Conferência: HOME SWEET HOME na Faculdade de Arquitectura e Artes

Conceitos de praticar beleza: As manhãs de Teoria Geral da Organização do Espaço passavam num instante.

No palco do auditório de Belas Artes do Porto (algumas aulas teóricas da Faculdade de Arquitectura ainda tinham lugar aí enquanto se aguardava a conclusão da construção da nova faculdade), Fernando Távora imitava os lutadores de sumo, saltando entre as pedras e as flores de lótus dos jardins imperiais de Katsura, descrevia antigas estradas romanas e marcos miliários, imitava um perfil de figura hieroglífica explicando o significado da divindade Janus, o deus romano com duas faces que olham em direcções opostas, que além de dar o nome ao mês de janeiro, simboliza o interior e o exterior (janela).

Nos seus contos de viagem cabia toda a arquitectura do mundo.

Nas suas palavras estava sempre o homem ao centro daquele mundo,

nas suas viagens cabia toda a beleza do mundo.

Ensinava-nos beleza.

 Dar forma a um lugar, é a tarefa de cada arquitecto.

Dar qualidade a um lugar é a tarefa dos melhores arquitectos - que transformam aquele lugar, preparando-o “a medida de homem”.

Não sabemos como “medir” a qualidade de um espaço. Lembramos as palavras de Fernando Távora, quando nas suas aulas descrevia uma experiencia pessoal sobre um confronto físico com uma arquitectura em particular em que ele dizia perceber a “beleza” do espaço em questão através da sensação de bem-estar que o lugar lhe transmitia.

Beleza é a única prática que pode salvar a humanidade.

Sorte é crescer dentro dela.

Lorenzo Bernini dizia que a função do arquitecto era tornar mais belos os lugares.

Leon Battista Alberti acreditava, que fazer boas casas, exercitar uma boa prática de arquitecto, tinha uma função de salvação, terapêutica.

Sem uma razão específica, aparente, acontece sentirmo-nos bem “dentro” de muitas arquitecturas ou no meio de uma paisagem urbana.

Antes, a forma tornava mais bela a função.

Agora, a forma depende muito do mercado. Hoje em dia os profissionais são, cada vez mais, chamados para tentar criar formas mais atractivas, mais incríveis, ser originais a todo o custo.

A história da arquitectura do século passado confunde-se com a de algumas casas unifamiliares / particulares que se tornaram manifesto de uma época porque vividas, abitadas (às vezes pelos próprios projectistas. Há muitos arquitectos que serão lembrados por projectos icónicos de tipologia domestica. Contudo, hoje em dia, o paradigma iconográfico é outro. A arquitectura espectacular ganhou sobre aquela feita em função do dia-a-dia (que não tem nada que ver com a escala da intervenção).

Há muitas casas também que serão lembradas porque foram vividas pelos mesmos autores, pensadas pelos próprios.

Sobrevoando com liberdade sobre alguns exemplares únicos de modernidade (e são todas casas “refúgio” desenhadas pelos proprietários):

Villa Mairea, Alvar Aalto

Casa das Canoas, Oscar Niemeyer

Casa Barragán, Luis Barragan

Pavilhão Upper Lawn, Alison e Peter Smithson

Casa Schindler, Rudolf M. Schindler

Casa em Arzachena, Marco Zanuso

Le Petit Cabanon, Le Corbusier

E1027, Eileen Gray

Descobre-se uma exemplaridade inextricável da singularidade, da envolvência pessoal, da busca de felicidade.

A Procura do Paraíso

Os Verdes Anos

A Casa que Nós Somos

Gosto de Chegar a Casa

Um Espaço de Liberdade

Uma Colecção de Surpresas

A Casa dos Prazeres

Uma Casa Feita de Pequenos Nadas

Sala Vaga

A Intimidade dos Espaços

A Casa que Nunca Acaba

A Nossa Casa

Dar Forma a um Lugar

São 13 histórias, são 13 conversas, sobre a arquitectura, sobre o dia-a-dia. 

A Arquitectura não é apenas um texto ou uma escrita (ENTRE ASPAS), como alguns defendem, mas também possui recursos que envolvem os sentidos, com as suas emoções e imaginação, com a produção de momentos icónicos.

A capacidade de transmitir emoções através da luz, materiais e cores, proporcionando de forma equilibrada: luxo, calma, sensualidade, ou outros. 

Assim, o espaço de habitação, que é o lugar do conhecimento e da memória (como uma wunderkamera), é o nosso museu, onde recolhemos objectos que são companheiros de uma vida: livros, discos, fotografias, desenhos, pinturas... porque não se deve descuidar a pessoa na sua totalidade e integridade, na sua ligação a sentimentos e acontecimentos.

Para os 13 arquitectos portugueses convidados a fazer parte desse projecto, tornando-se protagonistas do mesmo, não foi fácil entregar-se a ele, ao projecto.

Há lugares que são demasiado íntimos para ser revelados, mas que podem, ainda assim, ser descritos e imaginados.

Os arquitectos, como escreveu Heinrich Böll, "expõem os seus clientes à tortura de viver num espaço de exposição, em vez de uma casa".

Estas 13 conversas demonstram o contrário.

O bem-estar / A beleza que devemos praticar como dizia o Bernini / A função de salvação, terapêutica de Alberti /Ou a procura de felicidade própria e pelos outros como dizia Aldo Rossi.

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Cita: "Conferência: HOME SWEET HOME na Faculdade de Arquitectura e Artes " 27 Abr 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/869933/conferencia-home-sweet-home-na-faculdade-de-arquitectura-e-artes> ISSN 0719-8906

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