As arquiteturas do Rio São Francisco: um diário de viagem

As arquiteturas do Rio São Francisco: um diário de viagem

As viagens fluviais têm o intuito da pesquisa, registro e coleta de informações in loco tendo como assunto os rios. São realizadas por membros pesquisadores do Grupo Metrópole Fluvial da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), coordenado pelo Professor Alexandre Delijaicov. Cada um traça seu percurso de acordo com seus interesses pessoais, mas com um objetivo comum: reunir referências de projeto de arquitetura de infraestrutura fluvial para expandir o imaginário e repertório do grupo de pesquisa. A pergunta que motiva os pesquisadores é: como as pessoas se relacionam com as águas fluviais que correm em suas metrópoles, cidades ou vilas, no espaço construído ao longo dos rios? A linha definida pelos elementos terra e água é o eixo de partida dessa observação.

A viagem foi feita ao longo do rio São Francisco em janeiro de 2019, de Petrolina e Juazeiro até a foz, junto com Oliver de Luccia, também pesquisador e mestre pelo Grupo Metrópole Fluvial. Ao longo do trajeto, observamos o modo como as cidades construídas às margens das águas se aproximam do rio e de seus afluentes. Olhamos para os elementos construídos que levam a terra e as cidades ao rio: os cais, as praias, as orlas, as escadarias e as rampas, os pontões e os flutuantes, as avenidas e as ruas a beira mar, as embarcações e as construções em palafitas. Atentamo-nos à qualidade desses espaços e como os mesmos podem mudar o cotidiano das pessoas.

O rio São Francisco é o eixo de uma das oito bacias hidrográficas do Brasil, junto ao Amazonas, (rede hidrográfica mais extensa do mundo), Tocantins, Atlântico Norte/Nordeste, Paraná, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste e Uruguai [1]. Possui 2.700 km de extensão, uma área de drenagem de 639.219 km² (7,5% do país) e vazão média de 2.850 m³/s (2% do total do país) [2]. Nasce na Serra da Canastra, Minas Gerais, e deságua no Oceano Atlântico entre os estados de Alagoas e Sergipe. Soma 168 afluentes, sendo 99 constantes e 69 intermitentes.

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Base: Mapa do Ministério da Integração Nacional

PLANTA CHAVE DO PERCURSO

  1. Juazeiro
  2. Petrolina
  3. Santa Maria do Boa Vista
  4. Belém de São Francisco
  5. Paulo Afonso
  6. Piranhas
  7. Penedo
  8. Piaçabuçu

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Imagem à esquerda: Mapa da América do Sul - Hidrografia. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth. Imagem à direita: Mapa do Rio São Francisco. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Governo do Brasil

Os relatos em desenhos e textos que seguem, de cada cidade visitada, são registros dessa viagem fluvial. O livro do engenheiro Theodoro Sampaio, O Rio de São Francisco e a Chapada Diamantina, trechos de um diário de viagem [3], sobre expedição realizada entre 1879 e 1880, é uma referência e fonte de inspiração de valor inestimável para qualquer um que se interessar por essas paisagens. Trechos dessa obra prima de olhar técnico e poético e escrita precisa permeiam esse relatório.

Nestas paragens, o deserto é apenas aparente. O Brasil, em verdade, é mais habitado do que se pensa e menos rico do que se presume. - Sampaio (1905, p.32 e 33)

JUAZEIRO, BAHIA, margem direita  | PETROLINA, PERNAMBUCO, m. esquerda

Antes dos avanços dos bandeirantes no final do século XVI, índios Tamoqueus, Tamoquins, Guaisquais, Galaches e Cariri ocupavam essa área próxima ao rio. Em 1706 os Franciscanos instalam missão e edificam uma capela e um convento na rua 15 de novembro, hoje centro da cidade de Juazeiro

1878: Fundação da cidade de Juazeiro| 216.707 habitantes (Fonte: IBGE Cidades)

Petrolina está na margem oposta em relação à Juazeiro. Era antes a 'Passagem de Juazeiro' e o cruzamento de vias de acesso para os Estados do Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 

1895: Fundação da cidade de Petrolina | 349.145 habitantes (Fonte: IBGE Cidades) 

Uma ponte conecta as cidades e os diferentes estados, Bahia e Pernambuco, e tem um apoio intermediário na Ilha do Fogo. De Juazeiro, chega-se de caiaque, em 10 minutos de remada, nessa formação rochosa que brota no meio do rio e forma uma prainha bastante frequentada para lazer. 

