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Arquitetos: Osvaldo Moreno y Martínez & Asociados
- Área: 278000 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Osvaldo Moreno y Philippe Blanc
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Fabricantes: Cintac, Hags, Vanghar
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Parque Urbano Ilha Cautín é um espaço público de 28 hectares localizado na cidade de Temuco, às margens do rio Cautín, importante corredor hidrológico e ecológico da região da Araucanía, no sul do Chile. Sua denominação como "ilha" refere-se à sua condição de "terra seca" entre dois cursos de água – o córrego Pichicautín ao norte e o rio Cautín ao sul –, que historicamente têm causado inundações na cidade, um problema intensificado pelas mudanças climáticas.
Concebido como uma infraestrutura hidroecológica para a resiliência urbana, o parque propõe a recuperação da paisagem ribeirinha do rio Cautín, promovendo um impacto significativo nos aspectos hidráulicos, ecossistêmicos e socioeconômicos em nível local e regional. Além disso, busca contribuir para a integração multicultural entre as tradições mapuches e a sociedade chilena contemporânea, em um contexto marcado por conflitos étnicos históricos e episódios de violência política durante a ditadura militar da década de 1970.
Para alcançar esses objetivos, o programa inclui também espaços de memória dedicados ao desenvolvimento de ritos cerimoniais e comemorativos da tradição mapuche – como o Ngillatun, o Paliwe e o Wetripantu –, além do Memorial dos Direitos Humanos, erguido sobre antigos campos de treinamento militar onde ocorreram detenções e execuções.
A estrutura espacial do parque é definida por uma grande pradaria central – que abriga áreas de brejos, pastagens e florestas – em torno da qual se organiza um anel programático perimetral. Este inclui uma série de acessos públicos, praças temáticas, serviços multifuncionais e áreas recreativas, todos interligados por um sistema de trilhas que também permite compartimentar as dinâmicas hidroecológicas planejadas.
Uma sequência de áreas inundáveis, canais e brejos projetados foi desenvolvida para reter e infiltrar o escoamento urbano, contemplando um volume total de retenção de 78.000 m³, correspondente a um período de retorno de 100 anos (T100). Proposto como um sistema de soluções baseadas na natureza para a redução de riscos de inundações causadas por chuvas extremas, seu design paisagístico combina a modelagem de movimentos de terra que acentuam as depressões existentes com gradientes de vegetação ribeirinha, favorecendo condições de habitat para animais, aves, anfíbios e insetos benéficos, além de proporcionar biodiversidade e importantes serviços ecossistêmicos.
Atualmente, o parque transformou-se em um hub neurálgico para diversos projetos emergentes de educação, pesquisa e inovação, desenvolvidos em colaboração com universidades, serviços públicos e outras administrações locais. Essas iniciativas incluem temas como eficiência hídrica, gestão agroecológica, compostagem, captura de carbono e adaptação às mudanças climáticas. Nesse sentido, pode-se afirmar que os efeitos das estratégias de design aberto e colaborativo implementadas durante a fase de projeto transcenderam positivamente para o atual funcionamento do parque, contribuindo para a gestão e governança sustentável de seus espaços, programas, recursos e serviços ecossistêmicos.