11 Patrimônios brasileiros que são bens culturais da humanidade da Unesco

Este mês, no dia 17, foi comemorado o Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Criada em 1998 para homenagear o historiador e primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Rodrigo Melo Franco de Andrade, que completaria um século de vida naquele ano, a data tem por objetivo reforçar a importância do reconhecimento e da valorização do patrimônio histórico e cultural do país.

Para celebrar o mês do patrimônio, a HAUS, parceira do ArchDaily Brasil, selecionou 11 Patrimônios Mundiais Culturais da Humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) localizados em solo brasileiro. Conheça-os a seguir:

Cidade Histórica de Ouro Preto

Foto: Raquel Mendes Silva/Wikimedia Commons/Reprodução

Datada de 1691, a cidade de Ouro Preto, antiga Vila Rica, foi a primeira do Brasil inscrita na lista do Patrimônio Mundial, fato que ocorreu em 1980. Considerada única por sua originalidade, a cidade tem no barroco mineiro uma das mais singulares manifestações culturais do Brasil-colônia, tendo à frente nomes como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manoel da Costa Athayde. A arquitetura religiosa tem forte presença na cidade e é marcada pelas pinturas dos forros, trabalhos em pedra e detalhes em ouro que ornamentam as construções.

Segundo o Iphan, a inclusão da cidade na lista da Unesco foi baseada no fato de ela representar uma “obra-prima do gênio criativo humano” e por “aportar um testemunho único de uma tradição cultural”.

Centro Histórico de Olinda

Foto: Roberto Rosa/Iphan/Reprodução

Marcada na história pelos saques, incêndios e invasões cometidas pelos holandeses no século 17, Olinda tem no verde e no mar que servem de pano de fundo à paisagem e na diversidade de estilos arquitetônicos seus principais atributos. Na cidade, é possível encontrar exemplares do patrimônio quinhentista, da azulejaria característica dos séculos 18 e 19 e edificações neoclássicas e ecléticas, datadas do início do século 20. Entre elas estão a Igreja do Carmo que, incendiada pelos holandeses, foi reconstruída mantendo parte de suas características originais, como os elementos renascentistas que são únicos no Brasil.

A cidade foi incluída na lista do Patrimônio Mundial em 1982 sob a justificativa de apresentar um “intercâmbio considerável de valores humanos no desenvolvimento da arquitetura, artes monumentais, planejamento urbano ou paisagismo” e por “ser um exemplo de um conjunto que ilustra estágios significativos da história humana”.

Missões Jesuíticas Guarani – Ruínas de São Miguel

Imagem cortesia de Haus

A redução de São Miguel Arcanjo foi fundada em 1687 para servir de espaço destinado à evangelização dos indígenas brasileiros por padres europeus da Companhia de Jesus. Nelas, o intenso contato entre estes dois povos deu origem a uma singular atividade artística denominada pelos especialistas de Barroco Missioneiro, que incorpora nas esculturas de inspiração clássica elementos estéticos indígenas, por exemplo.

As ruínas foram inscritas na Lista do Patrimônio Mundial em 1985 juntamente com as reduções de San Ignácio Mini, Santa Ana, Nuestra Senõra de Loreto e Santa Maria Mayor, todas argentinas. De acordo com o Iphan, estas são os principais remanescentes das missões jesuíticas em território Guarani. A inscrição baseou-se no fato de as ruínas representarem um exemplar que ilustra “estágios significativos da história humana”.

Santuário do Bom Jesus de Matozinhos – Congonhas

Foto: Iphan/Reprodução

Símbolo de fé, o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos Congonhas teve sua obra iniciada em 1757, como pagamento de uma promessa feita português Feliciano Mendes. A construção do santuário, que é formado por seis capelas, a igreja do Bom Jesus de Matosinhos e pelo adro dos profetas (área que concentra as esculturas), durou mais de cem anos, sendo concluída somente em 1875. Tido como mais uma obra-prima do barroco mundial, o santuário também teve à frente de sua construção os mestres Aleijadinho e Manoel da Costa Athayde.

A inscrição na lista da Unesco ocorreu em 1985 e teve como base o fato de representar um “testemunho de uma tradição cultural” e “uma obra-prima do gênio criativo humano”.

Centro Histórico de Salvador

Foto: Bigstock

Primeira capital e centro econômico do Brasil, Salvador manteve sua importância mesmo após perder o posto para o Rio de Janeiro, em 1763. De autoria de Luis Dias, o primeiro traçado urbano do município é dividido entre Cidade Baixa (área do porto) e Cidade Alta (centro administrativo e religioso). A monumentalidade de sua arquiteturateve nos séculos 17 e 18 seu esplendor, decorrente da transição do estilo renascentista para o barroco. São deste período prédios-símbolos da cidade, como a Catedral de Salvador (antiga Igreja dos Jesuítas) e a Igreja e Mosteiro de São Bento.

A inclusão do Centro Histórico como Patrimônio Mundial da Unesco ocorreu em 1985 por “ilustrar estágio significativos da história humana” e por estar “direta ou tangivelmente associada a eventos e tradições vivas, ideias, crenças e obras de destacada importância universal”.