Juazeiro tem uma relação mais próxima com seu rio. A orla passa por uma reforma para acomodar quadras esportivas, passeio, área para barraquinhas de vendas de comidas e bebidas. A jusante da ponte, bares e restaurantes ocupam o cais alto e se voltam para as águas.

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Mapa de Juazeiro e Pernambuco. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Mapa de Juazeiro e Pernambuco. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Esquerda: Orla de Juazeiro. Foto de Oliver de Luccia, 2019. Direita: Embarcação de transporte de passageiros desembarca na orla de Juazeiro. Foto de Oliver de Luccia, 2019

O muro do cais e as rampas de acesso são de pedra. Escadarias generosas também levam ao cais baixo. A vegetação nessa área não é o suficiente para sombrear os passeios. A maior frequência ocorre no período noturno, quando o sol dá uma trégua.

O prédio branco à esquerda, sob o cais alto, é o antigo mercado. Parte dele é ocupada como um cortiço e a outra parte está em reforma para abrigar uma instituição pública.

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Embarcações atracadas na orla de Petrolina. Foto de Oliver de Luccia, 2019

Embarcações fazem a travessia do rio São Francisco, de Juazeiro à Petrolina, de 15 em 15 minutos ou 30 em 30 minutos, (domingos e período noturno). A travessia é agradável e não dura mais do que dez minutos. O custo é de R$ 2.00.

A Ponte Eurico Gaspar Dutra de 801m de extensão foi construída na década de 50, a estrutura central era móvel, elevava-se para passagem de embarcações maiores. O projeto foi do engenheiro Eugène Freyssinet, sendo a segunda ponte de concreto protendido do Brasil. As obras de ampliação, entretanto, bloquearam essa parte móvel do tabuleiro que permitia a navegação de grande porte pelo rio. [4]

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Ponte vista de Juazeiro. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Cartão Postal da Ponte Eurico [Gaspar] Dutra: Petrolina, PE. Sem autor. 1970. Fonte: IBGE Cidades

SANTA MARIA DA BOA VISTA, PERNAMBUCO, margem esquerda

As aldeias indígenas que ocupavam a região eram de Coripós, na ilha de Santa Maria e Cariris, na ilha do Aracapá. O registro mais antigo que se tem desses povos é de 1672.

41.931 habitantes (Fonte: IBGE Cidades) 

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Mapa de Santa Maria da Boa Vista. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Mapa de Santa Maria da Boa Vista. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth

Santa Maria da Boa Vista está em uma colina suave que é margeada pelo São Francisco. A Praça da Igreja termina em uma rocha arredondada que aponta para o rio, de onde se tem uma perspectiva ampla da paisagem. Uma escadaria contorna as pedras e faz a transposição de níveis até as águas.

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Esquerda: Barco escolar atracado à orla de Santa Maria da Boa Vista. Foto da autora, 2019. Direita: Rocha em frente à igreja com escadaria que a ladeia, árvore e bancos. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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O muro rosa que delimita o terreno da casa impede a vista da praça em direção ao rio, destituindo um pouco a sua posição de mirante. Foto da autora, 2019
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A igreja está em uma praça seca, no ponto mais alto da cidade, com vista para o rio. Nenhuma árvore foi plantada, talvez para manter a visibilidade integral da igreja. Degraus de convite criam um desnível entre praça e igreja, reforçando sua posição de destaque. Foto da autora, 2019
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A rua lateral à igreja tem um canteiro central que faz a transposição de níveis entre uma pista e outra. As casas são coloridas e criam fachadas contínuas no alinhamento da calçada. Foto de Oliver de Luccia, 2019

Partimos rio ácima de velas enfunadas, duas enormes velas triangulares presas a um só mastro, simulando as azas de gigantesca gaivota, que voasse rente com as aguas bem pelo meio da corrente, e singramos assim por muitas horas n’uma desfilada triumphal, gozando da paisagem mais de largo, distinguindo por sobre a vegetação monotona das catingas as linhas do relevo do terreno distante, e mantendo-nos como que a igual distancia de ambas as margens que nos pareceram deshabilitadas. - Sampaio (1905, p.30)

