletivas, com destaque para: Apêndice – Mostruário Entomológico, no Centro Universitário Maria Antonia – USP e XXVI Bienal Internacional de São Paulo (2004), Panorama da Arte Brasileira, no MAM-SP (2005),Cryptozoology, no Bates College Museum of Art, Lewinston EUA (2005) Dentro do Traço Mesmo, na Fundação Iberê Camargo, VII Bienal do Mercosul (2009), Teleplastias, na Fundação Cultural BADESC (2009), Assim É, Se Lhe Parece, no Museu de Arte Contemporânea Dragão do Mar (2012), Você que faz versos, no Museu Victor Meirelles (2012) e Metamorfoses e Heterogonia_Projeto Parede, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2015). Participou ainda das residências artísticas Fundação Smithsonian, Washington D.C. EUA (2014), Fundação Can Xalant, Mataró, Espanha (2008) e Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, (2008). Mataró, Espanha (2008) e Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, (2008).

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Cita: "Exposição no Sesc Pompeia busca entender os múltiplos ângulos de Lina Bo Bardi" 20 Fev 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/805709/exposicao-no-sesc-pompeia-busca-entender-os-multiplos-angulos-de-lina-bo-bardi> ISSN 0719-8906

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