Reuso adaptativo: 4 exemplos de como intervir no patrimônio arquitetônico

A ação do tempo é inevitável para qualquer obra arquitetônica: todos os edifícios estão sujeitos, em maior ou menor grau, às consequências das condições atmosféricas e dos diferentes usos que lhes são atribuídos ao longo do tempo. Como alternativa para “dar vida” a edifícios sem uso, o reuso adaptativo tem ganhado força nas últimas décadas. Mas apesar de sua grande difusão, a aplicação prática deste conceito não é simples.

Antes de se propor um projeto de reuso de uma estrutura, deve ser conduzido um estudo sobre as diversas e subjetivas possibilidades de intervenção. Evidenciar ruínas, reconstruir volumetricamente a preexistência ou acrescentar novas estruturas são algumas dessas possibilidades, que são influenciadas por variáveis como custo, utilidade e a própria intenção do gesto arquitetônico.

A seguir, listamos algumas dessas possibilidades ao enfrentar o desafio de propor novos usos a uma estrutura preexistente. Ainda que não sejam exclusivas (no sentido em que pode ser utilizada mais de uma estratégia em um mesmo edifício), reunimos abaixo quatro diferentes formas de intervenção e quatro projetos de reuso adaptativo já publicados anteriormente no site para ilustrar cada uma delas.

Preservação de ruínas

Centro de Visitantes do Castelo de Pombal / COMOCO

Centro de Visitantes do Castelo de Pombal / COMOCO. Imagem © Fernando Guerra | FG+SG

Os motivos de se manter uma ruína podem ser muitos: de preservação da memória do(s) evento(s) que levaram a arquitetura àquele estado à ênfase na passagem e na ação do tempo sobre a materialidade. A preservação requer um cuidado especial para manter a estrutura, exposta às intempéries, em pé, como a adoção de contrafortes e estruturas independentes (como “exoesqueletos”), para reforçar uma estrutura fragilizada. Além disso, deve-se levar em conta acessibilidade, sinalização, iluminação, percursos expositivos, etc.

Retrofit

Miguel Couto / Cité Arquitetura

Miguel Couto / Cité Arquitetura. Imagem © Fabio Fernandes

Como principal motivação, o retrofit busca requalificar antigos edifícios por meio do uso de tecnologias avançadas em sistemas prediais e materiais modernos, visando melhorar o desempenho da edificação. Este processo deve ser compatível com as restrições urbanas e ocupacionais atuais. O resultado é a preservação do patrimônio histórico arquitetônico, aumentando sua vida útil, em um edifício contemporâneo.

Reconstrução volumétrica

Restauro do Castelo de Baena / José Manuel López Osorio

Restauro do Castelo de Baena / José Manuel López Osorio. Imagem © Jesús Granada

Quando uma edificação está em ruína e não possui a volumetria preservada em sua totalidade, apenas sugere, a partir de desenhos, documentações e das partes que ainda estão de pé, seu aspecto original e os elementos construtivos que o compunham (como esquadrias, coberturas, elementos decorativos, etc.), uma alternativa de intervenção é a reconstrução volumétrica. No entanto, a intervenção deve evitar tentativas de reconstrução mimética, exigindo assim, por exemplo, o uso de materiais que se diferenciem dos materiais originais da obra, para não resultar em um falseamento histórico.

Novo volume edificado

Acesso de Visitantes da Torre Kalø / MAP Architects + Mast Studio

Acesso de Visitantes da Torre Kalø / MAP Architects + Mast Studio. Imagem © David A. Garcia

Para além de intervenções de restauro direcionados à estrutura preexistente de um edifício, os projetos de reuso adaptativo podem contar com novos volumes edificados para abrigar novas funções. As estratégias de desenho nesse sentido são muitas e dependem da intenção do projetista, como o desejo de integrá-la mais diretamente na preexistência ou de projetá-la como um anexo.

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Sobre este autor
Cita: Susanna Moreira. "Reuso adaptativo: 4 exemplos de como intervir no patrimônio arquitetônico" 24 Fev 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/931372/reuso-adaptativo-4-exemplos-de-como-intervir-no-patrimonio-arquitetonico> ISSN 0719-8906

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