BELÉM DE SÃO FRANCISCO, PERNAMBUCO, margem esquerda

20.729 habitantes (Fonte: IBGE Cidades) 

A cidade de construções coloniais que datam do início do século XX surpreende pela organização, beleza e refinamento técnico. Parece uma vila de passado imperial. Amplas ruas de paralelepípedo em malha de vias ortogonais, casarões térreos sob porão de aproximadamente um metro acima do nível da rua e varandas que resguardam a entrada, ou ainda pequenas casas geminadas, coloridas, com platibandas desenhadas. 

A parte mais próxima do rio, entretanto, foi inteira reconstruída devido a uma inundação ocorrida em 1919. A nova ocupação é de construções menores e mais precárias.

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Mapa de Belém de São Francisco. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth

Belém está localizada em trecho do rio onde se formam ilhas fluviais que são densamente cultivadas.

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A orla mantém uma faixa de areia que forma uma “prainha”, ocupada pelas mesinhas dos bares. Tomar uma água de coco com os pés na água do rio é o melhor refresco para o calor seco e implacável. Um portal marca a descida ao nível do rio por rampas e escadarias. Foto de Oliver de Luccia e da autora, respectivamente, 2019
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As edificações de Belém de São Francisco impressionam pela técnica construtiva. Além dos ornamentos que embelezam as fachadas, a disposição dos espaços parece ideal: varandas, janelas bem distribuídas, porém estreitas para iluminar sem ofuscar. As árvores são plantadas nos canteiros centrais e laterais e ocupam o leito carroçável. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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As casas mais simples são também bem mantidas e coloridas. O espectro de cores sem autoria, resultado de uma escolha gradual e coletiva, é harmonioso e parece ter o peso de gerações. A sequência de fachadas compõe uma paisagem urbana familiar e em escala confortável para o pedestre. As platibandas desenham o conjunto das frentes das casas. Pequenos relevos que emolduram janelas ou delimitam o pé-direito dão movimento e desenham sombras. As casas estão a um ou dois degraus acima do nível da calçada. Essa diferença já é o suficiente para delimitar o espaço privado do público. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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A igreja está no meio de um terreiro. O espaço se manteve assim, com um vazio no entorno, o que permite que seja contemplada de longe. Ela fica nos limites da cidade, e não no centro, como usualmente. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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A sequência de árvores forma um recinto sombreado e de temperatura mais amena e úmida. Essa vegetação determina o espaço de transição entre público e privado. As portas das casas dão direto para a calçada, e a calçada se estende no leito carroçável e se torna um lugar semi-privado, onde moradores se instalam com suas cadeiras e mesinhas. Foto de Oliver de Luccia, 2019

PAULO AFONSO, BAHIA, ilha fluvial 

Os primeiros habitantes identificados são os índios Mariquitas e Pancarus. Em 1705 chegam os padres catequizadores e em 1725, o sertanista Paulo Viveiros Afonso recebe uma sesmaria situada na margem esquerda do rio São Francisco.

Em 1948 a Companhia Hidrelétrica do São Francisco constrói o complexo de usinas e o núcleo habitacional na área com finalidade de aproveitar a energia da cachoeira de Paulo Afonso. O complexo hidrelétrico é composto hoje por cinco hidrelétricas: Usina Apolônio Sales, Usinas Paulo Afonso, I, II, III e IV. Soma-se 4.300 MW de produção energética. Está implantado em lugar de cachoeiras e grandes desníveis, aproveitando-se justamente dessa condição natural para geração de energia. (Fonte: Estado da Bahia) [5]

117.782 habitantes | (Fonte: IBGE Cidades) 

