Cultura ganha casa nova na Gamboa

Galpões centenários com um total de 3.600 m², que serviram como depósito de sacas de café, são inteiramente restaurados pelo projeto Porto Maravilha Cultural, que integra o processo de revitalização da região portuária.

Duas jóias esquecidas da cidade começam a ganhar vida depois de quatro meses de um duro trabalho de restauração. Os Galpões da Gamboa, como são conhecidas duas estruturas construídas na Zona Portuária no fim do Século XIX foram salvas da degradação pelo projeto Porto Maravilha, responsável pela recuperação de uma área no Centro de 5 milhões de m².

Erguidas com tijolos maciços, as estruturas dos galpões de mais de 130 anos resistiram bem à ação do tempo. Mas suas paredes exibem marcas, com o desgaste do material e intervenções despreocupadas – com remendos de cimento e tijolos vazados. Os telhados também já não existem, porque parte da ferragem que os sustentava, feita espessas chapas e colunas, foi roubada.

“Nós encontramos aqui basicamente uma ruína. Mas a qualidade do material permitiu que os galpões ficassem de pé. Por isso, a restauração da parte de alvenaria é toda possível” – explica o engenheiro civil Luiz Eduardo Lomar, sócio da empresa Copa Engenharia, responsável pela restauração das construções, tombadas pela Secretaria de Patrimônio do Município.

Inaugurados em 1880, os Galpões da Gamboa foram construídos numa das primeiras áreas de aterro da Zona Portuária, entre os pés do Morro da Providência e a Baía de Guanabara.

Durante anos serviram como depósito de sacas de café, até há decadência do ciclo econômico do produto, quando passaram a servir de depósito de vagões e locomotivas da extinta Rede Ferroviária Federal. Essa história aos poucos começa a ser resgatada pelas mãos dos operários.

“É muito difícil restaurar. Até porque o operário está acostumado a construir. Ele sabe pegar uma parede do chão e levar ao alto. Mas você tem que mostrar a ele a importância, contar os fatos históricos, explicar como foi feito e criar nele a sensibilidade de restaurador. Eu acho que isso é o que mais importa na formação do pessoal” – diz Lomar, ao comentar a minúcia do trabalho.

Com o carinho e a paciência de restauradores, os operários escolhem de tijolo em tijolo aqueles que precisam ser trocados, numa técnica que recupera as maneiras de construção da época. Alguns dos arcos das portas e janelas, por exemplo, precisam ser reconstruídos na mesma forma utilizada há 130 anos.

“Isso aqui é bom exemplo dessa associação entre transformação e recuperação do patrimônio. Por exemplo, toda a estruturação dos novos telhados de um dos galpões está sendo pensada de modo a permitir usos mais contemporâneos, enquanto o outro passa por uma restauração mais fina, porque tinha ainda elementos do antigo telhado. Haverá ainda uma nova praça entre eles, o que, com certeza, vai transformar esse espaço em um lugar de confraternização da cidade” – comenta a decisão de restaurar os galpões o subsecretário de Patrimônio do Município, Washington Fajardo.

Prevista para terminar em dois anos, a obra nos galpões de 3.600 m² vai custar R$ 7,85 milhões do programa Porto Maravilha Cultural. Os recursos serão custeados com 3% da receita da venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPACs), vendidos a empresas que desejam construir acima do gabarito permitido na região do Porto.

Via Cidade Olímpica.

Sobre este autor
Cita: Jorge Alves. "Cultura ganha casa nova na Gamboa" 25 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-39733/cultura-ganha-casa-nova-na-gamboa> ISSN 0719-8906

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