Se você não leu “Descolonización del diseño, por una práctica incluyente” por Ashby Solano recomendo que vá primeiro ao artigo para entrar em uma discussão que está ganhando maior ressonância –embora não o suficiente– em diferentes núcleos do design. Mas o que é pensamento decolonial no design? Podemos acreditar na decolonização no México e na América Latina quando sua profissionalização caiu sob o dogma do pensamento eurocêntrico? Ou seja, eles nos ensinaram o que é design correto, o que é o bom design e o que deve ser profissionalizado.
Embora o concreto seja um dos sistemas construtivos mais utilizados no mundo todo, seja por sua durabilidade, maleabilidade e/ou resistência às intempéries, não devemos esquecer que a industria do concreto é uma das maiores emissoras de CO2 relacionas à industria da construção civil. Por este motivo, ao longo dos últimos anos, muitos arquitetos e arquitetas passar a experimentar novas possibilidades para tratar de otimizar seu rendimento, apropriando-se de todas as suas vantagens técnicas e buscando resolver alguns de suas desvantagens ambientais. Como resultado disso, alguns projetistas passaram a explorar a possibilidade de substituir as tradicionais fôrmas de madeira por materiais mais sustentáveis como o bambu, uma planta que cresce em abundância em quase todas as partes do mundo e que, com um baixo impacto ambiental, permite obter acabamentos aparentes com texturas de grande qualidade.
Viver em isolamento despertou em muitos arquitetos e arquitetas uma centelha de criatividade levando-os a explorar meios e métodos não convencionais para conceber seus projetos e instalações. Ao invés de fecharem seus escritórios e colocarem todos os projetos em andamento em standbyaté que a vida voltasse ao normal, profissionais das áreas criativas se mantiveram ativos, buscando inspiração em outras disciplinas como as artes performáticas e o teatro, vencendo o desafio imposto pelas regras de distanciamento social para (re)aproximarem-se de seus clientes e espectadores.
Ashley Bigham e Erik Herrmann, sócios e fundadores do Outpost Office, utilizaram-se deste tempo de distanciamento físico do trabalho prático para repensar a questão da “mobilidade”, desenvolvendo uma série de desenhos em escala 1:1 durante seu retiro no campus Ragdale, Illinois. Apropriando-se de tecnologias de ultima geração, a dupla utilizou robôs de marcação de campo controlados por GPS para criar uma instalação em escala urbana que procura responder algumas das principais questões relacionadas aos espaços públicos. Como resultado, Bigham e Herrmann receberam o primeiro prêmio no concurso Ragdale Ring 2020.
Ir além da escala humana não é novidade. Por séculos, construtores, engenheiros e arquitetos têm criado edifícios monumentais para marcar a espiritualidade ou o poder político. Palácios, edifícios governamentais ou templos sempre atraíram a admiração e reverência das pessoas, alimentando a ainda não totalmente compreensível obsessão por construções em grande escala.
Hoje em dia, algumas das maiores e mais impressionantes estruturas estão menos relacionadas a funções religiosas ou governamentais e parecem estar se voltando para programas mais culturais. Além disso, na maioria das vezes, as estruturas são abertamente releituras da natureza.
A cidade abandonada é um típico cenário de suspense, um lugar de terror e degeneração, a estimulante mistura entre perigo e liberdade. Uma ambiência que incita, ambiguamente, repúdio e curiosidade. Um espaço sombrio, oculto e marginal que parece lamentar, no silêncio assustador, o vazio deixado por aqueles que ali viveram. Nos seus fragmentos espalhados pelo chão, o medo, a descoberta e a inevitável nostalgia de um passado que não é necessariamente seu recriam histórias de abandono. Espaços que tiveram nome, data, função, e agora decompõem-se lentamente na solidão do presente.
Nos primeiros anos da história moderna, os monges taoístas cultivavam Bonsais buscando trazer a beleza das árvores do exterior para o interior, considerando-as um elo entre o humano e o divino. No século XVIII, na periferia de algumas cidades europeias, surgiram diversos passeios ou avenidas arborizadas, gerando espaços de descanso e socialização até então inexistentes nas cidades da época.
Nas cidades modernas, as árvores são utilizadas como elementos essenciais nos processos de urbanização e as espécies vegetais são um contraponto insubstituível às construções e à harmonização dos espaços. A boa escolha das espécies de árvores e sua correta manutenção geram inúmeros benefícios, como isolamento acústico e visual, regulação da temperatura, geração de corredores biológicos e controle da velocidade do vento. O principal erro na escolha de uma espécie é não considerar que se trata de um ser vivo, que tem necessidades específicas e que possui externalidades.
