Tributo a Oscar Niemeyer, por Norman Foster

© Foster + Partners

Ontem, nosso querido Oscar Niemeyer faleceu, aos 104 anos. Compartilhamos com vocês um tributo ao mestre escrito por Lord Norman Foster:

Fiquei profundamente triste ao saber da morte de Oscar Niemeyer. Ele foi uma inspiração para mim - e para uma geração de arquitetos. Poucas pessoas tem a oportunidade de conhecer seus heróis e eu sou grato por ter tido a oportunidade de passar um tempo com ele no Rio no ano passado.

Segundo os arquitetos educados no Movimento Modernista, Niemeyer incorporou os conhecimentos adquiridos do movimento tradicional de ponta-cabeça. Invertendo o ditado familiar de que "a forma segue a função ', Niemeyer demonstrou vez que em vez disso,' quando uma forma cria beleza, torna-se funcional e, portanto, fundamental na arquitetura".

Diz-se que quando o cosmonauta russo Yuri Gagarin visitou Brasília, ele viveu a experiência como a aterrissagem em um planeta diferente. Muitas pessoas chegando à cidade de Niemeyer pela primeira vez devem ter sentido o mesmo. É ousada, escultural, colorida e livre - e como nada antes visto. Poucos arquitetos da história recente são capazes de convocar tão vibrante vocabulário e estruturá-lo em uma linguagem tão brilhantemente comunicativa e tectônicamente sedutora .

Não se pode contemplar catedral de Brasília, por exemplo, sem comover-se  tanto pelo seu dinamismo formal como por sua economia estrutural que se combinam gerando tamanha sensação de leveza que dá a impressão de que fechamento se dissolve totalmente no vidro. Que arquiteto pode resistir a curiosidade de como as ligeiras colunas de concreto em forma de osso do Palácio da Alvorada são capazes de tocar o solo de forma tão sutil? Brasília não está simplesmente projetada, está coreografada; cada uma de suas peças, fluidamente compostas, parecem estar, como uma bailarina, congeladas por um segundo em um momento de equilíbrio absoluto. Mas o que eu ainda mais gosto em seu trabalho é que mesmo os edifícios isolados se tratam principalmente do passeio público, da dimensão pública.

Como estudante, no início de 1960, eu olhava para o trabalho de Niemeyer como um estímulo; debruçado sobre os desenhos de cada novo projeto. Cinqüenta anos mais tarde, seu trabalho ainda tem o poder de surpreender-nos. Seu Museu de Arte Contemporânea em Niterói é um exemplo disso. Parado na rocha como uma planta exótica, ele rompe a convenção justapondo arte com uma vista panorâmica do porto do Rio. É como se - em sua mente - ele tivesse quebrado a convencional galeria em forma de caixa rochas abaixo, e nos desafiasse a ver a arte e a natureza como iguais. Eu caminhei pelas rampas do Museu. Elas são quase como uma dança no espaço, convidando a ver a construção de muitos pontos de vista diferentes antes de realmente entrar. Achei absolutamente mágica.

Durante o nosso encontro no ano passado, conversamos longamente sobre o seu trabalho - e ele ofereceu algumas lições valiosas ao meu. Parece absurdo descrever como jovial um homem de 104 anos, mas sua energia e criatividade são inspiradoras. Fui tocado pelo seu carisma e por sua grande paixão pela vida e pela descoberta científica - ele queria entender sobre o cosmos e o mundo em que vivemos. Em suas palavras: "Estamos a bordo de um navio fantástico!"

Ele me disse que a arquitetura é importante, mas que a vida é mais importante. E que, finalmente, sua arquitetura é o seu legado. E como homem, eternamente jovem - ele deixa conosco uma fonte de prazer e inspiração para muitas gerações.

Norman Foster

Sobre este autor
Cita: Basulto, David. "Tributo a Oscar Niemeyer, por Norman Foster" [Tribute to Oscar Niemeyer by Norman Foster] 06 Dez 2012. ArchDaily Brasil. (Trad. Fernandes, Gica) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-84955/tributo-a-oscar-niemeyer-por-norman-foster> ISSN 0719-8906

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