Arquitetura para as plantas: estufas e estruturas de cultivo

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As construções e estruturas destinadas ao cultivo de plantas - como as estufas e orquidários - são fundamentalmente espaços arquitetônicos que articulam o controle e a manipulação dos fatores ambientais como temperatura e umidade, permitindo adaptar esses parâmetros a demandas específicas das espécies mantidas - seja para seu cultivo, sua preservação ou sua exposição. Os projetos costumam variar segundo o uso e a localização geográfica da estrutura, sob influência de questões como o clima local, a altura das espécies a alojar, as demandas de ventilação, ou considerações como se a construção será temporária ou permanente, podendo por vezes se configurar a partir de sistemas de partes montáveis e desmontáveis. No entanto, existem alguns parâmetros comuns que atravessam esse tipo de construção. De forma geral, tendem a seguir uma linha similar em termos de materialidade e organização: para aproveitar os efeitos da radiação solar, as estufas apresentam com coberturas e fechamentos translúcidos, como vidro ou plástico, e se estruturam através de sistemas leves de peças que permitam grandes vãos, podendo ser de ferro, madeira, bambu, etc.

Ainda que seja muito difícil estabelecer uma data exata, acredita-se que as primeiras estufas - formalmente construídas com tal função - foram erguidas em meados dos 1850 nos Países Baixos para otimizar o cultivo de uvas. Além de seu uso produtivo, também eram utilizadas para permitir o crescimento de plantas exóticas, espécies pertencentes a regiões tropicais levadas à Europa, em jardins botânicos e grandes palácios. Muitos anos depois, também foram empregadas na produção de plantas ornamentais, hortaliças e outros cultivos de valor econômico.

A seguir, apresentamos uma seleção de dez estufas, orquidários e espaços de cultivo localizados e parques e jardins botânicos da América Latina - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Equador - que permitem identificar as constantes e variáveis de tal tipologia e estudar sua evolução através do tempo:

Estufa da Quinta Normal

  • Localização: Santiago, Chile
  • Ano: 1890

Estufa da Quinta Normal. Image © Alejo87 [Wikimedia] bajo licencia CC BY-SA 3.0

A Estufa da Quinta Normal está localizada no Parque Quinta Normal de Santiago (Chile). Originalmente, era propriedade do empresário Enrique Meiggs, na então Quinta Meiggs. Em 1890 foi adquirida pelo Estado e instalada no parque. O edifício se constitui por peças pré-fabricadas de ferro forjado e vidro que se apoiam sobre um embasamento de pedra.

Estufa principal do Jardim Botânico Carlos Thays

  • Localização: Buenos Aires, Argentina
  • Ano: 1897

Estufa principal do Jardim Botânico Carlos Thays . Image © Mariana Etulain

Exibida e premiada até 1889 na Exposição Universal em Paris, a estufa foi trazida para a Argentina e implantada no Jardim Botânico de Buenos Aires, em 1897. Este edifício em estilo Art Nouveau tem aproximadamente 35 metros de comprimento por 8 metros de largura, com uma cúpula alta que coroa o espaço central. A materialidade e morfologia do edifício permitem que a umidade e a temperatura do interior sejam adequadas para quase duas mil espécies de plantas.

Edifício do Jardim Botânico Cosmovitral

  • Localização: Toluca, México
  • Ano: 1909

Edifício do Jardim Botânico Cosmovitral. Image © Rosa Menkman [Flickr] bajo licencia CC BY 2.0

O Cosmovitral de Toluca (México) é um jardim botânico de aproximadamente 3.200 m². O edifício que abriga o jardim é uma estrutura de ferro forjado em estilo Art Nouveau construída entre 1909 e 1933 para abrigar o Mercado 16 de Setembro. O projeto do grande vitral interno é obra do artista Leopoldo Flores, que gerou uma sucessão cromática e temática sem início ou fim definido, cuja contemplação pode começar em qualquer de suas partes.

Estufas do Jardim Botânico de São Paulo

  • Localização: São Paulo, Brasil
  • Ano: 1938 

Estufas do Jardim Botânico de São Paulo . Image © Mike Peel [Wikimedia] bajo licencia CC-BY-SA-4.0

O Jardim Botânico de São Paulo está localizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Com 360.000 metros quadrados de área verde, o jardim botânico inclui 45.000 plantas, um museu botânico e 2 grandes estufas. Em uma delas se mantém e protege um grande número de espécies autóctones da Mata Atlântica. A outra estufa costuma ser utilizada como espaço onde se instalam as exposições temporárias.