Observar a realidade de nosso ambiente construído nos permite reconhecer que existem identidades que os modelos e escalas existentes não representam. Estas vozes, não por acaso, têm sido as grandes ausências nos processos de planejamento e construção das cidades e de sua arquitetura. Seus desejos e formas de ser e viver no mundo foram excluídos e tornados invisíveis. Isso nos faz repensar quais vozes são representadas nos debates sobre o urbano e para quem se projeta a cidade?
Numa época em que o espaço se torna cada vez mais limitado e as pessoas passam mais tempo em casa, a flexibilidade apresenta-se como uma estratégia subutilizada nos projetos internos. Com móveis flexíveis, os residentes podem otimizar a metragem quadrada e remodelar facilmente as configurações de acordo com requisitos específicos e as necessidades de mudança. A seguir, discutimos os benefícios e variações dos móveis sobre rodas, encerrando com 7 projetos exemplificando sua aplicação prática e criativa.
https://www.archdaily.com.br/br/950741/por-que-projetar-espacos-com-moveis-sobre-rodasLilly Cao
O episódio mais recente do Arquicast trata do premiado e surpreendente filme sul-coreano Parasita (2019). O diretor Bong Joon-Ho nos convida a refletir sobre fatos e estigmas de uma realidade social que, apesar de focada numa determinada cultura, é representativa de contextos urbanos diversos, como o sul-americano. A luta de classes, afinal, é característica das sociedades modernas e se vê refletida nos espaços que abrigam essas sociedades. Neste sentido, Parasita é uma aula sobre como as desigualdades estruturais desenham a qualidade do ambiente onde vivemos.
É tudo muito recente: faz menos de um ano que uma família francesa se tornou a primeira do mundo a morar em um casa impressa em 3D - aliás, há menos de 20 anos, casas impressas em 3D eram um sonho longínquo. Mas essa nova tecnologia vem sendo desenvolvida rapidamente e desponta como uma possível contribuição à crise habitacional em todo o mundo.
Remanescentes do período de ocupação soviética, espaços urbanos monumentais e representativos de muitas das cidades do chamado Bloco de Leste Europeu ainda constituem um legado desafiador, tanto para seus cidadãos quanto para os arquitetos que nestes contextos projetam seus edifícios e espaços. Em completo desacordo com ambientes urbanos contemporâneos, regidos por valores democráticos e sociais, estes espaços ainda hoje representam um problema a ser resolvido. Edifícios e espaços públicos ideologicamente carregados estão aos poucos sendo recuperados, reconciliando os cidadãos com sua própria história—um passado que muitas vezes tende a ser esquecido e até apagado. Neste contexto, a (re)introdução da escala humana tem auxiliado arquitetos e urbanistas a restaurar a vitalidade dos espaços públicos destas cidades.
Culinária, cultura, passeios turísticos e o convívio com os habitantes locais são razões pelas quais as pessoas gostam de viajar. O fator comum que nos atrai a explorar novos lugares, no entanto, é simplesmente a chance de experimentar cidades e paisagens diferentes de nosso ambiente familiar. Por exemplo, quando os turistas chineses puderem visitar Copenhague novamente, poderão admirar as sinuosas ciclovias da capital à beira-mar, os exuberantes parques e as tradições dos tijolos escandinavos aparentes em Nyhavn. Da mesma forma, um turista dinamarquês certamente ficaria surpreso com a escala impressionante de Pequim, com mais de 9 milhões de bicicletas e a exibição da cultura chinesa antiga justaposta à sociedade moderna.
Kengo Kuma utiliza os materiais para se conectar com o contexto local e os usuários de seus projetos. As texturas e formas elementares dos materiais, sistemas construtivos e produtos são expostas e utilizadas em favor do conceito arquitetônico, valorizando as funções que serão executadas em cada edifício.
De vitrines feitas com telhas cerâmicas a painéis que filtram a luz com à luz peneirada criada por chapas metálicas expandidas, passando por um revestimento de poliéster etéreo, Kuma entende o material como um componente essencial que pode fazer a diferença na arquitetura, desde os estágios do projeto. Apresentamos, em seguida, 21 projetos nos quais Kengo Kuma usa e reúsa materiais de construção com maestria.
