Tornar-se um arquiteto global é o certo para você?

A globalização trouxe consigo muitas coisas: a possibilidade de viajar, reconhecer familiaridade em qualquer cidade, e, mais importante para nós, criar oportunidades trans-continentais no design. Criou uma plataforma para jovens profissionais em uma escala que nenhuma outra geração pôde encontrar. Se você quer ser um arquiteto global, buscar projetos vencedores de prêmios, trabalhar ao lado de pessoas inspiradoras e aprender com elas, ser proativo e procurá-las; essencialmente, você precisa estar disposto a se deslocar.

Deslocar-se por uma carreira não é para todos e não acontece sem riscos (que serão citados mais tarde); entretanto, ter a oportunidade de viajar para uma nova cidade e aprender novas habilidades é uma experiência incrível que tivemos a sorte de conseguir realizar. Se este é o tipo de experiência que você procura, talvez ser um arquiteto global é o certo para você. Continue lendo para saber.

Por que você quer se mudar?

Estar na posição de se desenraizar e mudar para outro lado do mundo, de mergulhar em outra cultura, é algo que nós australianos temos facilidades em relação ao passaporte e a sintonia para realizar. Mas não é para todos. Antes de alimentar a ideia, você precisa avaliar de forma realista o que ganhará sendo global. É também essencial aquilo que você pode acrescentar, o seu valor. Um profissional interno que analisa forças, fraquezas, oportunidades e ameaças pode ajudar. Você precisa ser realista sobre onde pode aprender mais, ser mais útil, onde sua experiência está, e se pode e deseja crescer profissionalmente com esta experiência. Estabelecer sua própria ética profissional e onde pode crescer mais é a chave da questão. Se você não for realista, são apenas férias.

Onde começar?

Deslocar-se em qualquer profissão é crítico, mas se posicionar em um dos epicentros do design é crucial. Uma vez que você decide onde gostaria de se tornar um arquiteto global, é preciso pesquisar. Comece com vistos, compare suas habilidades e experiência àqueles da cidade que você escolheu, trabalhe em como se tornar atrativo para um contratante estrangeiro, entenda seu salário comparativo no mercado (há diversos sites online  para o mercado de trabalho norte americano), e procure por oportunidades de carreira - a profissão de arquitetura está crescendo nessa cidade? As empresas locais estão ganhando grandes comissões? Há novas construções acontecendo? Você tem contatos lá? Nosso conselho é simples: faça sua pesquisa e seja realista.

Outro conselho: certifique-se de obter seu registro. Funciona como uma base para empregadores estrangeiros entenderem sua experiência em relação aos padrões de seus próprios países.

© Bronwyn Marshall

Entretanto, é possível realizar apenas uma parte em casa. Não espere que um empregador estrangeiro considere contratá-lo se não estiver lá em pessoa. Se isso significa mudar-se com um visto turístico por meses, faça isso - nós e muitos outros passamos por essa experiência tensa e a maioria teve sucesso.

Isto não significa que você não deve buscar todos os contatos que vivem na sua cidade em potencial para pedir conselhos - esta deve ser a primeira coisa a fazer - mas não espere que essas oportunidades venham até você. Esteja preparado para o que o empregador pode querer em uma entrevista,  pesquise e realmente compreenda os tipos de vistos que irá precisar e a documentação necessária (uma simples pesquisa no Google resolverá isto), nem todas as empresas tem advogados de imigração e não saber a resposta mostra despreparo. Crie um currículo bem articulado alinhado às expectativas e protocolos locais (EUA preferem resumos de uma página) e construa um portfólio forte (normalmente digital). Esteja preparado, faça sua pesquisa, e não espere que outra pessoa tenha as respostas.

O valor

Ter um portfólio diversificado é sem dúvida uma boa coisa. Ter habilidades relacionadas a experiência em projetos de regiões diferentes? Isto é ótimo. Trabalhar como um arquiteto global também expande as oportunidades de viajar, que resulta em grande exposição a contextos urbanos e regionais diversificados. Significa aumentar nossos contatos, nossa presença na internet, com mais influências ao alcance. Ser um arquiteto global nos torna designer melhores, pensadores melhores, nossos horizontes são expandidos. As experiências que você pode ter, o que você pode aprender, para quem você pode trabalhar, quem você pode conhecer, ouvir, falar e encontrar em um evento pode parecer impossível. Não é. Acontece.

No último mês, em uma palestra pública em Nova York, Richard Meyer e seus parceiros falaram sobre os 50 anos de prática e ressaltaram a importância de ser global, de se deslocar, e do valor de um portfólio diversificado. Seu conselho foi que o arquiteto global não é diferente de um modelo empresarial. Você se torna uma entidade autogerida, mas a prática é, essencialmente, a mesma. Você define a importância dos contatos, da experiência e da reputação. O valor de se deslocar é grande parte disso. Se você pode buscar, você pode alcançar; você pode estar em um grande trabalho.

