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Arquitetos: GRU - Gabinete de Recursos Urbanos
- Área: 200 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Alexander Bogorodskiy
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Fabricantes: Arval, BRUMA, Bosch, Centralserralharia, Compac, Duravit, Focus, Imperalum, Ineslam, Margres, Nexia, O/M Light - Osvaldo Matos, Primus Vitória, Sanindusa, Sosoares, Toto, weber.dry
Descrição enviada pela equipe de projeto. Bairro popular de Aveiro com ruas estreitas e construções um pouco caóticas (entre casas degradadas e obras novas e dissonantes), é neste ambiente que se encontrava a ruína de onde partiu a Casa TI. Da construção inicial mantém-se o involucro exterior – pela memória da fachada trabalhada com azulejos início do sec. XX e pela forma cativante, talvez aleatória, da fachada cega. O interior é desajustado para o novo programa que será maior e mais complexo.
Dentro das paredes originais fazemos crescer duas novas casas justapostas. Entre as casas e as paredes criamos espaços de ligação, pátios, que asseguram privacidade, definem momentos de paragem entre a casa e a rua e coam a luz abundante da cidade. A nova forma remete para a construção tradicional nesta zona de Aveiro e o afastamento criado à fachada principal permite uma ligação suave ao espaço público. O volume lateral é trabalhado a partir da fachada ondulante da pré-existência. As aberturas permitem vislumbrar o movimento da casa sem a expor ao ruido urbano.
No piso inferior o apartamento parte de um espaço amplo, com um quarto. A ligação à rua é muito próxima e por isso os pátios de ligação (ou de afastamento) ao espaço público são essenciais. Os vãos são trabalhados com lâminas metálicas que criam uma textura na fachada e desviam a atenção do interior.
Nos pisos superiores há uma distância natural ao exterior. As áreas sociais localizadas no nível de entrada são orientadas para os vários espaços intersticiais obtendo luz abundante. O volume da casa é trabalhado pelo interior como um invólucro duro onde se coloca um estrado leve de madeira para a criação dos espaços mais íntimos. A lareira marca o ponto de ligação entre os dois níveis. Em cima, uma varanda de madeira sobre a sala, o pátio e o exterior. No topo uma linha de luz, no eixo da casa, que liga todo o espaço.
No exterior a superfície branca da construção nova, deixa todo o palco para a fachada de azulejos. As serralharias em ferro seguem esta linha de intervenção através de cores claras e desenhos simples com génese na métrica azulejar.
No interior usamos materiais de superfícies lisas e contínuas como o gesso, pavimentos cerâmicos de grande dimensão que contrastam pontualmente com as texturas manuais dos azulejos que revestem os quartos de banho e os veios quentes das madeiras de pinho (madeira tradicionalmente usada na construção popular em Portugal).