6 Casas em 6 filmes: arquitetura e espaço cinematográfico

Muitas são as formas de conhecer um lugar. Pergunte a um grupo de pessoas quem conhece Veneza e há boas chances de todos terem alguma imagem mental da cidade e seus canais. Pergunte, novamente, quantos já visitaram a capital do Vêneto e é possível que poucas ou ninguém de fato o tenha feito. Embora viajar seja a forma mais completa de experienciar um lugar, ela não é a única - imagens de cidades, lugares e edificações estão por toda a parte, da publicidade às artes, do Instagram ao cinema, e elas deixam impressões profundas na nossa memória e imaginação.

Nos filmes, cidades e edifícios são fundamentais para a narrativa, seja como simples pano de fundo, seja como personagem coadjuvante (ou mesmo principal). Cinema e arquitetura, nos informa Juhani Pallasmaa, são expressões artísticas que compartilham um objetivo comum: articular espaços vividos. E embora este não seja o único ponto de contato entre estas duas artes, é enriquecedor para a nossa profissão pensar segundo estes termos. Projetamos espaços que servirão de abrigo para o ser humano; mas além disso, projetamos lugares onde a vida, com todas as suas emoções, se desenrolará - assim como se desenrola um filme, digamos.

A fenomenologia desta reflexão traz com muita intensidade a imagem da casa. A casa é o lugar onde se pode sonhar em paz, conclui Gaston Bachelard, mas, além disso, é na casa que todos os outros aspectos da vida humana são expressos com mais intensidade. Assim, é de imaginar a importância da casa na narrativa cinematográfica: temos, em geral, cerca de 90 minutos para conhecer as vidas dos personagens, portanto, todo e qualquer elemento apresentado no filme - a arquitetura, sobretudo - tem valor narrativo. 

Conheça, a seguir, seis casas através do cinema. Residências que servem de locação para os filmes, mas que também, de uma forma ou de outra, ajudam a construir a narrativa de cada uma dessas obras cinematográficas. 

Casa Malaparte (Adalberto Libera) em O Desprezo (Jean-Luc Godard, 1963)

Casa Malaparte em O Desprezo. Imagem: screenshot do filme

Clássico de Jean-Luc Godard, O Desprezo tem na famosa Casa Malaparte não apenas uma locação, mas um verdadeiro elemento ativo da trama. Localizada em Punta Massulto, na ilha de Capri, a casa é um emblemático exemplo do modernismo italiano, inconfundível por sua cobertura escalonada e paredes avermelhadas.
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Goldstein House (John Lautner) em O Grande Lebowski (Joel Coen, Ethan Coen, 1998)

Goldstein House em O Grande Lebowski. Imagem via screenshot do filme

Projetada pelo discípulo de Frank Lloyd Wright, John Lautner, a Casa Goldstein é uma das locações mais marcantes do Lebowski dos irmãos Coen. Lar do produtor de filmes adultos Jackie Treehorn, interpretado por Ben Gazzara, a edificação é facilmente reconhecível por sua cobertura de concreto inclinada marcada por um padrão triangular. Embora esteja construída em Beverly Crest, na narrativa do filme a casa se localiza em Malibu.
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Chemosphere House (John Lautner) em Dublê de Corpo (Brian De Palma, 1984)

Chemosphere House, presente em Dublê de Corpo

Outra casa de John Lautner que serve de locação em um clássico do cinema é a Casa Chemosphere, inconfundível por sua geometria circular que faz lembrar um disco voador ou uma visão utópica e pop de habitat moderno. Projetada em 1960 e localizada em Los Angeles, a casa é parte da narrativa do filme Dublê de Corpo, de Brian De Palma, e foi redecorada com elementos dos anos 80 para as filmagens.
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Casa Cavanelas (Oscar Niemeyer) em Flores Raras (Bruno Barreto, 2013)

Casa Cavanelas em Flores Raras. Imagem via screenshot do filme

Flores Raras conta a história da arquiteta, paisagista e urbanista Lota de Macedo Soares, uma das responsáveis pela construção do Parque do Flamengo no Rio de Janeiro, e da premiada poetisa norte-americana Elizabeth Bishop. O filme tem como uma de suas locações a Casa Cavanelas, projetada por Oscar Niemeyer em Petrópolis. Embora seja uma boa oportunidade para conhecer a residência, há um equívoco histórico na trama: a casa que deveria ter sido mostrada é a residência que Sérgio Bernardes projetou para Lota Macedo Soares, na Fazenda Samambaia, em Petrópolis, em 1951.
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Edifício Louveira (Vilanova Artigas) em De onde eu te vejo (Luiz Villaça, 2016)

Edifício Louveira em De onde eu te vejo. Imagem: screenshot do filme

Além de apresentar uma série de fragmentos da região central da cidade de São Paulo, De onde eu te vejo tem como locação um famoso edifício de Vilanova Artigas, o Louveira. A protagonista do filme reside no edifício e seu ex-marido se muda para o prédio da frente, também moderno; parte da narrativa se desenrola a partir da indiscrição das grandes janelas modernistas.
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Villa Överby (John Robert Nilsson Arkitektkontor) em Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (David Fincher, 2011)

Villa Överby, presente em Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres. © Åke Eson Lindman

Projetada pelo escritório John Robert Nilsson Arkitektkontor, a Villa Överby - uma casa de vidro de 250m² localizada numa encosta próxima à capital da Suécia, Estocolmo - é uma das locações do filme The Girl with the Dragon Tattoo, de David Fincher, traduzido como Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres no Brasil.
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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "6 Casas em 6 filmes: arquitetura e espaço cinematográfico" 12 Jun 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/918539/6-casas-em-6-filmes-arquitetura-e-espaco-cinematografico> ISSN 0719-8906

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