Segunda fase do Corredor Verde de Cali na Colômbia

Como publicamos há algumas semanas, a união temporária dos escritórios colombianos Espacio Colectivo Arquitectos e Opus obteve o primeiro lugar no concurso de anteprojetos para a segunda fase do corredor verde de Cali que transformará a antiga via férrea da cidade em um parque linear.

Titulada 'Entre os morros e o rio', a proposta ganhadora apela para a geração, recuperação e adequação do espaço público para gerar um grande parque central e linear da cidade onde confluirão atividades recreativas, culturais e lúdicas associadas a uma ciclovia que funcionará como um sistema de mobilidade limpa.

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Proposta em Cali

Descrição dos arquitetos: A cidade de Cali foi assentada em um vale fértil, na base de uma cordilheira imponente onde desciam fontes de água e bosques até o Rio Cauca, porém a forma como foi desenvolvida restringiu as relações transversais ecológicas e sociais.

O corredor verde é uma oportunidade para impulsionar um modelo de cidade que aposta na articulação dos sistemas urbanos com os sistemas naturais para melhorar a qualidade de vida das pessoas e recuperar valores ambientais e paisagísticos que caracterizaram Cali.

O projeto propõe aproveitar a margem da antiga linha férrea para recompor uma rede ecológica urbana entre os morros e o rio; integrar social e espacialmente a cidade, equilibrar a conectividade com um corredor de transporte público limpo e renovar a cidade com projetos estratégicos que acionem processos de transformação a partir desta margem da linha férrea.

1. Recompor uma rede ecológica urbana

Corredor Simón Bolívar. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Os setores da cidade com maior desigualdade social coincidem com uma menor concentração de áreas verdes e arborização. Associar a recuperação ambiental com a melhora das condições sociais conduz a construção de uma cidade mais sustentável.

Gestão da água: os corpos d'água se articulam ao sistema de espaço público e à rede ecológica para enriquecer o ecossistema urbano.

Base aérea. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Cidade como suporte de biodiversidade: o corredor verde promove a conexão longitudinal de uma potencial rede ecológica urbana, que usa os parques, as ruas, áreas verdes, lagoas e rios como suporte de biodiversidade, em articulação com os núcleos ecológicos maiores como o parque natural "los farallones" e as periferias.

Reencontro com a água: os diferentes corpos d'água da cidade e a vitalidade urbana específica do Rio Cali à oeste são elementos e situações que devem ser potencializadas no corredor verde com ações como:

  •       Transformar canalizações existentes para enriquecer a paisgem urbana e ser suporte de biodiversidade.
  •       Introduzir jardins de chuva para depurar a drenagem urbana.
  •       Evidenciar o ciclo de água urbana em espaços demostrativos com acesso público.
  •       Incorporar as lagoas de retenção ao espaço público

Uso da vegetação nativa e tradicional: o corredor verde é uma oportunidade para enriquecer a biodiversidade urbana incluindo vegetação de bosque seco tropical ao norte e bosque úmido ao sul. Consideramos a relação entre a cidade e a zona agrícola como um aspecto essencial frente a um futuro desenvolvimento urbano sustentável.

A Flora. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

2. Integrar social e espacialmente a cidade

Centralidade de Chipichape. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

O antigo corredor férreo é hoje um elemento de descontinuidade transversal de cidade, através do fortalecimento de conexões transversais, a re-significação de marcos históricos e a localização de equipamentos se busca integrar a margem central.

Potencializar organizações de base comunitária: fortalecer o tecido social com organizações comunitárias que apoiem o processo de transformação do corredor verde.

Melhorar o habitat: operações de renovação e re-densificação. Além disto, ações de melhoramento integral de bairros nas áreas de influência direta.

Bailódromo. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Conservar, transformar e gerar fontes de emprego: conservar usos do setor produtivo, transformar indústrias existentes em indústrias de produção limpa e incrementar a oferta de empregos.

Educação e cultura: fortalecer e criar distritos de educação e inovação aproveitando a concentração de instituições existentes. Usar a concentração de edifícios históricos para serem reutilizados como centros para a educação e cultura.

Rio Cali. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Resignificar edifícios históricos: reutilizar e dotar de novos significados edifícios históricos existentes veinculados à atividade ferroviária e industrial ao longo do corredor, transformadas em equipamentos culturais, educativos ou de serviços, de acordo com as novas dinâmicas.

3. Equilibrar a conectividade com um corredor verde de transporte público limpo.

Corredor paralelo ao Rio Cauca. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

A continuidade espacial do corredor verde é um elemento fundamental para equilibrar a conectividade do sistema de transporte integrado da cidade, já que intersecta todos os fluxos no sentido leste-oeste. Planejamos então um sistema de transporte limpo que busca articular as lógicas dos fluxos dos sistemas naturais com os sistemas urbanos.