Por décadas, empresas confiaram em embalagens plásticas descartáveis para embalar produtos em todo o mundo. Hoje, os efeitos prejudiciais dessa dependência do plástico são evidentes: desde a década de 1950, mais de 9 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas, das quais apenas 9% foram recicladas; em todo o mundo, um milhão de garrafas plásticas são compradas e dois milhões de sacolas plásticas são usadas a cada minuto; e de acordo com a Plastic Pollution Coalition, em 2050, os oceanos terão, em peso, mais plástico do que peixes. Além disso, o plástico é um produto do petróleo e sua produção contribui ainda mais para os efeitos devastadores do uso de combustíveis fósseis no clima.
https://www.archdaily.com.br/br/950246/e-possivel-transformar-residuos-de-plastico-em-moradias-acessiveisLilly Cao
Fabricado entre 1924 e 1928, o Avions Voisin C7 apresentava uma construção inovadora para a época. O uso intenso de vidro, uma carroceria de alumínio e os ângulos agudos remetiam às formas de uma aeronave. Este era o automóvel que Le Corbusier gostava de estacionar em frente às suas obras – para o arquiteto, o automóvel era a tradução definitiva da modernidade e da técnica combinadas em um único objeto. Ele acreditava firmemente que a arquitetura tinha muitas lições a aprender com a máquina.
Com 3 marchas e 30 cavalos de força, dificilmente alguém utilizaria esse carro atualmente, e a indústria automobilística já sofreu inúmeras inovações desde a época. A arquitetura de Corbusier, no entanto, não parece tão datada aos olhos: são os automóveis registrados junto a um edifício recém construído que mais evidenciam o quão antiga é a foto. Localizar subsídios que denunciem o período da fotografia é um método eficiente, e para a arquitetura isso é ainda mais evidente. Seja um eletrodoméstico, um monitor de computador ou um detalhe específico, há elementos que tornam esse trabalho mais fácil.
A escala humana na arquitetura abrange desde dimensões físicas de um determinado edifício ou ambiente construído até a percepção ou experiência do espaço por meio dos sentidos. Portanto, a escala humana pode ser entendida como um parâmetro que surge do confrontamento entre o nosso corpo e o ambiente no qual estamos inseridos. Entretanto, à medida que passamos a observar a arquitetura para além da escala humana, onde a ergonometria já não mais desempenha um papel primordial na concepção do espaço e seus componentes, nos deparamos com uma série de novas tipologias arquitetônicas, as quais nos permitem refletir e repensar a maneira como concebemos nossos edifícios e espaços urbanos.
A intervenção humana sobre a paisagem natural é em si, algo contraditório. Se por um lado a arquitetura nos permite um acesso imersivo ao ambiente natural, por outro, edificar sobre a paisagens sensíveis significa despojá-la de sua própria essência. Portanto, ao considerarmos a arquitetura como um artifício que normatiza a presença humana na paisagem natural, o ato de construir implica também estarmos conscientes das múltiplas escalas envolvidas e, acima de tudo, de que a arquitetura—especialmente nestes contextos—é a nossa principal ferramenta para estabelecer os limites entre o acesso à paisagem e a preservação do meio ambiente. Explorando uma variedade de diferentes abordagens e estratégias formais de projeto, apresentaremos à seguir uma série de importantes lições apreendidas através de experiências concretas realizadas por distintos arquitetos e escritórios de arquitetura, experimentos que nos ensinam outras formas de abordar as relações entre a arquitetura e a paisagem.
A cidade de São Paulo como uma das maiores e mais populosas cidades do mundo acumulou ao longo dos anos uma profusão de relações entre o seu território e as pessoas que nele habitam. Ao semear e alimentar interesses, São Paulo tornou-se em pouco tempo um grande centro e ganhou relevância frente ao cenário nacional. Contudo, a metrópole apresenta cada vez mais um distanciamento entre suas camadas sociais, sem contar com o caos frequentemente estabelecido na cidade, seja por meio do trânsito ou dos habituais trasbordamentos, resultado do mau planejamento urbano, que atende aos interesses de poucos em detrimento a saúde da cidade.
A orientação e dimensionamento dos vazios são algumas das principais variáveis a serem levadas em conta na proposição de elementos vazados nas fachadas de edifícios. O estudo das condições locais é fundamental para o bom desempenho deste tipo de solução, particularmente bem-vinda em países que costumam ter temperaturas elevadas, como a Índia. Ainda que sua variedade climática dificulte as generalizações, as temperaturas podem atingir acima 40 graus no verão na maior parte do país, o que exige estratégias arquitetônicas específicas para amenizar a sensação de calor e umidade no interior das edificações.
