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Teoria: O mais recente de arquitetura e notícia

Rem Koolhaas e os tempos de violência

Nas linhas abaixo tentaremos elucidar algumas associações e relações entre a obra de Rem Koolhaas e o filme Pulp Fiction (Tempos de Violência), de Quentin Tarantino. Todavia, cabe antes uma breve explicação do porquê do confronto entre o arquiteto e o diretor – e mais, da arquitetura e do cinema.

Os questionamentos que unem esses dois campos aparentemente distintos são muitos, como já mostramos nos artigos sobre os vídeos de arquitetura e vídeos de cidades. Buscaremos suporte desta vez nas ideias de Roemer van Toorn em seu artigo Architecture Against Architecture. Radical Criticism Within Supermodernity, que nos diz que um filme captura o tempo, o espaço e o movimento em uma representação fictícia, mas que pode também oferecer instrumentos para a discussão da realidade.

É na discussão da realidade através da linguagem cinematográfica que confrontaremos Koolhaas e Tarantino.

Inscrições abertas para o curso "Confrontos [ideias e práticas urbanísticas]"

O curso livre Confrontos [ideias e práticas urbanísticas] tem por objetivo dar uma visão geral das principais teorias do campo de urbanismo e de desenho urbano que permearam a literatura e a prática ao longo do século XX, com foco na atuação do arquiteto urbanista. A premissa é a de que não há uma corrente única, ou pensamento singular, que alcance a complexidade da intervenção urbana.

Imobilidade Substancial / Rafael Moneo

Sempre me impressionou a definição que de arquitetura dava o teórico chileno Juan Borchers quando dizia que a arquitetura é “a linguagem da imobilidade substancial”. Sou consciente de que tal definição sublinha, uma vez mais, a vigência que para uma definição da arquitetura tem a noção de linguagem. Porém o que mais me surpreende de tal definição é o conceito de “imobilidade substancial” em que a definição de Borchers se fundamenta.

Problema de Architectura Civil (1777) / Mathias Ayres Ramos

Ainda duraõ hoje alguns dos amphitheatros, que a soberba Romana edificou para divertir hum povo soberbissimo. Ainda se mostraõ os vestigios das estradas famozas, que sahindo da Cidade capital daquelle Império, hiaõ ter a outras capitaes da sua vasta dominaçaõ. Ainda existem as magestozas piramides do Egypto. A voracidade dos seculos naõ tem podido anihilar tantos illustres monumentos; antes guardaõ nas ruinas hum authentico signal da sua grandeza; como se naquelles tristes restos quizessem competir com o tempo em duraçaõ; ou como se o tempo naõ tivesse força para os destruir, nem actividade para os acabar. Felices edificios, cujos fragmentos destroçados servem para conservar inteira a memória da sua pompa: e assim, que importa que a vicissidaõ das cousas lhes tenha feito perder o esplendor primeiro, se ainda sem uso, e depois de extincto o fim para que foraõ levantados, tem no mesmo abatimento tudo o que basta para infundir respeito; sendo maravilhas raras, ainda no estado inútil em que se achaõ, e sendo admiráveis nesse pouco que agora saõ, independentemente do muito que já foraõ?

8 arranha-céus Art Déco por Ralph Thomas Walker

Nenhum arquiteto desempenhou um papel tão importante na definição do skyline de Manhattan no século XX como o Ralph Thomas Walker, vencedor da AIA Centennial Gold Medal e apelidado pelo New York Times de "Arquiteto de Século". [1] Mas um escândalo envolvendo alegações de contratos roubados por um funcionário de seu escritório precipitou sua retirada do mundo da arquitetura e sua queda a um relativo anonimato. Apenas recentemente sua prolífica carreira foi reexaminada e seu trabalho se tornou tema de uma exposição na Walker Tower em 2012.

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Reflexões sobre a Utilidade em Arquitetura

Que forma tem o uso?
O arquiteto pensa em ambos, porém só a forma se concretiza.
E por isso põe sobre ela mais atenção e dedicação.

