Em abril de 2019, um incêndio devastador consumiu parte da Catedral de Notre Dame, em Paris, causando danos severos ao seu teto de madeira e levando ao colapso da torre central do século XIX, originalmente projetada por Viollet-le-Duc. Na sequência da tragédia, o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu que o monumento seria restaurado em apenas 5 anos, um prazo ambicioso. À medida que a restauração das estruturas do telhado se aproxima da conclusão, em fevereiro de 2023 foi montada a estrutura de andaimes para a reconstrução da torre. Sua conclusão está prevista para o fim deste mês.
Mais do que paisagens inertes ou cenários inanimados, as cidades constituem-se enquanto personagens ativas e significativas para a construção de muitas narrativas televisivas. Seja em séries ou em telenovelas, mais do que apenas um local onde as tramas se desenrolam, os ambientes urbanos desempenham um papel fundamental para os desdobramentos dos enredos, suas criações, diretrizes e contextos. Mas se, por um lado, as cidades e suas culturas urbanas contribuem para a composição de diversas tramas das telinhas, por outro lado, os programas televisivos também podem ajudar a moldar um certo imaginário idealizado sobre esses espaços urbanos, que geram expectativas irrealistas e reiteram uma série de estereótipos sobre as cidades representadas.
Começou a construção do projeto La Serre, do MVRDV. Localizado no eco-bairro ZAC Léon Blum em Issy-les-Moulineaux, nos arredores de Paris, e projetado pela MVRDV em colaboração com a arquiteta paisagista Alice Tricon e a incorporadora OGIC, o empreendimento visa desafiar a tradicional forma de viver em apartamentos, integrando a natureza ao ambiente urbano. O projeto inclui unidades residenciais, lojas e uma abundância de áreas verdes, com o objetivo de criar um refúgio de biodiversidade.
Em Paris, no décimo terceiro arrondissement, o escritório de arquitetura Moreau Kusunoki concluiu o Le Berlier, uma torre de madeira de 50 metros de altura que inclui unidades residenciais e uma série de outros serviços. Localizado na confluência de diversos fluxos urbanos, redes e escalas, o projeto busca equilibrar inovação, monumentalidade e conforto doméstico. O novo complexo residencial conta com uma fachada em grelha feita de madeira carbonizada e pré-temperada.
Dois anos atrás, em setembro de 2021, foi inaugurado o L'Arc de Triomphe, Wrapped, 1961-2021, de Christo e Jeanne-Claude. A monumental obra de arte pública envolveu o monumento parisiense em mais de 25.000 metros quadrados de tecido prateado amarrado com 7.000 metros de corda vermelha. Os materiais, todos feitos de polipropileno trançado, uma espécie de termoplástico, agora serão reaproveitados e reciclados, seguindo a visão dos artistas. A maior parte dos materiais será transformada para servir a usos práticos em futuros eventos públicos em Paris. A Fundação Christo e Jeanne-Claude também colaborou com a Gagosian para levar os primeiros trabalhos de Christo ao East End de Londres, exibidos numa exposição que permenece aberta até 22 de outubro de 2023.
Desde que as restrições impostas pela pandemia foram suspensas, a Europa tem experimentado um aumento no turismo, com milhões de pessoas visitando alguns de seus destinos mais atraentes, como Veneza, Barcelona e Paris. O grande número de visitantes tem sido um desafio para as cidades. A superlotação afeta a população local, o desenvolvimento urbano e até mesmo os ecossistemas naturais ao redor das áreas urbanas. Na tentativa de limitar esse fluxo, algumas das cidades mais populares da Europa estão adotando diversas medidas para lidar com a superlotação e os subsequentes problemas sociais e infraestruturais. As medidas incluem multas, taxas de entrada e horários específicos para impor algumas restrições.
O século XX viu um período de experimentação e inovação em um ritmo sem precedentes, um rumo que também marcou as expressões e arquitetura da época. Paris, como um dos principais centros europeus de expressão artística e cultural, também foi o epicentro para a formação de novos estilos arquitetônicos, desde a revolução da arquitetura moderna de Le Corbusier até as expressões do estilo High-Tech, como visto no design do Centre Pompidou de Renzo Piano e Richard Rogers. A transformação social encontrou sua expressão através de instituições públicas ou conjuntos residenciais brutalistas, como os projetados por Renée Gailhoustet e Jean Renaudie em Irvy-Sur-Seine, enquanto movimentos políticos atraíam arquitetos de todo o mundo, incluindo Oscar Niemeyer, que projetou seu primeiro edifício europeu na capital francesa.
