MOS Architects assume projeto humanitário no Nepal

Neste artigo, que aparece originalmente em Australian Design Review como "Reframing Concrete in Nepal," Aleksandr Bierig descreve como o escritório de Nova York MOS Architects, mais conhecido por seu trabalho experimental, esta projetando um orfanato para uma pequena comunidade no Nepal.

Estranhamente, se tornou quase banal um escritório como MOS Architects projetar um orfanato para uma pequena comunidade no Nepal. Agora em construção em Jorpati, oito quilômetros a nordeste da capital, Kathmandu, está o Orfanato e Centro de Aprendizagem Lali Gurans, que se encontra na intersecção de várias tendências: o surgimento de ajuda internacional e organizações não governamentais, a aniquilação aparente do espaço por redes de comunicação globais e o desejo latente de arquitetos de usar seus projetos para mudanças sociais efetivas. Enfatizando técnicas de construção simples e elementos de design sustentável, o edifício espera ser um modelo para comunidades próximas, como um centro educacional e ambiental que fornece serviços sociais para mulheres e como lar para 50 crianças.

MOS Architects, fundado em 2003 pelos arquitetos norte americanos Michael Meredith e Hilary Sample, não é um escritório conhecido por seu envolvimento com projetos humanitários. Seu trabalho é geralmente experimental e, às vezes, estranho. Além de sua arquitetura, MOS produz filmes, design de mobiliário e palestras sobre seu trabalho. Foi depois de uma palestra em Denver, Colorado em 2009 que Christopher Gish abordou Meredith e Sample para perguntar se estariam interessados em projetar um orfanato.

Lali Gurans Orphanage and Learning Centre. Image Courtesy of MOS Architects

Na época, Gish estava se recuperando de um grave acidente de carro, o que levou a rever sua vida nos EUA. O resultado - depois de muita viagem e introspecção - foi a criação de Seeds of Change Foundation, que foca no trabalho educacional e ambiental no Nepal.

Logo depois do encontro, Meredith viajou para o Nepal com Gish, visitando possíveis locais, uma escola de arquitetura e conhecendo engenheiros estruturais. A principal preocupação do projeto, desde os estágios iniciais, foi sísmica, já que o Nepal se situa em uma região de intensa atividade geológica. MOS consultou Adams Kara Taylor (AKT II) antes de começar a trabalhar com MRB and Associates, Kathmandu, diretor que iniciou o código sísmico para o Nepal. Meredith e Sample descreveram a robustez da estrutura como "a um passo de um reator nuclear" ou "uma área de refúgio de um desastre natural". A estrutura de concreto de 30 cm e o grande núcleo de serviços proporcionam força estrutural. O projeto se baseia em técnicas de construção locais - a construção de casas é geralmente informar, com reforços em concreto armado. Em contraste com edifícios de concreto locais, em geral finalizados em estuque, o orfanato faz uso do concreto aparente: uma monumentalização de técnicas da construção local , incorporando e reconfigurando uma linguagem arquitetônica disponível.

Lali Gurans Orphanage and Learning Centre. Image Courtesy of MOS Architects

Internamente, o edifício de 2.325 m² abriga uma série de programas e serviços. Há uma biblioteca no térreo - uma comodidade cívica incomum no Nepal - junto com uma clínica feminina. Acima há uma cozinha e salas de reunião, seguidos por dormitórios das crianças. Nepal tem uma grande população de jovens pobres, uma situação exacerbada por costumes punitivos contra as mulheres - uma mulher geralmente não pode trabalhar depois do divórcio, sendo portanto incapaz de sustentar suas crianças. O objetivo principal de Gish para a instituição é emancipar essas populações e fornecer uma instituição modelo para outros centros educacionais e abrigos infantis. O planejamento espacial do edifício reflete este desejo: privacidade e segurança aumentam na medida em que se sobe.

Lali Gurans Orphanage and Learning Centre. Image Courtesy of MOS Architects

Os sistemas do edifício também refletem este desejo por segurança. A infraestrutura do Nepal não é avançada em relação aos padrões ocidentais; Meredith descreve sua surpresa em visitar o país pela primeira vez e ver os sistemas rudimentais de tratamento de resíduos, água suja usada para o banho e consumo, falta generalizada de energia elétrica e outras deficiências de infraestrutura recorrentes. Gish, entretanto, interpretou este ambiente desafiador como uma oportunidade de explorar uma variedade de técnicas de design sustentável. MOS, em resposta, buscou soluções simples, de "senso comum" para construir serviços. Água da chuva será coletada em três grandes cisternas e biogás a partir de resíduos será reciclado para gerar energia no edifício.

Lali Gurans Orphanage and Learning Centre. Image Courtesy of MOS Architects

É necessário tempo para determinar se os objetivos do projeto do edifício serão atingidos - se os sistemas mecânicos irão funcionar, se a vegetação vai começar a subir pela estrutura de concreto ou se populações locais serão atraídas para um local na margem urbana de Kathmandu. Mas eventuais pós-vidas do prédio irão ampliar ainda mais. Além da comunidade imediata, o orfanato provavelmente irá encontrar caminho até escolas de arquitetura e blogs de design pelo mundo (o habitat natural de MOS). Enquanto o "design humanitário" defende em geral sua própria imagem como guerreiro contra o "star system" da arquitetura, Meredith insiste que a decisão entre um design marcante e valores sociais é uma "falsa escolha". A abordagem inteligente de MOS serve seus interesses próprios, bem como os do cliente e da comunidade. No processo, o projeto pode ser definido em uma antiga tradição arquitetônica: distingue e dignifica a instituição que serve.

Lali Gurans Orphanage and Learning Centre. Image Courtesy of MOS Architects

MOS empreende a arquitetura como sistema aberto de questões inter-relacionadas variando de tipologia arquitetônica, metodologias digitais, performance de construção, estrutura, fabricação, materialidade e uso, bem como redes mais amplas de sociedade, cultura e meio ambiente. Seus processos inclusivos permite que opere em uma multiplicidade de escalas. MOS foi fundado em 2003 por Michael Meredith e Hilary Sample, e ambos lecionam nas Universidades de Harvard e Yale.

A Australian Design Review é uma revista online que representa duas publicações impressas: Architectural Review Asia Pacific e a revista de design de interiores Inside.

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Sobre este autor
Cita: Bierig, Aleksandr . "MOS Architects assume projeto humanitário no Nepal" [MOS Architects Take on Humanitarian Design in Nepal] 02 Jan 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-164641/mos-architects-assume-projeto-humanitario-no-nepal> ISSN 0719-8906

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