Concreto reforçado com fibras: resistência e leveza

A história do concreto remonta à Roma Antiga, há aproximadamente 2000 anos atrás. A mistura de pedra calcária, cinza vulcânica e água do mar, conhecida como “Concreto Romano”, possibilitou a construção de aquedutos, estradas e templos, muitos deles ainda de pé. Algum tempo atrás descobriu-se que essa mistura original forma um mineral chamado tobermorita aluminosa, que se torna mais forte com o passar do tempo.

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Fibras. Image Cortesia de Swisspearl

Desde então, o concreto sofreu diversas inovações. Seu produto base, o cimento Portland, feito a partir de pedra calcária aquecida à temperatura de 1.450°C, foi patenteado ainda no século XIX. Cabe mencionar que o concreto, sozinho, é naturalmente quebradiço. Foi Joseph Monier, um jardineiro francês, quem desenvolveu o concreto armado, que combina a capacidade à tração do metal e à compressão do concreto para suportar cargas elevadas. O traço correto entre cimento, areia, brita e água, com armaduras metálicas posicionadas nos locais adequados, vem permitindo estruturas arrojadas e sólidas desde então.

© Samuel McGuire

Ainda que registros históricos mostrem que os próprios romanos já utilizavam crinas de cavalos para reduzir as retrações e trincas de suas estruturas, incluir fibras na mistura do concreto, dispensando as armaduras, começou a ser testado há cerca de 50 anos na Europa. Fibras naturais, metálicas (de aço), sintéticas (polímeros) e minerais (carbono ou vidro) são as utilizadas para esse fim. Elas atuam no concreto para controlar as rachaduras devido à retração plástica e pela secagem e reduzem a permeabilidade do concreto. Quando a estrutura sofre a ação de cargas externas, mudanças na temperatura ou umidade do ambiente, as fibras não permitem que as fissuras cresçam tanto, atravessando-as e criando micros reforços estruturais. Em suma, as fibras melhoram substancialmente o comportamento dos concretos e argamassas frente a tensões de tração e de cisalhamento, nos quais o concreto apresenta baixa resistência.

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Utilizando um método de fabricação semelhante, o GFRC (Glass Fiber Reinforced Concrete) é constituído por uma argamassa de cimento, areia, fibra de vidro álcali resistente e água. A plasticidade é das qualidades mais marcantes do material, o que possibilita moldar painéis de fachada exatamente de acordo com o projeto de arquitetura, também permitindo a produção de peças mais esbeltas e, portanto, mais leves. Para se ter uma ideia, esse é o material utilizado na envoltória do Centro Heydar Aliyev, de Zaha Hadid Architects e vem sendo utilizado para executar as complexas formas da Igreja da Sagrada Família, de Gaudí.

Centro Heydar Aliyev / Zaha Hadid Architects. Image © Iwan Baan

Algumas empresas já vem desenvolvendo produtos aproveitando as propriedades das fibras no concreto. Além de paineis de fachadas e até mobiliários, as aplicações dos concretos reforçados com fibras já são muito associadas a obras de infraestrutura de saneamento básico e transportes, como pavimentação e túneis, além de pavimentos rígidos, pisos industriais, contenção de encostas, reforço estrutural. Mas é importante mencionar que apesar da aplicação abrangente, o material requer controle laboratorial rígido e conhecimento técnico para a produção.

Centro Heydar Aliyev / Zaha Hadid Architects. Image © Hélène Binet

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Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Concreto reforçado com fibras: resistência e leveza" 26 Fev 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/919851/concreto-reforcado-com-fibras-resistencia-e-leveza> ISSN 0719-8906

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