Fachadas interativas: arquitetura como ferramenta de comunicação

Entre as imagens que circularam das manifestações nos últimos anos na avenida Paulista, no centro de São Paulo, certamente as mais recorrentes tinham como pano de fundo o icônico edifício da Fiesp-Ciesp-Sesi, de 1979, do arquiteto Rino Levi, que oportunamente estampava a bandeira do Brasil.

Desde dezembro de 2012 esse edifício abriga a primeira "mídia fachada" do Brasil, a Galeria de Arte Digital do Sesi-SP, que promete exibir em sua imensa tela urbana novas formas de expressão de arte digital.

Essa foto da bandeira gigante multiplicou-se nas redes sociais e na imprensa, reforçando os edifícios como meio para comunicar conteúdos em imagens, vídeos e iluminação.

Arquitetos, designers e artistas em diversos países têm utilizado novas tecnologias digitais para criar experiências interativas na escala da cidade, em edifícios e monumentos que reagem a estímulos, questionando o futuro da nossa relação com o ambiente urbano.

O artista eletrônico mexicano Rafael Lozano-Hemmer, por exemplo, desenvolve instalações que transitam entre a arquitetura e a performance. Na obra "Body Movies", que desde 2001 vem sendo recriada em diferentes cidades como Roterdã, Lisboa, Liverpool e Hong Kong, sombras gigantes dos pedestres são projetadas na fachada de um edifício e, como um game, revela imagens de outros pedestres, evocando um senso de intimidade com o prédio.

© Fernanda Ligabue e Rafael Frasão

Ao contrário de algumas torres de TV e edifícios em São Paulo que fazem uso do led -trocando de cor e piscando freneticamente como um ornamento carnavalesco-, muitas experiências revelam o potencial que a arquitetura interativa tem em estimular nossos sentidos e ampliar a nossa percepção com o meio. Usar a arquitetura como ferramenta de comunicação é o meio mais democrático que existe para informar, afinal é uma interface direta e imediata na rua, acessível para todos os cidadãos.

© Fernanda Ligabue e Rafael Frasão

Edifícios que abrigam arte pública ou informam a temperatura e a qualidade do ar podem reagir a barulho, movimento e toque sensível, por meio de aplicativos para celular e sites na internet, como um verdadeiro grafite digital.

© Fernanda Ligabue e Rafael Frasão

São obras que indicam que a arquitetura, hoje, não se faz mais apenas com formas, luzes, cores e materiais, mas também com sensores, microcontroladores, softwares e hardwares.

Leia também o primeiro artigo de nossa série com Guto Requena:

Arquitetura hackeada? Fachada responde a estímulos e poluição do ar

São Paulo, assim como tantas cidades brasileiras, possui uma arquitetura estandardizada, monótona, cinza, com sua estética definida por incorporadoras e construtoras, com baixíssimo valor arquitetônico. É claro que temos edifícios de grande relevância -entre eles, os clássicos do centro histórico, como o edifício Martinelli, os exemplares modernos de Rino Levi e Artacho Jurado, em Higienópolis, e os experimentos contemporâneos na Vila Madalena, assinados por Isay Weinfeld e a Triptyque.

Sobre este autor
Cita: Guto Requena. "Fachadas interativas: arquitetura como ferramenta de comunicação" 24 Mai 2018. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/895069/fachadas-interativas-arquitetura-como-ferramenta-de-comunicacao> ISSN 0719-8906

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