O Sistema de Proporções ‘Fugal’ de Palladio / Rudolf Wittkower

Às mentes dos homens da Renascença as consonâncias musicais eram os testes audíveis de uma harmonia universal que mantinha um elo de união entre todas as artes. Essa convicção não era só profundamente enraizada na teoria, mas também –e isso é agora usualmente negado– traduzida na prática. É verdade, que em tentando provar que um sistema de proporções há sido deliberadamente aplicado por um pintor, um escultor ou um arquiteto, você é facilmente induzido a encontrar aquelas razões [ratios] que você estabelece para encontrar. Na mão dos acadêmicos, compassos não giram. Se quisermos omitir a armadilha da especulação inútil temos que buscar a orientação inequívoca dos artistas mesmos. Estranhamente, nenhum acadêmico até agora tentou fazer isso. Tal orientação não é muito comum, mas um cuidadoso levantamento certamente renderia considerável evidência. Deve-se, sobretudo, ser capaz de decifrar e interpretar as indicações do artista. Um exemplo deve mostrar o que quero dizer.

Elementos e Teoria da Arquitetura: Princípios Diretores / Julien Guadet

Eu poderia resumir em um mote minha lição de abertura: procurei fazer-lhes ver toda a elevação de seus estudos. Se vocês houverem saído dessa sessão com o coração mais alto, o pensamento mais ambicioso, eu não haverei perdido meu tempo.

Hoje me propus expor-lhes – tanto que possível – os princípios gerais que deverão sempre presidir seus estudos. Quero que percebam vocês mesmos a unidade desses estudos em aparência tão diversos. Vocês exercitarão hoje uma igreja, amanhã um teatro; seus programas são ora severos, ora mundanos; seus terrenos, restritos e fechados numa vila, ou livres e aerados à campanha: essa diversidade é necessária para criar em vocês a versatilidade e a engenhosidade; mas além desses estudos do dia e da hora presente, há o estudo superior e permanente: o de sua arte, em todas as ocasiões, o de vocês mesmos. Esse estudo é a meta verdadeira, e é a unidade de seus trabalhos; é o domínio desses princípios dos quais falei, que serão suas guias, sua salvaguarda, sua luz.

Lina por escrito / Silvana Rubino e Marina Grinover (org.)

Da editora. Primeira publicação dedicada aos textos da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), este livro revela a extraordinária capacidade que ela tinha de transformar seu universo criativo em palavras. Esta seleção de 33 textos reúne seus artigos publicados em periódicos e jornais diários, desde a década de 1940 até os anos 90, numa criteriosa seleção que traz a público o melhor de sua produção, muitas vezes esparsa ou inacessível.

Instituição Arquitetônica: Escrito-Leitura 12 / Juan Borchers

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Este escrito-leitura será breve, será denso e ralo. Esta afirmação: se considero o caso de um projeto “abstrato” ei de podê-lo excisar numa hipótese e numa tese; onde a ´tese’ é um condição NECESSÁRIA para que se verifique a ‘hipótese’. Tal que um projeto abstrato não há de expressar nenhum pensamento. O pretendê-lo conduz a uma ALEGORIA e é pelo que os projetos das escolas de arquitetura não passam de vagas alegorias sem interesse real por pretendê-lo.
Um projeto “abstrato”, como um espelho deve refletir a arquitetura transcendentalmente; é o que chamarei qualidade universitária.

Quatro artigos sobre Teoria da Arquitetura

Relembre os quatro artigos que publicamos sobre a Teoria da Arquitetura.

Palestra “Dez notas sobre como escrever em arquitetura” com Igor Fracalossi, na UFRGS

O Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul promove no dia 02 de outubro a palestra “Dez notas sobre como escrever em arquitetura”, ministrada por Igor Fracalossi, Editor de Clássicos da Arquitetura do ArchDaily Brasil.

“Não escreva sobre o arquiteto, sobre histórias, sobre datas, sobre contextos, sobre ideias, sobre referências, sobre comparações... Se você conseguir fazer isso você já estará muito próximo do que é escrever em arquitetura.”

A palestra, baseada no artigo de mesmo nome, abre o workshop “ArchDaily Brasil: Clássicos da Arquitetura”, que também será ministrado por Fracalossi e acontece entre os dias 3 e 16 de outubro.