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Complexo Paulo Afonso visto de cima. Fonte: Acervo do historiador João de Sousa Lima
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Mapa de Paulo Afonso. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Ponte metálica que dá acesso à outra margem do rio, A transposição não é aberta ao público. Em casos de emergência, de necessidade de rápida evacuação, o acesso é liberado. Fotos de Oliver de Luccia, 2019
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O complexo Paulo Afonso foi construído com o objetivo de geração de energia, mas também de lazer e contemplação. A construção que dá acesso ao teleférico é também um mirante, composto por escadarias, terraços e marquise. No lugar de sua implantação há um parque, um hotel que foi desativado e um teleférico, também fora de funcionamento. Foto da autora, 2019
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Igreja São Francisco de Assis hoje e foto de procissão com igreja ao fundo. Foi construída em 1949, no mesmo ano em que as usinas começaram a ser construídas. Fonte: Acervo do historiador João de Sousa Lima.
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[Bonde do Angiquinho]: Cachoeira do Croatá: Paulo Afonso (BA). Sá, Cláudio Xavier de, 1980. O Bonde do Angiquinho ligava a cidade de Paulo Afonso, em uma das margens, ao município de Delmiro Gouveia, em Alagoas, localizado na outra margem, passando pelo Rio São Francisco. Era utilizado para transportar as pessoas que trabalhavam na Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Situado a cerca de 100 metros de altura, o bondinho com capacidade para 8 pessoas percorre uma extensão de 360 metros. (Fonte: IBGE Cidades)

USINA DE ANGIQUINHO, margem alagoana da cachoeira de Paulo Afonso

A 1ª Hidrelétrica da Cachoeira de Paulo Afonso e a 1.ª do Nordeste foi inaugurada em 26 de Janeiro de 1913 pelo industrial Delmiro Gouveia. Fornecia energia elétrica a sua indústria têxtil, Companhia Agro Fabril Mercantil, localizada na cidade de Pedra (hoje Delmiro Gouveia). Alimentava uma bomba d'água que abastecia a mesma cidade, distante aproximadamente 24km da cachoeira.

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Esquerda: Perspectiva da Usina de Angiquinho. Desenho da autora, 2019. Direita: Usina de Angiquinho. Foto da autora, 2019

A cachoeira de Paulo Affonso, o famoso sumidouro dos antigos chronistas e viajantes, é, de facto, um dos espetaculos mais estupendos que se pode imaginar.

Não tento descreve-lo, direi apenas o quanto baste para explicar as vistas photographicas que aqui reproduzimos e que por si sós dispensam qualquer descripção sempre pallida daquelle prodigioso e inesquecivel quadro da natureza. - Sampaio (1905, p.20 e 21)

PIRANHAS, ALAGOAS, margem esquerda

25.039 habitantes (Fonte: IBGE Cidades) 

A ferrovia que margeava o São Francisco tinha uma estação final em Piranhas. Havia nesse momento um encontro de dois modais: hidro e ferro, que ocorre em dois níveis da cidade: porto, na praia fluvial, e estação de trem sob o dique dos trilhos (talude beirando o rio), no cais alto. A ponte ferroviária transpõe a rampa que liga a cidade às águas, e chega em um largo onde havia o viradouro das locomotivas. Hoje o espaço é uma praça alta, no nível dos trilhos. A praça dá continuidade à rampa do porto, passa-se por debaixo da ponte ferroviária para acessá-la. 

Piranhas está implantada entre morros, na beira do rio São Francisco. Nesse trecho do rio, o vale é profundo, com a formação de cânions, onde as vertentes são íngremes e recortadas. Os dois morros que abraçam Piranhas são mirantes para a cidade e para o rio. Escadarias transpõem os desníveis em menos de 20 minutos de subida a pé. As ocupações estão ora nos topos de morro, ora nas partes baixas das encostas. As ruas se colocam paralelas ao rio, em uma sequência de rampas suaves para acompanhar o arranque da vertente. Forma-se um anfiteatro voltado para o rio, de fachadas de casas que olham o vale. 

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Foto antiga de Piranhas. Ao centro a rotatória de trem. Fonte: Site de Estações Ferroviárias do Brasil
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Mapa de Piranhas. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Mapa de Piranhas. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Mapa de Piranhas. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth

Piranhas oferece ao visitante, quer do lado do rio quer do alto da montanha em cuja encosta áspera se edificou, um aspecto desagradável. O local topograficamente falando não podia ser peior. Mas como ahi é que a navegação de facto termina, com o trecho navegável do canhão em que o rio penetra desde Paulo Affonso até Pão d’Assucar, o porto natural se foi aos poucos povoando, e as edificações foram galgando a montanha ao longo da estrada do sertão que ahi começa.