Programas de culinária nunca foram tão populares no mundo. Sejam eles de receitas, reality shows ou documentários, o escritor Michael Pollan aponta que não é incomum passarmos mais tempo assistindo do que preparando nossa própria comida. Isso é um fenômeno bastante curioso, já que nos resta apenas imaginar os cheiros e gostos do outro lado da tela, como os apresentadores gostam de nos lembrar frequentemente. Ao mesmo tempo, quando assistimos algo sobre a Idade Média, rios poluídos ou desastres nucleares, ficamos aliviados de ainda não existir uma tecnologia para transmitir os cheiros. De fato, ao tratarmos de odores (e mais especificamente os maus), sabemos o quão desagradável é estar em um espaço que não cheira bem. Mais especificamente em edificações, quais são as principais fontes e de que forma isso pode afetar nossa saúde e bem-estar?
São frequentes os relatos de acidentes em banheiros, por geralmente serem locais apertados e, muitas vezes, escorregadios. Ainda que ninguém esteja imune a um escorregão após o banho, são os idosos que sofrem mais com as quedas, ocasionando ferimentos graves, sequelas e limitações funcionais. Com a redução natural dos reflexos e da massa muscular, quanto mais alta a faixa etária mais propensos a quedas nos tornamos.
Para proporcionar condições de vida mais confortáveis com o passar dos anos, o ambiente deve se adaptar às novas capacidades físicas de seus ocupantes. Tornar os banheiros mais seguros é fundamental para diminuir os riscos de acidentes ou reduzir o tempo de resposta no caso de uma queda. Apresentamos abaixo alguns pontos para se levar em conta ao desenhar banheiros para pessoas com idades avançadas:
Habitantes das grandes cidades, tendemos a ser arrastados para um estilo de vida acelerado. Rodeados de edifícios e infraestruturas de grande porte, podemos facilmente perder de vista os espaços fundamentais que nos conectam ao nosso bairro e nos proporcionam raros momentos de tranquilidade e lazer. A apropriação do meio ambiente que habitamos torna-se uma circunstância incomum.
Em cidades onde os espaços públicos são frequentemente esquecidos ou mal utilizados, a necessidade de estruturas adequadas à escala humana é fundamental. Para promover a participação cívica, recreação, socialização e tornar a cidade mais habitável e agradável para seus cidadãos, um recurso barato e rápido tem sido a criação de pavilhões ou instalações – microarquiteturas que oferecem a possibilidade de uma rápida fuga do cotidiano urbano.
No próximo sábado, dia 31 de outubro, comemora-se o Dia Mundial das Cidades, uma data estipulada pela Organização das Nações Unidas desde 2015, e que faz parte da iniciativa anual intitulada “outubro urbano”. Essa comemoração tem como objetivo promover o interesse da comunidade internacional na urbanização global, aumentar a cooperação entre países para debater o enfrentamento dos desafios da urbanização e contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável ao redor do mundo.
Porém, quando se fala em cidade, apesar do vocábulo significar uma genérica “aglomeração de pessoas situadas em uma área geográfica delimitada”, na prática sabemos que cada um desses agrupamentos é fruto de fatores muito singulares em termos de desenvolvimento e cultura. Nesse sentido, decidimos aproveitar a comemoração mundial do dia das cidades e fazer um recorte específico na nossa realidade, trazendo à tona os desafios enfrentados pelas cidades latino-americanas nos dias de hoje.
Desde sua inauguração no final dos anos 1990, o famoso relógio digital instalado na Union Square de Nova Iorque informava ao mundo com precisão a hora exata, sem nunca ter falhado por nem mesmo um único segundo. Entretanto, recentemente o monumental painel digital da maior cidade dos Estados Unidos parou—mas não por acaso. Isso porque o imenso relógio foi transformado em uma espécie de “Relógio Climático” (ou seria “Cronômetro Climático”) exibindo não mais a hora exata do dia mas uma contagem regressiva do tempo que ainda nos resta—segundo alguns especialistas—para tomarmos decisões em larga escala que possam reverter o processo de aquecimento global. Os dados publicados no relatório especial do IPCC sobre o aquecimento global são de fato alarmantes. Segundo o estudo, nos resta pouco mais de sete anos para que as atuais mudanças climáticas alcancem um ponto de irreversibilidade.