Cazú Zegers foi selecionada para criar um espaço em homenagem à Cruz Vermelha, dedicado a seus funcionários que faleceram em sua missão. Nas palavras da artista, este projeto "busca destacar o trabalho altruísta daqueles que hoje são mártires da Cruz Vermelha."
O projeto será construído na cidade de Genebra, Suíça, onde mais de 200 organizações de nível internacional estão localizadas, incluindo a Cruz Vermelha, que opera desde meados do século XX no antigo Hotel Carlton, construído em 1876. A proposta de Zegers e sua equipe está focada em destacar os valores da instituição, como o serviço humanitário em conflitos, guerras e desastres naturais.
"Possivelmente, o maior sacrifício deste serviço humanitário foi feito por centenas de funcionários que perderam suas vidas no cumprimento do seu dever. Essas pessoas eram de diferentes países, gêneros e crenças. Através de seu heroísmo, eles se tornaram faróis de paz e protetores da vida. Transmitir esses valores é a base da nossa proposta, porque queremos dizer ao mundo e às futuras gerações que esse ato desinteressado de dar a vida em serviço é, em si, um símbolo iluminador que permanece vivo na memória. Em outras palavras, morrer em serviço não é morrer". - Cazú Zegers.
O memorial, apesar de apresentar características paisagísticas, permite a renovação urbana da praça adjacente ao antigo Hotel Carlton. Este projeto é carregado de um simbolismo forte, a partir de uma magnólia protagonista que marca o início de um muro de pedra, que funciona como fundo do jardim. Neste muro está um pavilhão multiuso que abriga memorabilia digital, e uma instalação artística e audiovisual, que, como é a marca registrada de Zegers, também realça os atributos do vínculo territorial do espaço, pois deste ponto é possível observar as montanhas nevadas dos Alpes. O pavilhão comemorativo tem uma morfologia esférica que abriga um espaço de madeira semelhante a um útero, dentro do qual encontra-se a Memória Digital.
Dentro do projeto, podemos observar outros elementos relevantes, como a água, que possui diversos significados em diferentes culturas, mas que sem dúvida é um elemento de grande simbolismo, remetendo à regeneração, à purificação e à santificação. Para que isso fizesse parte do projeto, a arquiteta cria uma fonte que possui uma dupla funcionalidade: reflete como um espelho e, ao mesmo tempo, realça a luz solar no espaço. No fundo desta fonte será impresso um poema do escritor chileno Santiago Elordi, intitulado "Era um dia como hoje" ("It Was a Day like This").
Cazú Zegers afirma que "o projeto propõe um jardim comemorativo no verdadeiro sentido da palavra, um jardim como um lugar de tranquilidade, beleza, intimidade e proteção, que é a ressignificação da comunidade da Cruz Vermelha. Nosso projeto fortalece o jardim existente, suas árvores importantes, seu gramado suave, seu amplo terraço com vista para a cidade e a paisagem e seus belos jogos de luz e sombra".
No concurso de projeto para o novo jardim comemorativo da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), além de Cazú Zegers, os seguintes escritórios de arquitetura haviam sido pré-selecionadas: Charles Pictet de Charles Pictet Architectes Associés; Jeanette Hansen de 3XN; Xu Tiantian de D; e Barbara Tirone de A-Architectes Sàrl.