Brasília

Foto: Unesco/Reprodução

Ícone da arquitetura moderna brasileira, Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, após três anos e meio da monumental obra da cidade projetada pelo arquiteto Lúcio Costa. Implantada sobre dois eixos que se cruzam em um ângulo reto, ela traz as quatro escalas urbanas (monumental, residencial, gregária e bucólica) bem definidas, além de ícones em concreto armado. Assinados por Oscar Niemeyer, edifícios como o do Palácio do Itamaraty, o Teatro Nacional e a Catedral se transformaram em cartões-postais da capital, contemplados por obras de mestres como Burle Marx e Bruno Giorgi.

Tida como “obra-prima do gênio criativo humano” e exemplar que “ilustra estágios significativos da história humana” pela Unesco, Brasília foi incluída na Lista do Patrimônio Mundial em 1987.

Centro Histórico de São Luís do Maranhão

Foto: Iphan/Reprodução

Fundada em 1615, São Luís foi outra capital da região norte invadida e arrasada pelos holandeses em meados do século 17. Com ruas, praças, largos e escadarias, a cidade tem na arquitetura, adequada ao clima equatorial, um de seus principais atributos. Nela, destacam-se o aproveitamento da ventilação e da sombra nas edificações e o revestimento em azulejos nas fachadas dos sobrados de até quatro pavimentos, que trazem grandes telhados cerâmicos, janelas com venezianas, balcões e mirantes.

Inscrita na lista da Unesco em 1997, a cidade é reconhecida como “testemunho excepcional de uma tradição cultural”, exemplo que ilustra “estágios significativos da história humana” e “um estabelecimento humano tradicional”, além de um exemplar de cidade colonial portuguesa adaptada às condições climáticas do Brasil equatorial.

Centro Histórico de Diamantina

Foto: Unesco/Reprodução

Implantada pela Coroa Portuguesa em 1731, para isolar a região dos diamantes, Diamantina é outro testemunho da adaptação de modelos europeus à cultura brasileira. Sua arquitetura é marcada pela simplicidade, com construções em paredes brancas e cores vivas nas portas, janelas, treliças e cobogós que se integram à exuberante paisagem. Entre os endereços tradicionais da cidade, por sua vez, estão o mercado público e o antigo Colégio da Glória.

O Centro Histórico de Diamantina foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial em 1999, tendo como justificativa o fato de “mostrar um intercâmbio considerável de valores humanos no desenvolvimento da arquitetura, planejamento urbano e paisagismo”, além de ilustrar “estágios significativos da história humana”.

Centro Histórico de Goiás

Foto: Wagner Araujo/Iphan/Reprodução

O vilarejo que deu origem a Goiás foi fundado em 1727 por bandeirantes paulistas que avançavam além do Tratado de Tordesilhas. Em 1937, perdeu a condição de capital para Goiânia e preserva tradições religiosas seculares, como a procissão do Fogaréu. Seu conjunto arquitetônico é vernacular, com predomínio de casas térreas, coloniais e ecléticas, e também ilustra a capacidade de adaptação das técnicas europeias às dificuldades locais. A arquitetura religiosa tem na simplicidade sua marca, e apresenta traços de um “barroco tardio”, semelhante ao da primeira fase do estilo contemplado pelas igrejas mineiras.

O Centro Histórico de Goiás foi inscrito na lista da Unesco em 2001 por representar “um intercâmbio considerável de valores humanos no desenvolvimento da arquitetura, planejamento urbano, artes e paisagismo” e por “ilustrar estágios significativos da história humana”.

Conjunto Moderno da Pampulha

Foto: Aglaia Oliveira/Pixabay/Reprodução

Localizado em uma das áreas mais tradicionais de Belo Horizonte (MG), o Conjunto Moderno da Pampulha é o primeiro bem cultural a receber o título de paisagem cultural do Patrimônio Moderno e chegou a ser reconhecida por Oscar Niemeyer, que assina o projeto datado de 1940, como uma de suas mais importantes obras.

Dele fazem parte quatro edifícios implantados no entorno do espelho d’água de um lago urbano artificial: a Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube).

Os edifícios foram construídos entre os anos de 1942 e 1943 e inaugurados na gestão do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck, que cerca de 20 anos depois seria o nome à frente da presidência da república na ocasião da inauguração de Brasília. Painéis em azulejos assinados por Candido Portinari e esculturas de artistas como Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa, além dos jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx, completam o conjunto.

Tombado pelo Iphan em 1997, o conjunto recebeu o título de Patrimônio Mundial em 2016, após ter sido considerado pela Unesco como uma “obra-prima do gênio criativo humano”.

Cais do Valongo – Rio de Janeiro

Foto: Agência Brasil/Arquivo/Tomaz Silva

Mais novo patrimônio brasileiro a constar na lista da Unesco, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, foi o principal porto de entrada de escravos africanos em toda a América, chegando a receber 900 mil escravos, segundo estimativas da Unesco. Datado de 1811, o cais foi descoberto por arqueólogos em 2011, durante as obras de reurbanização do Porto Maravilha. Recuperado, os resquícios do cais foram então expostos e estão abertos à visitação na Avenida Barão de Tefé.

A inclusão do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial se deu em 2017 e representa o reconhecimento do seu valor universal como memória da violência contra a humanidade que a escravidão representa, assim como da contribuição dos povos africanos para a formação cultural, social e econômica do país e de todo o continente americano, segundo o Iphan.

Via Haus.

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Sobre este autor
Cita: HAUS. "11 Patrimônios brasileiros que são bens culturais da humanidade da Unesco" 27 Ago 2018. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/900826/11-patrimonios-brasileiros-que-sao-bens-culturais-da-humanidade-da-unesco> ISSN 0719-8906

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