Escola de Arte em Burgos / Estudio Primitivo Gonzalez

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

Um edifício pode ser muita coisa. Mas há algo que distingue alguns edifícios de outros. Estes são aqueles que têm seu próprio caráter, sua própria essência. Nós podemos pensar a escola como uma grande oficina, onde o trabalho manual ganha seu próprio significado, espaços concebidos como ateliers de artistas, um estúdio de design ou uma oficina de marceneiro. Esse “personagem” deve estar presente.

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Deve ser o próprio edifício. Cada área precisa ser funcionalmente diferente, mas os alunos também devem estar familiarizados com todas as atividades que acontecem ali, e entender o que acontece em cada oficina. Os estudantes precisam se sentir parte de toda a escola, e não somente de sua área. Nós queremos alcançar a máxima visibilidade possível, como conceito chave do processo de aprendizado e treinamento.

A escola, situada dentro de um bloco de edifícios residenciais, adota a forma geométrica de sua localização. A secção inferior segue a forma da propriedade. No piso acima, está a entrada, o foyer principal e uma sala de conferência, com uma marcação ortogonal. Sua imagem exterior expressa o local e uma nova ordem. O piso térreo atua como base, construído em alvenaria de clínquer negro, enquanto a secção superior, com um formato de caixa, recebe um revestimento de um azul profundo. O térreo recebe os ateliers, e o superior, as classes teóricas. Os dois pavimentos e seus usos se sobrepõem.

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O projeto é construído em um formato modular, alternando áreas de ensino e pátios, utilizando uma disposição simples que atua como espinha dorsal formada por dois corredores que atravessam o edifício longitudinalmente, ligados por halls poligonais e shafts verticais, que recebem a forma de um anel, o que permite uma melhor conexão entre todas as áreas. O projeto deixa pequenos espaços para áreas sem um uso “específico”. No ensino da arte, o intercambio cultural, relacionamentos e informações não reguladas são partes vitais do processo de amadurecimento.

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Um espaço onde isso possa acontecer é necessário. A área estabelecida como “hall de entrada” é estendida para os corredores circundantes e a uma pequena área de descanso que se abre à rua. A sala de conferências está posicionada como uma extensão desse hall de entrada, com a opção de se combinar os dois espaços, mediante  uso de uma parede deslizante. Essa área de pé-direito duplo é atravessada pela passarela que o círculo dos corredores do pavimento superior.

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Isto ajuda a conseguir uma sensação de um amplo espaço aberto. A sala de conferências pode ser estendida conforme o evento exija, incluindo o hall de entrada, enquanto o hall mistura-se a sala, quando esta não está em uso. Como esses espaços sãos usados depende de seus usuários, seu tamanho comporta exibições, debates, desfiles de moda, etc.

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Esta área é separada da rua com uma divisória de vidro, que atua como uma “vitrine”, uma caixa de vidro na qual a escola pode expor ao público os resultados de seus trabalhos e atividades, e que age como um ponto de troca de informações entre os estudantes.

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

A natureza modular e linhas precisas permitem que as divisórias de vidro misturem-se com a estrutura de concreto. Devido a estrutura, as instalações do edifício ficam visíveis. Todos esses aspectos adicionam caráter às oficinas. As paredes divisórias são construídas de gesso, o que permite futuras adaptações aos programas de ensino, que, sem dúvida, estão em uma rápida evolução na era da tecnologia. Os pátios criam um certo nível de compartimentação, mas sem bloquear a vista entre as diferentes áreas.

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

As condições do subsolo, e o fato de que a propriedade está em um nível inferior do que os desenvolvimentos urbanos do entorno, significava que era possível a criação de um pavimento “meio-subterrâneo” sem um custo muito maior. Esse nível é usado como estacionamento de carros e bicicletas, embora, sem dúvida, será usado para alguns eventos. O propósito do edifício é permanecer aberto à imaginação de seus usuários, permitindo um dinamismo.

Planta 02

A escola será o que sua própria comunidade queira que ela seja. A intenção é que o edifício aja como uma caixa vazia, como se fosse uma folha em branco, aberta à criatividade dos estudantes e professores.

Ficha técnica:

Sobre este escritório
Cita: Marina de Holanda. "Escola de Arte em Burgos / Estudio Primitivo Gonzalez" 07 Out 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-74539/escola-de-arte-em-burgos-estudio-primitivo-gonzalez> ISSN 0719-8906

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