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Arquitetos: ADDARC
- Área: 395 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Timothy Kaye

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em um destacado terreno de esquina voltado para o norte, com frente para uma via principal com linhas de bonde e, ao mesmo tempo, para um cul-de-sac tranquilo, esta área interna do sudeste exigia um equilíbrio cuidadoso: criar presença urbana e uma escala compatível com sua posição, sem comprometer o conforto e a privacidade dos moradores.



Conceitualmente, a casa se organiza em torno de uma série de pátios enquadrados ou totalmente fechados, cada um oferecendo vistas e qualidade ambiental interna. Solidez e massa são cuidadosamente equilibradas com luz natural e conexão à paisagem. Um ritmo sutil, criado por uma malha estrutural que orienta a construção em taipa, se reflete nas mudanças de direção do piso de madeira, na articulação dos painéis de marcenaria e nas variações de textura e modulação do piso de pedra.


O programa previa uma casa projetada para duas pessoas, mas com amplos espaços sociais capazes de acolher a família estendida para jantares semanais e celebrações. Precisava responder à exposição do lote, permitir envelhecimento no local e oferecer flexibilidade caso, no futuro, os proprietários — ou novos moradores — desejassem modificar a planta. Elemento central do programa era a área integrada de estar, jantar e cozinha, acompanhada de um escritório que também pudesse funcionar como um pequeno conservatório musical. Havia ainda a necessidade de uma sala de estar mais íntima, para assistir TV ou servir como área de brincadeiras para os netos.



A suíte principal deveria garantir vistas e conexão com o exterior, mantendo-se isolada o suficiente para que uma pessoa pudesse descansar enquanto a outra tocava piano sem conflitos. O programa incluía também um segundo quarto para hóspedes, banheiro e áreas técnicas (BOH). Por fim, um pomar e uma horta comunitária compartilhados com os vizinhos imediatos. A planta resultante abraça um pátio central, que oferece uma área externa privativa e cria eixos visuais controlados a partir de todos os ambientes internos. Gestos arquitetônicos e inserções paisagísticas estrategicamente posicionados limitam e direcionam as vistas, reforçando a sensação de recolhimento e de oásis particular.



Materiais robustos e duráveis são usados por toda a construção, com a taipa atuando como elemento focal. Profundidade e riqueza são alcançadas pelo jogo de luz e textura. A paleta natural é complementada por tons claros e terrosos, além de sutis variações de modulação e direção, que enriquecem uma estética minimalista. Internamente, peças refinadas e altamente detalhadas são encaixadas nas paredes de taipa, criando um contraste marcante. Os alinhamentos naturais da fôrma — muitas vezes ocultos ou ignorados — estabelecem o nível de referência para toda a marcenaria. Detalhamento antecipado, coordenação estreita e prototipagem envolvendo construtora, engenheiro e o empreiteiro de taipa permitiram integrar soluções minimalistas a um material exigente.


Os espaços e materiais ganham vida com o movimento da luz, que valoriza as imperfeições naturais da taipa. Venezianas externas móveis ampliam esse jogo luminoso, permitindo aos moradores controlar iluminação, privacidade e ganhos térmicos. Otimização do desempenho térmico, adoção de métodos construtivos sustentáveis e aproveitamento de tecnologias atuais e emergentes, combinados a estratégias passivas — orientação, sombreamento, beirais, ventilação cruzada e profundidade da luz natural — foram princípios fundamentais para reduzir o consumo energético geral.



































