Oito técnicas para fazer das cidades lugares realmente transitáveis

Ao longo dos anos, já não nos impressiona saber que a frota tem crescido de uma forma assustadora. Isso se reflete em uma recente medição do Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostra que, nos últimos cinco anos, este setor teve um aumento de 30%.

O preocupante deste cenário é que desconhecemos se as ruas estão preparadas para receber essa demanda no futuro próximo, a eficiência das rodovias como vias rápidas e os efeitos na mobilidade de todos os habitantes das cidades.

Para se ter uma ideia de como poderiam ser solucionados estas problemáticas projeções, o arquiteto e urbanista Jeff Speck lançou Walkable City, um livro em que expõe oito técnicas que servem para melhorar a circulação dos cidadãos e projetar um desenho urbano benéfico e equilibrado entre pedestres, ciclistas e motoristas.

A seguir são mostrados estes conselhos:

via Plataforma Urbana

1.  Localizar os automóveis em seu lugar.

As cidades dos Estados Unidos têm privilegiado os automóveis sobre outros meios de transporte, segundo Speck. Isto repercutiu e muitas pessoas compram mais automóveis pois consideram as rodovias como uma melhor alternativa às ruas. No entanto, a construção destas vias rápidas aumenta a frota de veículos ao entregar esta “solução”, o que se traduz em uma demanda induzida para a aquisição de automóveis.

Materializa-se em certos lugares do centro das cidades, que em vez de converter-se em calçadões, são destinados ao tráfego de veículos. Para mudar este panorama, Speck considera que o melhor é aplicar taxações ao lugares mais transitados e transformar em calçadões algumas ruas próximas a grandes avenidas.

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2.  Mesclar os usos.

No livro, o arquiteto expõe que os bairros com grande diversidade de funções, usos e concentração de serviços, são transitados a pé por seus visitantes, que não chegam ao lugar em automóveis por causa dos congestionamentos. Para mudar isto, propõe-se que nos centros das cidades deveriam ser construídas mais habitações para facilitar a acessibilidade aos serviços por quem vive ali e para fomentar o uso do transporte público para vencer as distâncias.

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3.  Apoiar o transporte público.

Levando em conta que, para Speck, o sistema de transporte público é “uma forma móvel de espaço público”, ele considera que o mais adequado para fortalecer o serviço é considerar as opções reais de deslocamentos do metrô e ônibus a partir de diferentes partes da cidade. Quando as estações e os paradeiros destes serviços são construídos em locais com alta densidade residencial, com faixas segregadas, com uma boa frequência e bairros de pedestres nas proximidades, este serviço é cada vez mais utilizado pelos cidadãos, reduzindo o tempo de viagem, de busca de vagas de estacionamento e poluindo menos.

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4.  Proteger o pedestre.

Quando há ruas muito estreitas, de um só sentido, a proximidade entre veículos e pedestres gera inseguranças. Também, em grandes avenidas, esta sensação de insegurança se mantém pela alta velocidade em que transitam os carros. Para mudar isso e para que os pedestres sintam-se seguros para caminhar pelas calçadas, o ideal seria que as avenidas tivessem um só sentido de circulação veicular em que as pessoas sempre pudessem ser visíveis a quem dirige. Se isto é complementado com calçadas mais largas e delimitações sinalizadas nos casos em que não se possa reparar as calçadas, os sentimentos de insegurança diminuirão e pedestres sentir-se-ão mais seguros enquanto andam.

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5.  Bicicletas... Bem-vindas!

Ao longo da pesquisa, Speck comprovou que o uso da bicicleta reduz notoriamente o uso de automóveis, pois os ciclistas percebem mudanças em seu estado mental, peso corporal e capacidade respiratória. Ainda assim, o meio ambiente é muito beneficiado. Se tomarmos o exemplo de Amsterdam, cidade holandesa com 783.000 habitantes, dos quais 400.000 andam de bicicletas durante o dia, o convite já está feito para ir estudar, trabalhar ou onde quer que seja, pedalando.

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6.  Forma de espaços públicos.

Quanto ao desenho urbano dos espaços públicos, Speck argumenta que o melhor para incentivar as pessoas a andarem a pé pela cidade é criar espaços que eles estejam cheios de pessoas, não criando uma sensação de clausura, pois isso afugenta os visitantes. Propõe também que não se construam edifícios altos próximos passeios ou calçadas, pois eles também causam esse sentimento de confinamento e insegurança com a percepção de que os carros estão próximos demais dos pedestres.

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7.  Plantar árvores.

Embora as árvores nas calçadas de ruas movimentadas possam afetar a visibilidade, especialmente nos cruzamentos, elas também são necessárias, pois ajudam a evitar colisões com pedestres, agindo como verdadeiros amortecedores contra o impacto do carro. Adicione a isso a redução das emissões de gases de efeito estufa e o atrativo visual e não há razões para barrar o plantio de árvores nas cidades.

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8.  Fazer amizades "no caminho".

Quando no metrô ou nas ruas, é comum ver as pessoas se concentrando apenas em seus telefones, sem interagir com o resto apesar de estar rodeado por pessoas. Para incentivar a interação entre as pessoas, Speck propõe a construção de comércios e serviços ao nível da rua. Com isto, além de conhecer as pessoas com quem se compartilha a cidade, aumenta-se a sensação de segurança e mais pessoas são atraídas para os bairros emergentes.

Texto por via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.

Sobre este autor
Cita: Fernanda Britto. "Oito técnicas para fazer das cidades lugares realmente transitáveis" 25 Dez 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-88640/oito-tecnicas-para-fazer-das-cidades-lugares-realmente-transitaveis> ISSN 0719-8906

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