Estufa do Jardim Botânico Fanchette Rischbieter

  • Localização: Curitiba, Brasil
  • Ano: 1991

Estufa do Jardim Botânico Fanchette Rischbieter . Image © Bruno Adamo [Unsplash] bajo Unsplash license

Inaugurado no ano de 1991, o jardim botânico foi proposto e criado por Jaime Lerner. Com uma extensão de 245.000 metros quadrados, está localizado em Curitiba, capital do estado do Paraná, no Brasil. A estufa central tem uma estrutura metálica de estilo Art Nouveau, conta com três abóbodas e está rodeada por jardins com cuidadosos desenhos geométricos e estilo francês.

Orquidário do Jardim Botânico de Quito

  • Localização: Quito, Equador
  • Ano:2005

Orquidário do Jardim Botânico de Quito. Image © Pedro M. Martínez Corada [Wikimedia] bajo licencia CC BY-SA 4.0

O orquidário do Jardim Botânico de Quito (Equador) foi inaugurado em 25 de Fevereiro de 2005 e está instalado dentro do Parque Público La Carolina. O orquidário é uma infraestrutura dentro do jardim botânico especializada no cultivo, preservação e exposição de orquídeas - que requerem condições de temperatura e umidade muito específicas.

Orquidário do Parque Bicentenário

  • Localização: Cidade do México, México
  • Ano: 2010

Orquidário do Parque Bicentenário . Image © vladimix [Flickr] bajo licencia CC BY-SA 2.0

O Parque foi construído como parte das celebrações do Bicentenário da Independência do México, nos antigos terrenos da Refinaria Azcapotzalco da Pemex. Inaugurado em 2010, o parque possui um orquidário, criado dentro de uma cisterna de 100 x 15 m, sobre a qual foi criado um sistema de rampas suspensas que cobrem toda a extensão do espaço.

Estufas do Parque Bicentenário

  • Localização: Cidade do México, México
  • Ano: 2010

Estufa do Parque Bicentenário . Image © ProtoplasmaKid [Wikimedia] bajo licencia CC BY-SA 4.0

As estufas do parque estão localizadas no setor "Jardín Natura". Este setor representa os nove biomas mais significativos do México. Quatro delas são áreas abertas, mas três são estruturas de concreto como estufas cúbicas que aparecem como marcos na paisagem urbana. As três construções se formam pela repetição de um módulo de 15x15x15 metros que contém um elemento -similar a um funil- para a retenção da água da chuva.

Orquidário Ruth Cardoso

  • Localização: São Paulo, Brasil
  • Ano: 2010

Orquidário Ruth Cardoso . Image © Belen Maiztegui

O orquidário "Professor Ruth Cardoso" é uma estrutura especializada no cultivo de orquídeas inspirada nos "habitats" das culturas africanas, indígenas e pré-colombianas. Um arco de concreto forma a estrutura e define a escala do orquidário, contendo um grande volume de ar. A partir da viga nasce uma sequência de armações metálicas curvas que, apoiadas por um anel semi-circular, formam a estrutura total do edifício.

Tropicário do Jardim Botânico de Bogotá José Celestino Mutis

  • Localização: Bogotá, Colômbia
  • Ano: 2016

Tropicario del Jardín Botánico de Bogotá José Celestino Mutis. Image Cortesía de DARP

O Tropicário nasceu de um concurso público que convocou arquitetos para projetar um novo edifício cultural e ambiental para o Jardim Botânico de Bogotá. A proposta do escritório colombiano De Arquitetura e Paisagem (DARP) foi anunciada como a vencedora em 2014, e as obras tiveram início em 2016. O projeto foi concebido "como uma série de pequenas paisagens interligadas através de áreas configuradas como zonas úmidas artificiais".

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Sobre este autor
Cita: Maiztegui, Belén. "Arquitetura para as plantas: estufas e estruturas de cultivo" [Arquitectura para plantas: Invernaderos y espacios de cultivo en Latinoamérica] 27 Jun 2020. ArchDaily Brasil. (Trad. Daudén, Julia) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/942266/arquitetura-para-as-plantas-estufas-e-estruturas-de-cultivo> ISSN 0719-8906

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