II Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural

A produção dos espaços construídos no passado e o acúmulo de valores e significados atribuídos pelo homem, com o passar do tempo, permitem o reconhecimento do passado de nossa sociedade e trazem a possibilidade de nos identificarmos como indivíduos integrantes de nossa comunidade na atualidade.

As ações públicas e privadas voltadas para preservação do patrimônio cultural (material e imaterial) devem contribuir para a manutenção e permanência das diversas identidades culturais de forma coerente com seu passado e com a realidade de hoje. Porém, vivemos na atualidade uma crise de valores, onde o valor econômico e de marketing se tornaram, muitas vezes, os objetivos das ações de intervenção no patrimônio cultural em detrimento dos valores culturais e simbólicos existentes nas cidades.

A globalização tem afetado a forma de gerir e intervir no patrimônio cultural, trazendo como consequência a homogeneização das culturas, o turismo excessivo e descontrolado, a deturpação do passado em prol do desenvolvimento econômico, ou até mesmo em prol de publicidade (de ações privadas ou públicas), e também problemas sociais como a gentrificação.

O tema deste evento - Patrimônio Cultural e Globalização: as problemáticas da preservação do patrimônio cultural no século XXI - se relaciona com a realidade da cidade-sede deste II Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural. Dando continuidade à visão ampliada do I Congresso Nacional, ocorrido em Cuiabá (MT), de se discutir o patrimônio cultural também fora dos grandes centros, o município que sediará esta segunda edição será Cachoeira do Sul, cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul, cuja dinâmica econômica e social está intimamente vinculada ao ambiente rural. Cacheira do Sul/RS é a quinta cidade mais antiga do estado e possui um considerável patrimônio arquitetônico, urbano e rural. Mesmo assim, não é reconhecido como um município histórico e turístico no estado. Um dos fatores que auxiliaram a preservação do patrimônio arquitetônico foi a criação do COMPAHC - Conselho Municipal do Patrimônio Histórico-Cultural. A despeito da existência do órgão consultivo, a atual especulação imobiliária e o desconhecimento (às vezes descaso) do valor cultural dos bens do Município, têm se tornado um problema para proteção da história, cultura e a memória da comunidade. Diferente da realidade de outras cidades históricas e turísticas, em que as problemáticas de proteção do patrimônio cultural estão relacionadas, principalmente, ao turismo excessivo e à deturpação dos valores simbólicos do patrimônio construído, na cidade de Cachoeira do Sul os problemas da globalização trazem a ideia, embutida na percepção de parte da população, de que o patrimônio cultural é uma barreira para o desenvolvimento econômico, fato que causa a anuência para a demolição/descaracterização de diversos exemplares, que compromete o conjunto urbano que ainda sobrevive.

Este congresso tem a intenção de gerar reflexões sobre as diversas problemáticas atuais que envolvem a preservação, salvaguarda, conservação, restauração e reabilitação do patrimônio cultural, além de apresentar e reconhecer ações que conseguiram satisfatoriamente proteger o patrimônio cultural destas questões que envolvem a globalização. A apresentação de artigos dentro da temática do patrimônio cultural e da globalização visa contribuir na discussão sobre os desafios teóricos e práticos que a preservação do patrimônio enfrenta na atualidade.

EIXOS TEMÁTICOS

(A) Intervenção no Patrimônio Cultural: este eixo envolve os assuntos relacionados com a intervenção no patrimônio cultural edificado (restauração, conservação, manutenção, reutilização, consolidação, etc.), tanto do ponto de vista teórico quanto através de estudos de caso. As intervenções nos edifícios do patrimônio cultural são, por diversas vezes, indispensáveis para a sobrevivência física do edifício, seja pelo estado de degradação do bem ou pela inadequação – ou inexistência – de seu uso. Estas ações devem sempre considerar a preservação da autenticidade, material e imaterial, do edifício para a sua efetiva salvaguarda, que é o objetivo principal de se intervir fisicamente no patrimônio cultural edificado. Desta forma, também se enquadram neste eixo os artigos que discorram sobre temas práticos relacionados à intervenção em bens culturais, como as técnicas construtivas e materiais utilizados, as inovações científicas e tecnológicas e, ainda, a relação entre a teoria e a metodologia aplicada na reabilitação física do edifício considerado como um bem cultural. Outros assuntos que envolvem este eixo são aqueles relacionados às problemáticas advindas da globalização, tema do evento. Está cada vez mais presente nas sociedades a cultura do consumo generalizado, a homogeneização das culturas em prejuízo das diferenças culturais. Uma das questões relacionadas a isso é a deturpação do objetivo principal de intervir nos edifícios do patrimônio cultural: na atualidade, muitas as ações têm priorizado o Marketing, o turismo e o retorno econômico, desqualificando os valores culturais locais e a autenticidade destes bens. Nesse sentido, como propor alternativas para práticas projetuais que superem o fachadismo e a transformação de edifícios culturais em objetos de consumo cenográficos?