O trecho do rio que acabávamos de percorrer, para cima de Pao d’Assucar, é de facto, um estreuto canhão de margens escarpadas, altas e pedregosas, onde o gneiss e o micaschisto predominam e dão á paisagem esse tom áspero e enegrecido, das regiões estéreis e quase despidas de vegetação.

A população, nesse trecho, é, por isso mais rara; as culturas quase que desaparecem e, se acaso existe, ficam por detraz dos morros de acesso difícil.

A nota pittoreca não perdeu comtudo em efeitos, talvez mesmo tenha ganho alguma cousa mais, nessa scena da natureza, em que não raro o bello sobre-leva ao útil. - Sampaio (1905, p.14 e 15)

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Esquerda: Estação de Piranhas, hoje o museu da cidade, e torre da estação. Uma escadaria helicoidal acessa o primeiro nível da torre onde funciona um café. Foto da autora, 2019. Direita: As ruas paralelas ao rio são eixos para a sequência de fachadas coloridas, cujas edificações se incrustam no morro. Foto de Oliver de Luccia, 2019

A bela composição, de frentes para o rio com portas e janelas que se abrem para um patamar em desnível com a rua, é a parte mais agradável das casas. Os cômodos de trás são pouco, ou nada iluminados e ventilados, o que torna as residências insalubres.

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Igrejinha de Piranhas. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Do outro lado, vê-se a continuação de Piranhas: uma só rua, a da estação, antiga rua dos trilhos, que contorna a encosta. O campo de futebol de várzea é uma construção simples e bela: um retângulo gramado no plano. A arquibancada é uma escadaria que parte da rua principal. Outras escadarias paralelas dão acesso às margens do rio a partir da rua, como mostra a foto seguinte. Foto da autora, 2019
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Praça do porto de Piranhas. Ao fundo, à direita, a ponte ferroviária. A praça fica bastante lotada a partir das 19h, após o pôr do sol. À esquerda a praça alta, do antigo viradouro. À direita, praça baixa contornada por bares e restaurantes. Rua lateral em rampa que dá acesso à praça baixa. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Embarcações no atracadouro de Piranhas. De lá partem os passeios para a “Rota do Cangaço”, uma pequena trilha que leva à Grota do Angico, (SE), onde Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros foram mortos em 1938. As cabeças foram expostas na escadaria de Piranhas, junto com seus pertences. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Cânions do Xingó. Flutuante e piscina demarcada no rio. Foto da autora, 2019
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Cabeças dos cangaceiros expostas na escadaria da prefeitura da cidade. Dentre eles, Maria Bonita e Lampião. Fotógrafo desconhecido / Acervo Instituto Moreira Salles/ICCA e Sociedade do Cangaço
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Vista da barragem do Xingó, em direção à jusante. A Usina hidrelétrica do Xingó. A instalação da usina gera fortes correntezas e redemoinhos, sobretudo nas curvas de rio. As águas puxam em direção ao fundo, mas na superfície esse movimento é pouco percebido. No trecho dos cânions, a profundidade pode chegar a 200m, segundo moradores. Foto de Oliver de Luccia, 2019

FERROVIA - Piranhas (AL) - Petrolândia (PE) - margem esquerda

Na margem esquerda do rio São Francisco, a ferrovia, que funcionou entre 1881 e 1964, corre paralela ao curso d’água na extensão não navegável em condições naturais. Nesse trecho de 115km, há um desnível de cerca de 260 m.

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Traçado da ferrovia. Desenho elaborado pela autora, 2019
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Planta geral da Estrada de Ferro do Recife ao São Francisco. Moysés de Montmorency, 18__. Fonte: Biblioteca Fluminense
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Barcos a vapor no porto de Piranhas. Foto de Ignácio Mendo, 1870. Fonte: Biblioteca Nacional
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Estrada de Ferro de Paulo Afonso: Piranhas, ponte de 3 vãos, de 6.0m cada um. Foto de Ignácio Mendo, 1880. Fonte: Biblioteca Nacional

Theodoro Sampaio visitou o trecho da ferrovia quando esta estava em obras, e descreve:

Havia ahi então muito povo. O mulherio era extraordinário; e isso se explicava pelo afluxo dos retirantes do alto sertão que a seca prolongada expellira dos seus lares. A população masculina estava espalhada ao longo da linha férrea em trabalhos de construção, emquanto o elemento feminino e as crianças permaneciam na sede onde se lhes distribuía em mantimentos parte do salario ganho por seus paes e maridos empregados nos serviços da estrada.