Harmonizar os fluxos: a infraestrutura da cidade deve permitir o movimiento harmônico dos fluxos dos sistemas naturais e os sistemas urbanos. Veículos, pedestres, fauna, água e redes de serviços públicos devem coexistir em equilíbrio.

Fortalecer o sistema de transporte público: o Trem-Tram, em articulação co outros modais de transporte devem ter prioridade nas intervenções.

Humanizar a infraestrutura: O projeto tem como objetivo que a infraestrutura viária permita o desenvolvimento harmônico da paisagem urbana, a qualidade espacial da cidade, a acessibilidade, a continuidade de corredores ecossistêmicos, além da eficiência nos sistemas de transporte.

4. Renovar a cidade com projetos estratégicos que acionem processos de transformação a partir da área central.

Malecón do Rio Cauca. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Associado com o sistema de transporte limpo e melhora do espaço público, o corredor verde possui um grande potencial de renovar amplos setores da cidade com projetos de re-densificação, serviços e equipamentos com capacidade de transformação e fortalecimentos de novas centralidades.

Desenvolver as bordas do corredor: como um elemento para consolidar um modelo de cidade denso e compacto, o corredor terá ações de melhora do público, que devem articular com processos de redensificação nas bordas, que permitam gerar oportunidades de negócios e recursos econômicos para as obras públicas.

Inserir projetos chave: partindo de vocações, potenciais e carências dos diferentes âmbitos se localizam projetos que consigam acionar processos de transformação.

Potencializar e reordenar centralidades: Cali como uma cidade policêntrica, com diversas centralidades com ênfase na educação, indústria,  inovação, comércio, serviços e cultura, potencializando usos e vocações pré-existentes.

Santa Helena. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

Definir etapas de execução e fontes de financiamento mistas: o projeto foi dividido em etapas e em sub-etapas, de modo que as unidades de atuação, para facilitar sua gestão e sua vocação. Para cada unidade um instrumento de gestão pontual que permita a execução dos projetos.

Implementar uma gestão participativa: o projeto planeja uma série de premissas, etapas e ações gerais que se articula com o modelo de cidade definido pelo POT de Cali, mas é de fundamental importância o desenho de um plano de gestão participativa que reconheça e convoque os atores sociais. Este processo garantirá governabilidade necessária para desenvolver as obras.

Fazenda Cañas Gordas. Imagem Cortesia de Espacio Colectivo + OPUS

  • Arquitetos

    Espacio Colectivo , OPUS
  • Localização

    Cali, Cali, Valle del Cauca, Colômbia
  • Diretores do Projeto

    Aldo Marcelo Hurtado, Carlos Andrés Betancourt, Carlos David Montoya, Carlos Hernán Betancourt, Manuel Jaén
  • Equipe de Projeto

    Ángela María Andrade, Juan Sebastián Ramírez, Christian Torres, Carlos Alberto Cano, Santiago López, Inés Prevot, Julian Ricci, Camilo Buitrago, Ana María Torres, Carlos Osorio (Diseño gráfico), Esteban Yepez (Sociólogo), Laura Burbano (Est), Héctor Gutiérrez (Est), Juan Camilo Valencia (Est), Daniela Ramírez (Es), Omar Daza (Est), Pablo Navarro (Est), Miguel Ángel Canaval (Est), Carolina Delgado (Est), Laura Muñoz (Est), Javier Loaiza (Est), Paola Andrea López (Est), Juan Pablo Montoya (Est), Cesar Augusto Cerón (Est), Yusef Rincón (Est), Jeison Tigreros (Est), Plano Navarro (Est), Santiago Restrepo (Est), Juan Felipe Correa (Est), Mateo Agudelo (Est), Mariana Toro (Est), Juliana Zapata (Est)
  • Colocação

    Primer Lugar
  • Coordenação

    Catalina Ospina, Andrés Roldán, Juan Manuel Bernal, Juan Sebastián Restrepo, Manuela Salazar
  • Acessoria Ambiental

    Carlos Acosta
  • Sociólogo

    Andrés Pérez
  • Acessoria Arquitetura

    Marcela Falla
  • Engenharia

    Germán Lleras - SDG, Steer Davies Gleaves, Juan Pablo Ospina
  • Acessoria Estruturas Hídricas

    María Teresa Alarcón
  • Ano do Projeto

    2015
  • Fotografías

    Cortesía de Espacio Colectivo + OPUS

Galeria do Projeto

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Sobre este escritório
Escritório
Cita: Valencia, Nicolás. "Segunda fase do Corredor Verde de Cali na Colômbia" [Así será la segunda fase del Corredor Verde de Cali en Colombia] 02 Fev 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/781254/assim-sera-a-segunda-fase-do-corredor-verde-de-cali-em-colombia> ISSN 0719-8906

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