
Oco é o nome escolhido para esta residência — um nome que carrega em si a simbologia do bambu, material central na experiência, cuja força e leveza estão justamente no vazio que o constitui. É a partir desse oco que reverberam sons, atravessam fl uxos e nascem possibilidades.
A residência propõe um reencontro entre práticas arquitetônicas e os saberes enraizados no corpo, na terra e nas formas coletivas de construção. A tríade terra-corpo-estrutura segue sendo a essência que sustenta o projeto: a terra como território e matéria ancestral, o corpo como espaço de memória e ação, e a estrutura como gesto compartilhado e coletivo.
Mais do que um espaço de produção material, Oco afi rma-se como um território de pausa e escuta. Em sua concepção, o oco e o vazio não são ausências, mas presenças fundamentais — lugares onde o excesso de ruído, cobrança e velocidade dão lugar à suspensão necessária para imaginar. A residência aposta no vazio como pausa radical: uma fresta de tempo onde não se exige resposta imediata, produtividade normativa ou adequação ao mercado.
É nesse intervalo que se inscreve a potência: a possibilidade de repensar o lugar da mulher negra na arquitetura, de experimentar sem medo o erro, e de construir
outros futuros sem os limites impostos pelas violências de raça, gênero e classe. Ao criar um espaço que acolhe o silêncio, a dúvida e o desejo por novas formas de pensar e produzir, a residência propõe uma arquitetura que nasce da escuta profunda — do território, do corpo e das memórias compartilhadas. e os saberes enraizados no corpo, na terra e nas formas coletivas de construção.
Esta é a primeira proposta de residência artístico tecnológica voltada à arquitetura promovida pelo Cambará – Instituto de Fomento à Arquitetura Afro-Brasileira e o Cerbambu. A residência artística e técnica para arquitetas negras no Cerbambu surge como um gesto coletivo de reaproximação entre o fazer arquitetônico, os saberes ancestrais, que rompem com a normatividade da produção arquitetônica dominante e com os sistemas construtivos hegemônicos, geralmente baseados em lógicas extrativistas, coloniais e industrializadas.
Realizada no contexto da escola Cerbambu, localizada em Ravena/MG, a iniciativa propõe a imersão de nove mulheres negras em uma experiência formativa ancorada na experimentação com o bambu enquanto material construtivo, mas também simbólico, social e ligado a saberes tradicionais de sustentabilidade e coletividade.
Durante sete dias, as participantes serão convidadas a investigar, projetar e construir coletivamente uma plataforma-mobiliário, que funcionará como palco para os debates, apresentações e vivências propostas pelo Instituto para a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Este dispositivo não é apenas um objeto, mas um lugar de encontro, manifestação e proposição. Trata-se de afi rmar a potência das epistemologias negras, do trabalho manual, do tempo coletivo e do espaço como elemento vivo de articulação política e estética.
A residência parte do desejo de fortalecer redes entre arquitetas negras e abrir espaços de produção onde o conhecimento se dá pela escuta, pela troca e pelo corpo em movimento.
O edital lançado no dia 08/06/2025 está com inscrições abertas até 22/06/2025.
Divulgação dos resultados: 04/07/2025
Período da residência na Cerbambu (Ravena | MG): De 13 à 19 de julho
Acesse o edital: https://docs.google.com/document/d/1SZvpFVYRidF3i3ecMAgOdZ6SVG-bDEjThTAF5_DzreI/edit?tab=t.0#heading=h.16nbx7c1u0i1
Acesse o formulário de inscrição: https://forms.gle/Gsc215rPNXsQzNea9
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Título
Cambará Instituto anuncia a primeira ação institucional do biênio, focada em profissionais negras de arquitetura e design: Oco – Residência artístico técnológica, acontecerá na sede Cerbambu, em Ravena – Minas GeraisTipo
Bolsas e PrêmiosOrganizadores
Cambará - Instituto de Fomento à Arquitetura AfrobrasileiraPrazo de inscrição
22 de Junho de 2025 10:02 AMPrazo para envio
08 de Junho de 2025 10:02 AMOnde
São PauloPreço
GrátisRestrições geográficas (restrições por país)
Brasil