As habitações eram poucas para tanta gente. Improvisaram-se ranchos de palha, pequenas tendas fechadas com esteiras, tudo quanto era possível imaginar-se para agasalhar a população excedente ou adventícia.

Chegavamos exatamente na ocasião em que se distribuíam os socorros pela população faminta no barracão próximo á estação da estrada de ferro. O aspecto dessa gente não negava os sofrimentos por que tinha passado. As mulheres e as crianças macillentas, sujas, e com as roupas em farrapos, assentadas pelo chão, trahiam um sofrimento que os primeiros soccorros não lograram totalmente extinguir.

Mais a fraqueza e debilidade do que a impaciência no receber o minguado soccorro, vagarosamente distribuído, davam-lhes um aspecto triste, desconsolado e doentio.

Entretanto, quanta miséria, quanta desgraça, quanto infortúnio com esse minguado socorro se pouparam? - Sampaio (1905, p.16)

PROJETO DE REDE DE CANAIS PARA IRRIGAÇÃO
IGREJA NOVA, ALAGOAS, margem esquerda

No município de Igreja Nova foi construída uma rede de canais de irrigação na área rural que derivam as águas do Boacica, afluente do rio São Francisco. O projeto é uma forma de recuperar as áreas de várzea a jusante da Usina de Sobradinho, afetadas pela construção dessa hidrelétrica. O objetivo é simular artificialmente as condições naturais anteriores de variações de níveis d’água, ideais para plantação de arroz, para viabilizar essa agricultura já desenvolvida no local. A barragem de Sobradinho diminuiu o leito fluvial, secando áreas anteriormente alagadas nas margens do rio. A rede de canais alimentada por bombeamento das águas do Boacica, drena a área das várzeas e permite retomar as condições das plantações que exigem solo encharcado.

O fato da construção da barragem de Sobradinho ter desativado os meios de sobrevivência da população ribeirinha do baixo São Francisco, obrigando ao poder público buscar alternativas para mitigar os efeitos provocados, por si só, caracterizou estes projetos como de interesse social. (Decreto nº 2178/1997) Fonte: Codevasf. [6]

Números:

  • Construção: 1981 - 1984
  • Atividades: Cultivo de Arroz (principal), Fruticultura, Cana e Piscicultura.
  • 768 lotes irrigados = 2.762ha
  • Infraestrutura: 150km de canais, 146km de drenos, 122km de estradas, 46.6km de diques, 3 estações de bombeamento.
  • Vazão outorgada vigente:  63.665.489m³/ano
  • Investimento (até 2015): R$ 153.773.373,10 - Recursos: BIRD [7]

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Mapa da região de Boacica. Desenho elaborado pela autora, 2019
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Canal de irrigação no Boacica. Estrada lateral ao canal. Ao fundo, Igreja Nova. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Esquerda: Canais de drenagem em Boacica. Foto de Oliver de Luccia, 2019. Direita: Áreas alagadiças na várzea do rio Boacica. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Cidades urbano-rurais estruturadas por uma rua. Cada moradia tem um lote estreito e longo o suficiente para plantação. É, portanto, uma propriedade com uma fachada urbana, mas com função rural. Usufrui-se do convívio com os vizinhos e da proximidade de equipamentos públicos, mas se mantém a possibilidade de cultivo e prática agrícola. Foto de Oliver de Luccia, 2019

PENEDO, ALAGOAS, margem esquerda

1534: Terras pertencentes a Duarte Coelho Pereira, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco.
1636: Elevada à categoria de vila com o nome de Vila do Penedo do São Francisco.
1637: Maurício de Nassau invade Penedo, (a vila passa a se chamar Maurícia), que permanece sob o domínio holandês até 19 de setembro de 1645, quando Valentim da Rocha Pita comanda a batalha final do movimento revolucionário “Openada”.
1842: Penedo torna-se cidade.

