Precisamos falar sobre o clima: arquitetura na construção e um futuro melhor para o continente africano

Quando pensamos em fenômenos migratórios, pensamos em movimento. Pensamos no fluxo de pessoas que se deslocam sobre a superfície da Terra em busca de pastagens mais verdes—de uma vida melhor para suas famílias. Mas a migração também nos faz pensar em conflitos e ameaças, na fome e no desespero em busca por sobrevivência. Historicamente, a guerra tem sido um dos principais motivos pelos quais as pessoas migram, a razão pela qual existem refugiados. A instabilidade, a falta de segurança e perspectiva em países como a Síria, o Iraque e a República da África-Central fizeram que ao longo dos últimos anos milhões de pessoas tivessem que abandonar suas casas, lançando-se em uma desesperada busca por refúgio além das fronteiras de sua terra natal. Somado-se a isso, existe também aqueles que são forçados a migrar para outros países por conta das consequências das mudanças climáticas na Terra—a esse fenômeno nos referimos como “a migração climática”.

Cozinhas comunitárias: o desafio de criar raízes em comunidades de refugiados

O deslocamento implica incerteza, desenraizamento e instabilidade, além da perda da comunidade, privacidade e orientação física e emocional. Atender a essas necessidades por meio de respostas arquitetônicas adequadas pode ajudar as comunidades de refugiados a recuperar o bem-estar social, econômico e ambiental. Neste contexto, as cozinhas comunitárias são projetadas para ajudar a gerar um sentimento de pertencimento e "normalidade" na vida doméstica de seus usuários.

Migração de materiais: como a arquitetura se transforma entre as fronteiras

A forma como os materiais se moldam na arquitetura e o modo como projetamos. Embora os arquitetos geralmente considerem a origem e a fabricação de materiais, os próprios produtos físicos também se moldam e adaptam à medida que cruzam as linhas geográficas e nacionais. Quando a matéria migra, por sua vez, projeta suas próprias ideias, conta a história de uma arquitetura que transcende a construção e o clima, bem como as fronteiras reais e imaginárias.

Cidades invisíveis: repensando a crise dos refugiados através da arquitetura

Quando digo Katuma, Hagadera, Dagahaley, Zaatari ou Ifo o que é os vem à mente? Estes nomes singulares e originais poderiam facilmente ser algumas das 55 cidades invisíveis de Ítalo Calvino não é mesmo?

Antes do “colonial” havia a arquitetura do imigrante: a gênese da arquitetura norte-americana

Antes mesmo que o estilo colonial se estabelecesse nos Estados Unidos—como em muitas outras colônias do novo mundo—já haviam edifícios sendo construídos. Digamos que antes do “colonial” havia a arquitetura do imigrante. Como um exercício de sobrevivência, a arquitetura do imigrante é aquela feita com aquilo que se tem à mão, com o que se pode encontrar e com o principal objetivo de ter um teto sobre o qual protege-se dos perigos do desconhecido. Depois de um certo tempo e distanciamento, é comum romantizarmos sobre o estilo de arquitetura colonial do país em que crescemos, afinal, somos todos imigrantes não é mesmo? Edifícios simples e honestos, representativos de quem somos e de onde viemos. Estruturas simétricas e de uma sobriedade avassaladora, de pequenos acréscimos e infinitos desdobramentos. Mas acontece que a arquitetura “colonial” não necessariamente é aquela construída com ânsia pelas mãos do imigrante em busca de um teto para morar.

A paisagem urbana das cidades pós-industriais soviéticas

Encontradas pelos quatro cantos do mundo e construídas pelos mais diferentes motivos, da extração de recursos naturais à fabricação de um determinado produto, as monotowns são cidades criadas ao redor de uma única indústria a qual é responsável por empregar a maioria de seus habitantes. No antigo Bloco de Leste, onde uma série de cidades mono-industriais foram construídas durante o domínio soviético, a súbita transição para um novo sistema econômico centrado no capitalismo abalou profundamente a estrutura destas cidades, dando início a um rápido processos de despovoamento e migração para outras regiões do país e do mundo. A seguir descubra mais sobre a arquitetura das monotowns da era soviética, seus exemplos mais famosos, as histórias de fracassos e o atual estado destes ambientes urbanos extremamente peculiares.

