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Arquitetos: DVCH De Villar CHacon Architecture
- Área: 1300 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Hisao Suzuki
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Fabricantes: Camosail, Ceramicas La Paloma

Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta praça se destaca como um refúgio climático do século XXI: um espaço vivo e adaptável, capaz de responder tanto às necessidades das pessoas quanto às condições climáticas ao redor.

O projeto é o resultado de dez anos de pesquisa sobre como integrar o artificial, o social e o natural nos espaços de nossa prática arquitetônica, abrangendo todas as escalas. Desde obras monumentais, como o Auditório Villanueva na Extremadura ou a Paisagem das Torres Nangang em Taipei, Taiwan, até projetos mais íntimos e experimentais, como a casa desmontável em Apan, México, este projeto sintetiza as lições aprendidas ao longo dessa jornada.

Vencedora do concurso de ideias realizado em Dénia em 2021, a proposta surge de uma iniciativa inovadora da Prefeitura: abrir mão de um valioso terreno na principal via da cidade para criar um espaço público estrategicamente localizado em seu ponto mais dinâmico e movimentado. Em uma área compacta de apenas 1.300 metros quadrados, o projeto busca acomodar uma ampla variedade de programas, oferecendo uma plataforma cívica flexível que evolui com a vida urbana. A praça é concebida como um novo marco urbano dentro do centro histórico de Dénia, melhorando a conectividade e a continuidade espacial de seu entorno.


O projeto é organizado como um sistema concêntrico, estruturando dois eixos principais por meio de duas pérgolas de caráter distinto, capazes de abrigar espaços de diferentes escalas e atmosferas. Uma pérgola verde perimetral abriga áreas sombreadas, íntimas e frescas, repletas de vegetação; enquanto uma pérgola central terracota forma um coração infraestrutural—um vazio cênico aberto a múltiplas atividades urbanas. Sob o mundo tectônico das pérgolas se desdobra uma paisagem estereotômica, esculpida a partir do solo.


O terreno se eleva e é escavado para criar bancos, áreas de recreação infantil e um pequeno palco em uma extremidade. O caráter terroso deste nível provém de materiais imbuídos de memória local: o peso da pedra do castelo, a textura dos paralelepípedos de barro e o brilho sutil de suas superfícies vitrificadas. Essas referências ancoram o projeto em sua localização, traduzindo a essência material e cultural de Dénia em uma nova forma urbana.

A delicada e intrincada pérgola verde cria um limiar contínuo de sombra com profundidades variadas que orienta a entrada da praça. Composta por fragmentos entrelaçados de outras pérgolas, foi projetada para se misturar ao longo do tempo entre vinhas e árvores—espécies mediterrâneas adaptadas a um clima temperado, que requerem pouca manutenção e mínima água. Luz, sombra e brisa se entrelaçam ao redor de elementos de menor escala, compondo um mosaico de espaços domésticos dentro do domínio público. Sua estrutura é baseada em finas linhas verticais de placas de aço alinhadas que sustentam uma série de "folhas", visíveis em um eixo e ocultas no oposto, criando um ritmo de presença e desaparecimento.

Em contraste, a pérgola terracota se impõe com uma presença mais contundente e arquitetônica. Sua estrutura ripada enquadra um vazio carregado de potencial coletivo — um espaço artificial, aberto à transformação. Dotada de toldos motorizados para controle solar, sistemas integrados de iluminação e som para eventos, e tomadas elétricas distribuídas ao longo de todo o perímetro, ela funciona como uma infraestrutura adaptável, capaz de acolher qualquer atividade que exija energia e participação.

Juntas, as duas pérgolas definem um ecossistema microclimático e social, um lugar onde a arquitetura se torna tanto refúgio quanto palco: um laboratório vivo que redefine a relação entre espaço público, ambiente e comunidade na cidade mediterrânea do século XXI.





