63.683 habitantes (Fonte: IBGE Cidades)

Penedo está construída em uma colina contornada pelo rio São Francisco e um pequeno afluente. No divisor de águas dessa colina há um bulevar, a Avenida Getúlio Vargas, que lembra a avenida Paulista dos casarões de barões do café em São Paulo. Assim como a Paulista, ele está no eixo mais alto da cidade, o espigão. Terrenos amplos com jardins e casas ostentosas se ancoram ao longo da avenida de 1 km de extensão.

A cidade tem escalas imperiais: largas ruas, muitas igrejas e uma rede de praças e largos. Os espaços públicos são generosos e bem distribuídos. 

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Mapa de Penedo. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Belvedere de Penedo. A rocha registrada nas fotos separa duas partes da cidade: bairro de Santo Antônio e o centro. Fotos de Oliver de Luccia, 2019
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Dique construído ao longo da rua dos Pescadores no bairro de Santo Antônio. O passeio sobre o dique está em construção, mas já é bastante utilizado. Fotos de Oliver de Luccia, 2019
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Esquerda: Estaleiro recém reformado e passeio em construção. Foto de Oliver de Luccia, 2019. Direita: Vale do afluente que contorna a colina de Penedo. A linha d’água é transposta apenas pela travessa XV de novembro que aparece à direita na foto e é a única ligação viária em ponte entre o centro e o bairro de Santo Antônio. Outras transposições menores: vielas e escadarias se conectam à rua dos pescadores, que margeia o São Francisco. Foto da autora, 2019
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Orla de Penedo. Fotos de Oliver de Luccia, 2019

PIAÇABUÇU, ALAGOAS, margem esquerda

1882: Foi elevado à categoria de Vila, sendo desmembrado do Município de Penedo.
1911: Município é constituído do distrito sede.

17.827 habitantes (Fonte: IBGE Cidades)

Piaçabuçu tem uma localização estratégica para a transposição do rio São Francisco, nas proximidades de sua foz, conectando Alagoas e Sergipe, e em uma escala mais distante, Pernambuco à Bahia. O município está localizado a 11km do mar, ao final de um trecho retilíneo do rio, que depois, em direção à montante, faz uma curva a oeste para adentrar o continente. Uma ilha fluvial divide o curso d’água em dois, criando zonas de remanso em cada margem. Na margem esquerda está Piaçabuçu.

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Mapa de Piaçabuçu. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Esquerda: Orla de Piaçabuçu: escadarias e pontão com atracadouro. Fotos de Oliver de Luccia, 2019. Direita: Orlas de Piaçabuçu, escadaria e pontão até o nível do rio, onde atracam os barcos. Canoas atracam na areia. Fotos de Oliver de Luccia, 2019
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O edifício amarelo é o antigo mercado. Hoje funciona como Terminal Turístico e mercado de artesanato. Fotos de Oliver de Luccia, 2019
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Vilarejo entre Penedo e Piaçabuçu, às margens do rio Piauí, afluente do São Francisco. Nesse trecho, o Piauí está paralelo e a 100m da rodovia. A capela rural é o centro do conjunto de casas dispostas em eixos perpendiculares, ligando rio à rodovia. Mais a frente, a fábrica abandonada que deu origem a esse casario projetado. Fotos da autora, 2019
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Vista aérea da Fabrica de Tecido Marituba. Fonte: IBGE Cidades
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Mapa da foz do rio São Francisco. Desenho elaborado pela autora, 2019. Base: Google Earth
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Esquerda: Em direção à foz, com Oliver. Foto do barqueiro de Piaçabuçu, 2019. Direita: Dunas do lado de Alagoas, na foz do rio São Francisco. Barraquinhas de espetinho e bebidas e de artesanato formam um núcleo de comércio no meio das dunas. A sombra que providenciam com lonas estendidas é essencial. Foto da autora, 2019.

PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Maior obra de infraestrutura hídrica do País.