Os riscos

Em todo trabalho há riscos, e alguns desses são amplificados ao estar em uma cidade estrangeira. Perder o emprego é provavelmente o mais assustador considerando a distância de "casa". Por exemplo: nossos vistos de trabalho determinam que se perdermos o emprego, temos 10 dias para deixar o país. Além disso, nos EUA você pode ser despedido a qualquer momento, sem avisos prévios. Você não pode deixar que isso o impeça. Sem riscos não há recompensas. Claro que você precisará conhecer as leis locais, códigos de construção, protocolos, novas unidades de medida e cultura e expectativas, mas isso tudo é mínimo comparado ao possível crescimento e às experiências que virão com a oportunidade, são apenas parte do cotidiano de um arquiteto global.

Não é para todos

Ser um arquiteto global não é para todos. Sim, se sua experiência, expectativa profissional e ambições se alinham à compra da passagem só de ida, vá em frente. Mas se você quer crescer onde está atualmente, colher as oportunidades de seu próprio jardim, faça isso também. O impulso precisa acontecer em todo lugar. E precisa ser mantido em todo lugar. Enquanto alguns australianos buscam experiência nos EUA, alguns americanos procuram experiência na Europa, Ásia e América do Sul. Isso é bom. Todos nos beneficiamos. Enquanto o ritmo do desenvolvimento se desacelera em uma área, cresce em outra. Existem oportunidades e todos os lugares, elas apenas se manifestam de formas diferentes, determinadas predominantemente pelo ritmo e tipo de trabalho. Quando você sabe o que procura, e onde está melhor alinhado, pode e deve escolher seu lugar. 

Você não sabe tudo

A parte de se expor a uma nova forma de fazer as coisas que mais nos trona humildes é perceber que não sabemos tudo. Ver outros arquitetos locais e internacionais abordarem uma situação a partir de uma perspectiva completamente diferente, que reflete sua própria educação e experiência, é uma forma incrível de aprender. Estamos aqui para aprender e continuar aprendendo, isto é intrínseco à natureza humana e tivemos a sorte de conhecer alguns dos arquitetos e designers mais respeitados e conhecidos no mundo que nos mostraram caminhos alternativos para obter as experiências que nos levaram a nos tornar arquitetos globais em primeiro lugar.

Conclusão

Mudar-se para um novo mundo o envolve de uma maneira difícil de compreender até que esteja imerso nele, se deslocando e reclamando dele. Como um arquiteto global, você percebe que a forma como as soluções de design são buscadas, como estéticas são entendidas e encontros de design são conduzidos são as mesmas em todo o mundo, com diferentes nuances. Compreender estas nuances é a chave. Aprender a linguagem dessas nuances também irá torná-lo mais apto a articular seu design. Você pode ter grandes oportunidades de projeto e fazer contatos globais valiosos. Acreditamos que a ideia de arquiteto global não seja nem um pouco maluca. Faz muito sentido. Para nós, a resposta ainda é: "por que não?" Herzog ou Zaha não irão até você; é preciso ir até eles. E ficamos felizes de tê-lo feito. 

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© Bronwyn Marshall

Philippa Weston (Pippa) é uma arquiteta australiana com experiência considerável nos EUA, Austrália, Ásia e América Latina. Pippa completou M.Arch na University of Adelaide em 2008, obteve seu registro em 2010 e se mudou para os EUA em 2011. Atualmente Pippa está em Nova York como gerente de projeto e arquiteta para M.E Architects, tendo anteriormente trabalhado para o arquiteto mundialmente conhecido Robert. A. M. Stern. Seu trabalho foca predominantemente em desenvolvimentos residenciais de alto padrão, hotelaria e espaços comerciais. 

Bronwyn Marshall (Bron) trabalha atualmente como designer e arquiteta em uma empresa internacional de design em Nova York, depois de se mudar de Melbourne em 2013. É uma arquiteta registrada na Austrália desde 2011, formada pela University of Adelaide e trabalhando desde 2007. Trabalhou para empresas de design de média a grande escala e sua experiência abrange residenciais de alto padrão, arquitetura pública, planejamento urbano, projetos comerciais, industriais, de saúde, hotelaria e educacionais. Colaborou com vários arquitetos na Austrália, Ásia e Estados Unidos. Ela também escreve regularmente para Minimalissimo como editora.

Sobre este autor
Cita: Philippa Weston & Bronwyn Marshall. "Tornar-se um arquiteto global é o certo para você?" [Should You Become a Global Architect?] 02 Mar 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-179933/tornar-se-um-arquiteto-global-e-o-certo-para-voce> ISSN 0719-8906

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