Arquitetura suaíli: origens e influências que moldaram a paisagem urbana do leste da África

O continente africano desempenhou ao longo da história da humanidade um papel fundamental na evolução dos processos migratórios. Neste vastíssimo e exuberante território, diferentes povos e culturas conviveram e se miscigenaram por séculos e séculos, resultando em um dos continentes mais humanamente diversos do nosso planeta—e o mesmo pode ser dito de sua arquitetura. Neste sentido, a heterogeineidade característica da arquitetura africana é resultado direto de um longo e intenso processo de apropriação e trocas entre distintos povos, culturas e modos de fazer. Em meio a essa fecunda paisagem construída, podemos encontrar desde tipologias ancestrais construídas pelos povos nativos até estruturas híbridas, nascidas do convívio—ora orgânico ora imposto—entre diferentes culturas e formas de ver o mundo.

Fuga ou ganho de capital humano? Como a arquitetura se tornou uma ferramenta para a migração

A migração entre cidades, estados, países e continentes faz parte da vida cotidiana. À medida que buscamos novas oportunidades em nossas vidas pessoais e profissionais, nossas escolhas individuais têm, na verdade, impactos maiores nos grandes sistemas socioeconômicos, altamente interconectados em todo o mundo. Mudar de uma pequena cidade rural para uma grande metrópole, ou de um continente para outro, traz mais implicações do que você possa imaginar — e a arquitetura, combinada com o conceito de "fuga de capital humano", pode estar auxiliando o processo nos bastidores, influenciando você a ir de um lugar para o outro.

As cidades estão encolhendo: vida e morte do espaço urbano na sociedade contemporânea

Na maioria dos casos, o planejamento urbano é uma prática desenvolvida com base na suposição de que toda cidade cresce, ou que pelo menos, deveria crescer. Entretanto, a realidade nos mostra que nem sempre tudo parece funcionar como o previsto, e que em nossa sociedade hoje, muitas cidades estão passando por um processo inverso, de decrescimento ou despovoamento. E isso não significa dizer que em cidades que decrescem o planejamento urbano seja algo desnecessário, muito pelo contrário, neste caso esta prática talvez seja ainda mais importante—além do fato de que ela deve assumir novos conceitos, critérios e estratégias capazes de fazer frente a este grande desafio. O fenômeno do despovoamento é um processo de declínio urbano generalizado que pode ter as mais diversas e complexas causas que vão desde mudanças significativas nos meios de produção, fenômenos migratórios, conflitos ou esgotamento dos recursos naturais. Buscando somar evidências e colaborar com o desenvolvimento do profuso debate que gira em torno do tema atualmente, a seguir apresentaremos algumas das principais abordagens que algumas cidades em processo de despovoamento tem incorporado em suas estratégias de planejamento urbano.

Arquitetura do acolhimento: a dimensão subjetiva dos projetos de assentamentos para migrantes e refugiados

A ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, estima que em 2020 o número de pessoas obrigadas a deixar suas casas ultrapassou a marca de 80 milhões, o que equivale a mais ou menos 1% da população mundial. Destes, 67% são de apenas cinco países: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar. Os motivos são inúmeros, desde conflitos bélicos até crises econômicas, políticas, ecológicas ou climáticas.

