Como seria viver na Lua? 8 arquitetos e artistas compartilham suas ideias

Elon Musk, fundador de SpaceX, anunciou em meados de setembro que o milionário japonês Yusaku Maezawa será o primeiro cliente da companhia a visitar a Lua. A notícia causou muito entusiasmo principalmente porque Maezawa pretende viajar acompanhado por entre seis e oito artistas.

Conhecido como Dear Moon (Querida Lua), o projeto procura fazer com que os artistas "tenham sonhos que nunca tiveram antes, cantem canções que nunca haviam cantado antes, pintem o que nunca viram antes".

Em resposta ao anúncio, o The New York Times conversou com um grupo de importantes personagens do mundo da arte e da arquitetura, a fim de especular como, para eles, seria a vida na Lua.

As notícias chegam em um momento de grande interesse da comunidade arquitetônica em relação ao potencial estabelecimento em outros planetas e Lua. Recentemente, a NASA aprovou o projeto AI SpaceFactory, capsulas impressas em 3D para abrigar os astronautas em Marte, enquanto Foster + Partners mostrou seu projeto para habitats extraterrestres no Festival Goodwood, no Reino Unido.

A seguir, compartilhamos algumas das ideias expressadas pelos artistas:

Daniel Libeskind, Arquiteto, Nova York

Pavilhão de Asif Khant nas Olimpíadas Pyeongchang. Imagem © Luke Hayes

Minha proposta é converter a Lua em um projeto artístico: é uma esfera e quero convertê-la em um quadrado perfeito. Esse é o sonho. Pensamos que a melhor forma seria pintando de negro algumas partes, assim não refletiriam a luz do sol. Para levar em conta a curvatura, seria necessário pintar quatro camadas esféricas na superfície da Lua. Eu gosto da maneira em que a Lua se transformaria em uma obra de arte contemporânea. 

Nota do Editor: A imagem usada para ilustrar a proposta de Daniel Libeskind é do Pavilhão Vantablack de Asif Khan para as Olimpíadas de Pyeongchang. O trabalho em si não está associado a Daniel Libeskind. Imagem © Luke Hayes, Cortesia da Asif Khan Ltd.

© NASA

Ai Weiwei, Artista, Berlim

A intensidade da ausência de vida na Lua, a impossibilidade de que existam espécies ali é um reflexo. Isso nos faz apreciar mais o precioso milagre da vida neste planeta. Desta forma, o que posso colocar na Lua é uma observação: minha insignificância em relação ao universo e a usaria como ponto de vista para o planeta Terra. 

Cortesia de Donald Davis, NASA Ames Centro de Pesquisa

Kara Walker, Artista, Nova York

Comecei a pensar em uma colônia lunar da qual muitas pessoas têm falado seriamente ao longo dos anos. Assim, o que eu faria seria isso: para cada mulher nascida na Terra, um homem branco supremacista e racista seria enviado para a Lua. É um mundo monocromático lá. Eles provavelmente adorariam.

The Kennedy Center em Washington DC, atualmente passando por reformas lideradas por Steven Holl Architects. Imagem Cortesia de Steven Holl Architects

Laurie Anderson, Música e Artista, Nova York

No ano passado me apresentei nas celebrações do Kennedy Center na comemoração dos 100 anos do nascimento de John F. Kennedy e pensei muito sobre seus escritos em relação ao programa espacial. Ele disse coisas muito bonitas: "Desejo um Estados Unidos que não tenha medo da graça e da beleza". Guardo isso em meu coração. É tão antiético o que está acontecendo agora. 

A Fábrica do Sol, Pavilhão Alemão na Bienal de Artes de Veneza 2015 por Hito Steyerl. Imagem © Flickr user manybits

Hito Steyerl, Artista e Escritor, Berlim

Minha ideia seria convencer os outros sete artistas a não embarcarem para a Lua e criar um espaço aqui na Terra. Existem tantos lugares que agora não são habitáveis: zonas de conflito, bairros que sofrem de grande pobreza e devastação ambiental. Criaríamos um ambiento rico em oxigênio, faríamos crescer as plantas e outros artistas e eu poderia trabalhar e criar. Trata-se de reciclar civilizações disfuncionais em habitats habitáveis. 

Tumbling Woman por Eric Fischl. Imagem © Flickr user mrulster

Eric Fischl, Pintor e Escultor, Nova York

A única forma em que pude compreender o absurdo de ter pensado que gostaria de estar ali em primeiro lugar é recorrer ao humor. Acredito que meu primeiro ato criativo, após aterrizar na Lua, seria tirar minha roupa espacial e fazer xixi em um espaço sem gravidade, em uma fútil tentativa de marcar meu território. 

3D-ma.r.s.09,’ 2013 por Thomas Ruff. Imagem via Motherboard

Thomas Ruff, Fotógrafo, Düsseldorf

Para mim, o mais interessante sobre a Lua é o lado obscuro: o lado que nunca vemos desde a Terra. Os primeiros astronautas estavam nervosos quando caminharam pela Lua, porque você perde o contato pelo rádio até que reaparece no outro lado. Eu gostaria de fotografar isso e seguir fotografando quando voltarmos e tocarmos a Terra novamente. 

Tacita Dean no Tate Modern. Imagem © Flickr user acwozhere

Tacita Dean, Artista e Cineasta, Los Angeles

Coleciono pedras, assim que quando chegarmos a Lua, em vez de somente orbitar em torno dela, sua superfície me entusiasmaria imediatamente: a rocha lunar, todos esses meteoritos de milhares de milhões de anos. Eu gostaria de fazer um filme sobre a experiência de simplesmente estar na Lua, concentrando-me em seus detalhes, exatamente como era. Não tentaria "pré-imaginar" a experiência, somente observaria. Absorver o máximo que eu possa. 

Via: The New York Times

Sobre este autor
Cita: Walsh, Niall. "Como seria viver na Lua? 8 arquitetos e artistas compartilham suas ideias" [Life on the Moon, According to 8 Architects and Artists] 13 Out 2018. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/903358/como-seria-viver-na-lua-8-arquitetos-e-artistas-compartilham-suas-ideias> ISSN 0719-8906

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