A história por trás da arquitetura de 7 famosas capas de discos

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A produção do trabalho criativo geralmente requer um tipo muito particular de espaço - um templo, se você quiser, para realizar com mais precisão o que precisa ser feito. Arquitetos e artistas são cientes de como a vida social e profissional afetam sua prática, e os músicos, é claro, não são diferentes. Talvez seja por isso que lugares e espaços são freqüentemente apresentados em capas de álbuns. A arte de uma capa de álbum é parcialmente publicidade, mas também é muitas vezes um símbolo visual de um período da vida de um músico. A capa de um álbum pode representar a visão de quem entra no estúdio todos os dias, o edifício no qual o álbum foi gravado, a cidade em que o músico cresceu ou uma infinidade de outras conexões mais abstratas. Vamos deixar para que você faça a conexão entre os 7 marcos arquitetônicos apresentados nos discos a seguir e as músicas neles contidas.

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Álbum: Encore, DJ Snake (2016)
Edifício: entrada do metrô de Hector Guimard em Paris

Guimard é conhecido como um dos arquitetos que trouxe a Art Nouveau para França, um estilo que começou nas artes decorativas no final de 1800 e se estendeu até a arquitetura pouco tempo depois. Central do seu ethos foi a importância da decoração. Nas superfícies sem adornos prévios começou a brotar uma nova ornamentação na forma de pinturas, relevos, vidros pintados e outros.

Os arquitetos destas estruturas embelezadas inspiraram-se nas curvas orgânicas e nas formas vegetais como resposta a simplificada e genérica arquitetura industrial da época anterior. As entradas de Héctor Guimard no metrô de Paris encontram-se entre os exemplos mais emblemáticos de estilo Art Nouveau, Ainda que a forma de entrada mantém um certo nível de abstração, o arquiteto utiliza motivos naturalistas para criar um novo estilo: as pernas da estrutura evocam caules ou videiras, enquanto o toldo de vidro se estende para fora como uma folha. As entradas de Guimard também são conhecidas pelo uso de ferro fundido e vidro.

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Álbum: Physical Graffiti, Led Zeppelin (1975)
Edifício: antigos edifícios em St. Mark's Place em Nova Iorque

Muitos dos edifícios de Manhattan começaram como moradias de classe média em Soho e Lower East Site. Uma família ocupava um edifício inteiro e, inclusive, tinha um grande pátio escondido da rua. Ao longo do século XIX, a medida que a cidade se tornou cada vez mais povoada e industrializada, o valor do solo aumentou até o ponto de que estas casas unifamiliares já não eram economicamente viáveis. Os proprietários repartiram as casas em apartamentos, primeiro converteram cada pavimento em uma unidade separada, depois agregaram divisórias dentro de cada nível. Para aumentar ainda mais a rentabilidade do edifício, os pátios existentes frequentemente deram lugar a adições dos edifícios até que desapareceram por completo. 

A evolução da 'townhouse' aos apartamentos também foi impulsionada pelo movimento de mão-de-obra na área. Na segunda metade do século XIX, a indústria da moda havia se apoderado de Nova Iorque. Isso impulsionou a chegada de empregados de salários baixos, geralmente imigrantes, criando uma demanda de moradias mais econômicas. 

Enquanto isso, os antigos inquilinos das 'townhouses' mudavam-se para a parte alta da cidade a fim de afastar-se da produção têxtil já que acreditavam que esta atividade havia tornando o bairro perigoso e barulhento. 

Finalmente, estas casas foram subdivididas até o ponto de que várias pessoas compartilhassem uma habitação individual e os edifícios estivessem colados uns aos outros, permitindo a entrada de pouca luz e ventilação. 

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Álbum: Dead Mountain Mouth, Genghis Tron (2006)
Edifício: uma cúpula geodésica

A cúpula geodésica foi conceitualizada por Buckminster Fuller no início do século XX. O arquiteto e inventor queria desenhar um novo estilo de moradia que melhorasse a qualidade de vida.

Ele idealizou a cúpula geodésica como um modelo de moradia extremamente eficiente. Fuller aproveitou os novos materiais, construindo uma estrutura de aço que era suficientemente forte para sustentar os revestimentos e suficientemente leve para ser transportada com baixo custo (e inclusive por transporte aéreo).

A cúpula é composta por triângulos, uma forma escolhida por sua resistência e uma série de diferentes materiais de cobertura. As peças para a cúpula de Fuller podem ser fabricadas em massa e encaixar-se com pouca dificuldade, tudo na esperança de reduzir os custos para tornar esta estrutura mais acessível para as pessoas, servindo como moradia. No interior, a circulação de ar natural regula a temperatura e o encanamento eficiente interior diminui o uso de água. Fuller foi contactado depois da Segunda Guerra Mundial para construir a 'casa do futuro' em todo o país, mas vários problemas dificultaram a mudança de escala e sua produção massiva.