Figuras, Portas e Passagens / Robin Evans

Coisas ordinárias contêm os mais profundos mistérios. No início é difícil ver no layout convencional de uma casa contemporânea qualquer coisa senão a cristalização da fria razão, necessidade e o óbvio, e por causa disso nós somos facilmente levados a pensar que uma mercadoria tão transparentemente não excepcional deva ser forjada diretamente a partir de coisas de básicas necessidades humanas. De fato, praticamente todos os estudos sobre o habitar, qualquer que seja seu escopo, são fundados sobre esse pressuposto. ‘A luta por encontrar um lar’, declara um especialista proeminente, ‘e o desejo pelo abrigo, privacidade, conforto e independência que uma casa pode prover, são familiares por todo o mundo.’[1] Desde tal ponto de visão as características do habitar moderno parecem transcender nossa própria cultura, sendo erguida ao estado de requisitos universais e atemporais para uma vida decente. Isso é facilmente bem explicado, já que todas as coisas ordinárias parecem a uma vez neutras e indispensáveis, mas isto é uma ilusão, e uma ilusão com consequências também, à medida que esconde o poder que o arranjo costumeiro do espaço doméstico exerce sobre nossas vidas, e ao mesmo tempo oculta o fato de que essa organização tem uma origem e um propósito. A busca por privacidade, conforto e independência através da agência de arquitetura é bastante recente, e até quando essas palavras vieram por primeira vez à cena e eram usadas em relação aos assuntos domésticos, seus significados eram bem diferentes desses que nós entendemos agora. Assim o seguinte artigo é uma tentativa um tanto quanto crua e esquemática por descobrir apenas um dos segredos do que é agora tão ordinário.

O Espelho e o Manto: ajuste e desajuste no corpo arquitetônico / Fernando Pérez Oyarzun

I O Corpo e sua dupla distância

A experiência do nosso corpo tem a particularidade de que nos aparece simultaneamente cercana e longínqua. Efetivamente, o corpo apresenta-se a nós, em primeiro lugar, em nossa experiência de vinculação com o mundo, sem que sua própria contextura física apareça demasiado evidentemente. Fazendo um símil arquitetônico, podemos pensar na realidade de uma janela que não aparece em primeira instância referida a si mesma senão mais bem à paisagem sobre a qual se abre. Nesse contexto, podemos falar de um primeiro corpo quase invisível; de uma presença transparente.

O Ato Crítico / Igor Fracalossi e Ruth Verde Zein

«À determinada altura tudo coincide e se identifica: as ideias do filósofo, as obras do artista e as boas ações.» —Friedrich Nietzsche

O Ato Arquitetônico / Igor Fracalossi e Ruth Verde Zein

«Falamos ainda do ‘nascer’ e do ‘pôr’ do sol. Fazemo-lo como se o modelo copernicano do sistema solar não houvesse substituído irreversivelmente o ptolomaico. Metáforas vazias, figuras erodidas de discurso, habitam nosso vocabulário e gramática. Elas são pegas, tenazmente, nas andaimadas e recônditos de nossa fala comum. Lá elas vagam como velhos trapos ou fantasmas de desvão.»

A Obra

O arquiteto recebe ou inventa um encargo, não se sabe muito bem. Pedem-lhe uma casa. Aqui começa tudo.

O Modelo Projetivo / Robin Evans

Geometria tem uma ambígua reputação, associada tanto a idiotice como a inteligência. No melhor dos casos, existe algo desesperadamente não comunicativo sobre ela, algo mais que ligeiramente removido do resto da experiência para confrontar sua grande pretensão de verdade. Flaubert, em Dicionário de Ideias Feitas, define um geômetra como “viajando em estranhos mares de pensamento – sozinho.” E quando Joseph Conrad desejava caracterizar o fútil esforço de concentração feito pelo sincero porém mentalmente retardado jovem Stevie em O Agente Secreto, ele o descreveria como “sentado muito bem e quieto numa mesa, desenhando círculos, círculos, círculos; inumeráveis círculos, concêntricos, excêntricos, um cintilante redemoinho de círculos que por sua emaranhada multidão de curvas repetidas, uniformidade de forma, e confusão de linhas interseccionadas sugeria uma versão de caos cósmico, o simbolismo de uma arte insana pretendendo o inconcebível.”