Misunderstandings

O encontro entre CAMPO e o FRAC Centre Val de Loire, de Orléans, produziu o MISUNDERSTANDINGS: um projeto que, ao abordar um dos mais importantes arquivos de experimentações arquitetônicas em todo o mundo, propõe uma reflexão sobre o valor operacional de museus e coleções para o discurso contemporâneo e para a prática da arquitetura.

Aproximando a coleção do FRAC Centre menos da diligência cultural do curador do que da curiosidade amadora do arquiteto, CAMPO descarta as típicas leituras monográficas, tipológicas ou históricas para adotar uma abordagem mais livre e não convencional, unindo emoções humanas a princípios arquitetônicos. Medo/Estrutura, Esperança/Sistema, Nostalgia/Forma e Surpresa/Limite são as quatro lentes oculares pelas quais olhamos a coleção – como um material vivo que pode ser estudado, mas também manipulado para melhor contemplar a condição contemporânea.

CAMPO selecionou do arquivo doze pares de documentos visuais – desenhos, imagens ou fotografias de maquetes –, três para cada tema dialético, que foram oferecidos a doze arquitetos como briefing, sem qualquer informação sobre o projeto original. Os arquitetos foram então convidados a responder ao díptico através do projeto de um livro, no qual poderiam livremente coletar e organizar reflexões e especulações provocadas pelas imagens.

Suspensas de seu contexto material e subtraídas à precisão da história, as imagens adquirem uma nova vida, tornando-se instrumentos projetivos nas mãos dos colaboradores convidados. A justaposição e o deslocamento dos elementos da coleção para uma nova dimensão, que perturbam seu significado conceitual e histórico, permitem ao MISUNDERSTANDINGS erros temporários e imprecisões propositais que libertam as narrativas imprevisíveis do poder visual puro das obras.

MISUNDERSTANDINGS é também uma reflexão sobre a necessidade fundamental da arquitetura como forma de reação às emoções, pretendida como um processo primordial e coletivo. Se por um lado as emoções constituem a capacidade comum e natural de nos relacionar uns com os outros, por outro, a habilidade de dar forma ao ambiente é o instrumento físico e mental que permite a convivência. Se hoje as emoções estão cada vez mais no cerne das atividades humanas – onde sentimentos e relações constituem a força produtiva –, a arquitetura, dando forma à materialidade do espaço, pode interferir na natureza impalpável das emoções, acelerando, retardando ou alterando os processos em curso de transformação social e política.

A exposição é o primeiro passo de um projeto cultural maior iniciado pelo FRAC Centre Val de Loire, que culminará na Bienal de Orléans 2017, intitulado “Andando por sonhos de outros”. Após o evento na CAMPO, os doze dípticos e livros voltarão ao FRAC Centre em janeiro de 2017, onde os originais serão exibidos juntamente com as novas contribuições.

Com as obras de:
Andrea Branzi, Bernard Calet, Günther Domenig and Eilfried Huth, David Georges Emmerich, Hiromi Fujii, Ludger Gerdes, Günter Günschel, Bernhard Hafner, Toyo Ito, Mathieu Mercier, Walter Pichler, Guy Rottier

E colaborações de:
Black Square, BuildingBuilding, Matilde Cassani, Lukas Feireiss, Saba Innab, LIST, Manthey Kula, OBRA, OMMX, PioveneFabi, UHO, Vazio S/A.

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Cita: "Misunderstandings" 16 Dez 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/801528/misunderstandings> ISSN 0719-8906

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