Até o dia de hoje, a cúpula geodésica continua sendo uma contribuição importante para a pesquisa arquitetônica humanitária.

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Álbum: Animals, Pink Floyd (1977)
Edifício: Central Elétrica de Battersea de Sir Giles Gilbert Scott em Londres

A construção da central elétrica de Battersea começou em 1929 como parte de um movimento para consolidar a rede de energia de Londres de muitas pequenas estações privadas em um só pavimento público. A localização privilegiada da Central no Tâmisa, que era necessário para o resfriamento e o transporte do carvão, colocou o desenho sob escrutínio público. Uma equipe de arquitetos e engenheiros desenhou o projeto original, mas a proposta foi recebida tão mal pelo público que Sir Giles GIlbert Scott foi contratado para redesenhar o exterior. A estrutura de aço e o revestimento de tijolo estão repletos de detalhes art deco.

Agora é um dos maiores projetos de Londres, transformando a central elétrica em uma mistura de apartamentos e escritórios que abrigam o novo campus da Apple em Londres, enquanto a área circundante acolhe novos projetos de Gehry Partners, Foster + Partners e BIG.

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Álbum: Yankee Hotel Foxtrot, Wilco (2002)
Edifício: Marina City por Bertrand Goldberg em Chicago

Um ícone do skyline de Chicago, Marina City de Bertrand Goldberg é, em realidade, um conjunto de duas torres idênticas de concreto armado. Quando projeto foi finalizado em 1964, a Marina City era o edifício residencial mais alto do mundo. Goldberg foi encarregado de construir algo que ajudasse a combater a imigração nos subúrbios, algo que havia afetado Chicago, assim como muitas outras áreas metropolitanas depois da Segunda Guerra Mundial. Este projeto buscava demostrar que muitas das amenidades suburbanas poderiam existir dentro de uma cidade.

Para isso, Goldberg combinou todos os atributos de um subúrbio nas torres para maior comodidade: incluiu uma academia, boliche, pista de patinação sobre o gelo, restaurantes e, inclusive, dezenove pavimentos de estacionamento na base de cada torre. A suavidade da forma da Marina City remete ao interior, já que conta com suaves curvas em vez de ângulos retos e se divide em unidades iguais para uma vista de 360 graus. Muitas das instalações originais das torres ainda existem (não mais a pista de gelo, infelizmente) e o projeto agora é reconhecido como um ícone urbano.

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Álbum: SB#3, Gramatik (2010)
Edifício: Empire State Buliding por Shreve, Lamb e Harmon em Nova Iorque

O Empire State é um ícone da cidade de Nova Iorque como nenhum outro. Comissionado em 1929, o edifício foi pensado para ser uma representação imponente da audácia dos Estados Unidos.

O efeito 'escalonado' da metade superior do arranha-céu é um resultado do Regulamento de Zoneamento 1916, que requer que os edifícios altos recuem proporcionalmente a sua altura em um esforço para permitir que a luz e o ar flua na rua.

Diferentemente da maioria dos projetos deste período, que se iniciaram antes de 1929 e detiveram sua construção depois da quebra da bolsa, o Empire State foi, na realidade, um esforço por criar atividade econômica apesar da Grande Depressão.

Isto foi feito parcialmente com os milhares de empregos que o projeto requereu, mas para ser um êxito total, o edifício deveria ter tanto espaço de escritório quanto fosse possível, por isso, um grande terreno e uma grande altura. Esteticamente, o edifício é um discreto Art Deco, muito menos extravagante que o edifício vizinho, o Chrysler de Nova Iorque.

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Álbum: "Sprawl II" Single, Arcade Fire
Edifício: ilustração área de uma área em expansão urbana

A imagem descreve uma forma de desenvolvimento urbano geralmente associada com os Estados Unidos pós-guerra, quando uma classe média em crescimento se afastou dos centros urbanos em direção aos subúrbios. A natureza da periferia, e um fator importante na opção de movimentar-se, é a disponibilidade de terra suficientemente acessível para as casas unifamiliares com gramas privadas. A medida que mais pessoas se afastam das cidades com expectativas de vida menos densa nos subúrbios, os empreendedores construíram novos bairros e ampliaram as cidades para terras previamente subdesenvolvidas. Este modelo requer deslocamentos de carro, o que foi possível graças a queda dos preços do automóvel neste momento. A expansão é notória por seu pobre uso de recursos, problemas de tráfego e poluição e o vazio que a mesma deixa para trás já que esvazia as áreas densificadas e altera o financiamento das cidades.

Sobre este autor
Cita: Baranyk, Isabella. "A história por trás da arquitetura de 7 famosas capas de discos " [The Architectural Stories Behind 7 Famous Album Covers] 09 Fev 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/804681/a-historia-por-tras-da-arquitetura-de-7-famosas-capas-de-discos> ISSN 0719-8906

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