7 Pavilhões na Bienal de Veneza que exploram as migrações e seus impactos no espaço construído

Buscando responder a intrigante pergunta proposta por Hashim Sarkis como tema central da 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza, “Como viveremos juntos”, diversos arquitetos e curadores dos pavilhões nacionais apresentaram uma série de propostas e leituras sobre os principais problemas e as mais recorrentes questões que permeiam a nossa disciplina. A inquietação do curador da Bienal de Veneza de 2021, foi encarada como um chamado à comunidade de arquitetos “a imaginar espaços que nos permitam viver juntos generosamente”, espaços que não sejam limitados por contratos ou regras e sejam suficientemente flexíveis para acolher uma maior diversidade de pessoas, promovendo a sensação de pertencimento ainda que em um lugar completamente alheio a nossas próprias raízes. Ao contrário do que foi visto ao longo das últimas décadas, a migração hoje não é mais um fenômeno local—do campo para a cidade—, e sim uma questão bastante abrangente, complexa e que transcende fronteiras. As novas tecnologia e a consequente transformação dos espaços de trabalho, além é claro da recente pandemia, alteraram profundamente a forma como nos relacionamos com o espaço construído e não-construído. Atualmente, 85% dos nossos afazeres diários podem ser cumpridos sem precisarmos sair de casa. Dito isso, o que estamos observando no mundo hoje, é uma necessidade cada vez maior de flexibilizarão dos nossos espaços construídos e habitáveis.

Cidades dentro de cidades: as Chinatowns ao redor do mundo

A atual geografia humana de nosso planeta foi moldada ao longo dos séculos através de intensos processos migratórios e intercâmbios culturais. O constante movimento de bens e pessoas pelos quatro cantos do globo, inteiras comunidades que ao se afastar de seus lugares de origem levaram consigo traços de sua cultura e sociedade, acabou finalmente por influenciar o processo de desenvolvimento da arquitetura e construção de cidades ao redor do mundo. Isso significa também que,  no processo de estabelecimento em um novo território, muitas destas comunidades costumam reproduzir seus antigos padrões que geralmente, resultam na formação de pequenos enclaves que muito de distinguem das cidades onde se encontram.

Como as migrações de hoje influenciarão a arquitetura de amanhã?

Crises econômicas, emergências sanitárias e desastres naturais seguidos de conflitos sociais, desavenças políticas e a busca de novos lugares para viver têm sido, ao longo da história, os motivos para o deslocamento de centenas de milhões de pessoas. Como resultado disso, populaões inteiras tiveram que se adapatar às mudanças de residência, habitat e cultura.

Migrações e diásporas: por um desenho urbano que compreenda os movimentos sociais e culturais

Eles são arquitetos e nem por isso acham que a Arquitetura dá conta de conceber a complexidade da vida urbana. Rahul Mehrotra, da Índia, e Zulu Araújo, do Brasil, estiveram juntos no debate sobre Migrações e Diásporas, que faz parte da programação de junho do 27º Congresso Mundial de Arquitetos. Contaram suas experiências e, em comum, defenderam que a Arquitetura, em diálogo com outras áreas do conhecimento, precisa abarcar movimentos que são de natureza social e cultural. O debate foi mediado pela engenheira Daniella Abreu, Secretária Executiva de Assuntos Internacionais do Estado de Santa Catarina.

Para além da habitação temporária: cinco exemplos de infraestrutura social para refugiados

Ao longo da história do planeta terra, a migração humana - seja em busca de alimento, abrigo ou melhores condições de vida - tem sido a norma e nunca a exceção. Atualmente, no entanto, estamos testemunhando um fenômeno migratório sem precedentes. Segundo números publicados pelas Nações Unidas, mais de 68,5 milhões de pessoas encontram-se bem longe de suas casas no presente momento; os números oficiais apontam para mais de 25 milhões de refugiados, dos quais, mais da metade tem menos de dezoito anos. Entre outros fatores, os conflitos que os países do chamado "primeiro mundo" levam para países como a Síria e Mianmar, estão transformando algo que está na natureza do homem - o processo migratório - em uma crise sem precedentes e um dos principais desafios do século XXI.