Analisar casas que arquitetos projetaram para si mesmos pode abrir perspectivas sobre seu processo de design, prioridades e filosofia. Embora muitas vezes reduzidas em escala, essas residências pessoais oferecem um olhar sobre o processo dos arquitetos e a maneira como eles traduzem suas ideias em espaços habitáveis sem restrições impostas pelo cliente no resultado final. As estruturas também refletem os valores pessoais, estilos de vida e preferências estéticas de seus criadores.
Frequentemente, esses projetos são experimentos e campos de testes para seus próprios princípios de design, ampliando os limites da expressão arquitetônica. Desde Ray e Charles Eames, que acabaram passando suas vidas em uma casa experimental criada para a pré-fabricação, até Frank Gehry, que usou sua casa holandesa colonial em Santa Monica para testar as ideias de desconstrutivismo que mais tarde viriam a definir sua carreira, esses projetos representam uma face diferente do processo de projeto de arquitetos renomados mundialmente.
Quando se pensa em espaços públicos, a imagem de uma piscina raramente vem à mente. Espaços públicos são o centro da vida cívica, lugares onde a maioria das interações, atividades e comportamentos seguem normas sociais e culturais estritas para garantir a segurança e o conforto de todos os usuários. Em contraste, nadar e tomar banho representam algo mais íntimo e primordial, uma experiência sensorial distinta de qualquer outra. Além dos benefícios para a saúde, o ato de flutuar no espaço cria uma ruptura com a vida cotidiana e suas restrições.
Como espaços sociais, banhos públicos e piscinas oferecem uma experiência ainda mais incomum. Aqui, regras e normas de conduta usuais não se aplicam mais. A nudez social se torna a nova norma e, à medida que as pessoas se despem, elas também perdem seus marcos de status, transformando a piscina em um oásis igualitário. Ao longo da história, esses espaços muitas vezes desacreditados ofereceram uma experiência social intensificada, fomentando conexões e trazendo um novo elemento a ambientes urbanos densos. Como uma tipologia presente desde a antiguidade, banhos públicos e piscinas também foram um espaço disputado, como uma manifestação de tópicos difíceis, como a segregação de gênero e raça, gentrificação e vigilância em contraste com a liberdade que prometem.
Tour Triangle. Imagem cortesia de Herzog & de Meuron
A cidade de Parisreinstaurou oficialmente uma regra que limita a altura de novos prédios na capital francesa a 37 metros, ou 12 andares. Entre os fatores para a decisão estava a controvérsia em torno da construção da Tour Triangle, projetada por Herzog & de Meuron, com 180 metros de altura e que teve a construição iniciada em 2021 após mais de uma década de batalhas legais e críticas. A nova regulamentação de planejamento urbano é apresentada como parte do Plano Urbano Bioclimático Local da prefeita Anne Hidalgo, que visa reduzir as emissões de carbono de Paris.
Sempre me considerei sortudo por ter crescido fora da cidade, onde minhas vivências ecolares aconteciam no campo e não na rua. No entanto, para muitas crianças, a vida escolar moderna não é tão próxima da natureza.
As cidades superpopulosas continuam se expandindo, o que significa que mais escolas estão sofrendo com as limitações apresentadas pela arquitetura urbana, incluindo poluição sonora, do ar e da luz, falta de espaço (especialmente espaço verde), orçamentos restritivos e legislação de construção resistentes à mudança.
Com soluções de design inovadoras, essas quatro escolas urbanas mostram para o resto da classe como trabalhar e fornecer espaços verdes de qualidade através de suas respostas arquitetônicas.
Ópera de Paris, de Charles Garnier. Foto de Francesco Zivoli, via Unsplash
Existem estilos arquitetônicos mal-quistos no decorrer histórico. Em geral, o apogeu de um movimento significa o ocaso de outro. Com o passar do tempo, pode ser que a situação se inverta, como no caso do pós-modernismo, que divide opiniões desde seu surgimento, mas que experimentou um revival nas primeiras décadas dos anos 2000 (ou talvez não). O distanciamento temporal contribui para a revisão da relevância de certos estilos, e avaliação de suas qualidades – ou problemas.
Brutalist Paris de Nigel Green e Robin Wilson é um livro que expande o trabalho anterior da dupla, o Brutalist Paris Map (2017). A crítica perspicaz do texto e a fotografia aguçada fornecem um exame detalhado do significado histórico, político e cultural do brutalismo, com ênfase em seu design comunitário inovador. Através de uma análise meticulosa dos espaços públicos dos edifícios selecionados, incluindo sua orientação, materiais e fachadas, Green e Wilson revisitam o legado do movimento e sua contribuição para o campo da arquitetura.