Números:

  • 477 quilômetros de extensão em dois eixos, Leste e Norte
  • 13 aquedutos
  • 9 estações de bombeamento
  • 27 reservatórios
  • 9 subestações de 230 quilowatts
  • 270 km de linhas de transmissão em alta tensão 
  • 4 túneis-canais
  • Cuncas I: 15 quilômetros de extensão, maior da América Latina para transporte de água.
  • Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terranova e Verdejante (PE); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro (CE); em São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (PB). 
  • Eixo Leste: Floresta, Custódia, Betânia e Sertânia (PE); e Monteiro, na Paraíba. Segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. (Fonte: Ministério da Integração Nacional do Governo Federal do Brasil) [8]

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Mapa das transposições do rio São Francisco. Desenho elaborado pela autora. Base/Fonte: Mapa do Ministério da Integração Nacional do Governo Federal do Brasil
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Bacia de retenção no cume do dique. Foto de Oliver de Luccia, 2019
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Estação de bombeamento de água em Floresta e bacia de retenção para onde a água é bombeada. Ao fundo, o rio São Francisco, de onde são bombeadas as águas. Foto de Oliver de Luccia, 2019

Os elementos da transposição do rio: canal, ponte-canal, bacia e a própria estação de bombeamento, poderiam ter sido projetados em uma escala mais apropriada às pessoas, formando espaços de passeio e estar, de contemplação das águas e de suas infraestruturas.  

Um passeio ao longo da ponte-canal, escadarias e rampas para transpor o desnível do dique que embasa a bacia de retenção, arborização, bancos, estações de bombeamento em desníveis menores, de 5 a 6m de altura, poderiam criar uma paisagem fluvial de lazer, aliada ao uso objetivo da transposição. 

A vista que se tem da bacia é deslumbrante, mas chegar até lá é quase uma aventura pela encosta do dique tomada por pedregulhos e pela vegetação espinhosa típica da caatinga. Apesar de não termos visto nenhum aviso de proibição, não parecia ser um lugar adaptado a visitas públicas.

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Banhistas no canal de transposição do rio São Francisco. Os taludes inclinados que o conformam e a profundidade do canal tornam a atividade perigosa. Fonte: Sertania Vip blog
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Bodes transpõe o canal. Foto de Wilson Pedrosa, 2018. Fonte: Veja SP

Visto que a demanda existe e é inevitável, o ideal seria pensar em projeto adequado para os múltiplos usos d’água: lazer, abastecimento, drenagem, energia, irrigação e navegação. 

INFRAESTRUTURAS DO RIO SÃO FRANCISCO

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Tabela elaborada pela autora. Fonte: CHESF

Sobre a autora:
Eloísa Balieiro Ikedaé pesquisadora e doutoranda do Grupo Metrópole Fluvial do Laboratório de Projeto, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, onde é orientada por Alexandre Delijaicov. É também professora na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. O trabalho acima tem como título original Cidades Fluviais às Margens do Rio São Francisco: de Petrolina e Juazeiro à foz, em Piaçabuçu.

Notas:
1. Fonte: Agência Nacional das Águas. Disponível em http://portal1.snirh.gov.br . Acesso em 02 de Fev. 2019.
2. Governo do Brasil. Disponível em: http://www.brasil.gov.br. Acesso em 02 de Fev. 2019.
3. SAMPAIO, Theodoro. O Rio de São Francisco e a Chapada Diamantina, trechos de um diário de viagem. Escolas Profissionaes Salesianas. São Paulo, 1905.
4. Fonte: Site do IBGE Cidades. Disponível em: http://arquitetandonanet.blogspot.com.br/2009/11/ponte-presidente-eurico-gaspar-dutra.html. Acesso em: jun. 2016.
5. Disponível em: http://www.pauloafonso.ba.gov.br. Acesso em: 02 de Fev. 2019.
6. Disponível em: www.codevasf.gov.br. Acesso em: 02 Fev. 2019.
7. Idem
8. Disponível em: http://www.integracao.gov.br. Acesso em: 02 Fev. 2019

O Laboratório de Projeto (LabProj) da FAU USP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo está realizando todas as quintas-feiras à tarde as Conversas Desenhadas, no Centro Cultural São Paulo - CCSP, na 12ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Esse trabalho foi apresentado na primeira parte do encontro, quando os pesquisadores falam sobre suas Viagens Fluviais.

Sobre este autor
Cita: Eloísa Balieiro Ikeda. "As arquiteturas do Rio São Francisco: um diário de viagem" 11 Nov 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/927972/as-arquiteturas-do-rio-sao-francisco-um-diario-de-viagem> ISSN 0719-8906

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