(B) Patrimônio Imaterial e Identidade: os trabalhos vinculados neste eixo devem abordar a importância do Patrimônio Cultural Imaterial como fonte de diversidade cultural essencial para a identidade coletiva. Os bens culturais de natureza imaterial são as formas de expressões artísticas, representações, celebrações, práticas sociais, rituais, atos festivos, conhecimentos, saberes, ofícios, modos de fazer, técnicas artesanais tradicionais e, também, lugares, como feiras, mercados, praças e locais de práticas culturais coletivas. A preservação e o reconhecimento estão relacionados ao respeito do patrimônio cultural imaterial vinculado às diversas comunidades, grupos e indivíduos, através do registro e também dos trabalhos de conscientização. Os artigos para este eixo podem apresentar discussões e análises tanto do ponto de vista teórico quanto através de estudos de caso. Também são esperadas análises que abordem os perigos da crescente globalização, que afligem diretamente a identidade dos povos ameaçando a diversidade cultural com a homogeneização das culturas e o esquecimento das memórias e tradições.

(C) Políticas Públicas: os trabalhos neste eixo devem abordar políticas públicas voltadas e/ou que interferem na preservação do patrimônio cultural, em suas variadas escalas e âmbitos legais. As políticas públicas podem influenciar diretamente nas ações práticas adotadas em intervenções nas paisagens, áreas, cidades, conjuntos e edifícios do patrimônio cultural; estas intervenções podem interferir, também, na permanência dos diversos grupos sociais e culturais e das diversas identidades culturais associadas a estes espaços. A alteração/destruição de espaços compreendidos como patrimônio cultural pode provocar perturbações sociais, por isso a apresentação e análise de políticas públicas são essenciais para a compreensão e o debate sobre a efetiva preservação material e imaterial do patrimônio cultural através das mesmas. Também serão enquadrados neste eixo os trabalhos que abordem a participação da população nas tomadas de decisão através de um processo participativo de planejamento e desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio cultural, e/ou ações e políticas públicas que se derivaram da mobilização de grupos sociais. As ameaças da globalização que influenciam as ações e políticas públicas são também enquadradas neste eixo, ameaças que muitas vezes surgem sob pretexto de expansão ou de modernização das cidades, e que podem acabar deturpando o patrimônio cultural e causando a gentrificação.

(D) Paisagem em suas várias dimensões (Cultural, Rural e Patrimônio Urbano): são esperados neste eixo trabalhos que analisem não só as relações entre os bens culturais e as paisagens, mas, principalmente, que tratem da constituição destas enquanto bens patrimoniais. Nesse sentido, quer sob a chancela de paisagem cultural quer por meio das diferentes paisagens "urbanas" (capitais e metrópoles, conjuntos urbanos de interesse, mas também pequenas cidades do interior) ou das paisagens "mistas" e "rurais" (zonas periurbanas, cinturões e áreas agrícolas), suas várias escalas e dimensões podem e devem ser abordadas. Tanto do ponto de vista teórico quanto, fundamentalmente, através de estudos de caso, desde que sempre a partir de uma abordagem com foco em sua preservação, manutenção e desenvolvimento como valor para a sociedade. São também esperados trabalhos que abordem os atuais desafios da globalização. O debate internacional sobre a preservação das paisagens enfatiza seu caráter dinâmico. Nesse sentido, como crescer e transformar propondo alternativas para a eventual uniformização e despersonalização das paisagens que se manifestam fortemente no século XXI?

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Cita: "II Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural" 30 Jul 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/922027/ii-congresso-nacional-para-salvaguarda-do-patrimonio-cultural> ISSN 0719-8906

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