Perspectivas sobre Lima: A Reconstrução da Cidade Existente

Lima é uma cidade metropolitana, a capital do Peru, com mais de 8,5 milhões de habitantes. É o centro comercial, financeiro, cultural e político do país. A metrópole se estende principalmente dentro da Província de Lima e, em uma proporção menor, dentro da Província de Callao, onde se encontram o porto marítimo e o aeroporto internacional. A autoridade do governo local é a Prefeitura Metropolitana de Lima.

A cidade é responsável por 35% da produção industrial e é o centro financeiro do país. Os principais setores econômicos são: a indústria, o comércio e os serviços e, dentro deste, especialmente o turismo. Inicialmente a cidade foi chamada de Ciudad de los Reyes, centro religioso importante para seus residentes. Durante o Virreinato - domínio da Coroa Espanhola sobre vários países da América do Sul, sendo sua principal conquista o território peruano. Deu-se desde o século XVI até o século XIX -, a Espanha edificou sobre as fundações de cimento das construções indígenas, de grandes casarões, catedrais e praças. 

Lima também foi conhecida como a “cidade jardim” devido ao grande número de parques que possuía, especialmente no início do século XX. Desde meados do século XX, a cidade começou a receber um significante número de imigrantes do campo, devido ao êxodo rural que se intensificou entre as décadas de 1950 e 1960. Isto provocou um aumento substancial na quantidade de assentamentos informais (favelas) e no número de habitantes.

O crescimento em bairros periféricos 

Imagem via Plataforma Urbana

Lima é uma cidade diversificada, com muitas atividades e participação relativa proporcional. Atualmente, o crescimento da cidade não mais se baseia na imigração do campo, mas no crescimento natural da população nos bairros periféricos. 

O comércio, atividade dominante, corresponde a apenas 20% dos empregos gerados. A cidade conta com dois milhões de residências, das quais 80% são unidades individuais e nos últimos anos tem manifestado – em termos relativos – um aumento notável da tipologia de residências unifamiliares. 

A este respeito, verificou-se que o material predominante nas paredes das residências é o tijolo ou bloco de cimento, ainda que seja significativa a porcentagem de residências com paredes feitas de adobe, taipa ou madeira. Os pisos, por outro lado, são geralmente feitos de cimento. Estes dados não só mostram os edifícios e as possibilidades de sua verticalização, mas também levantam os níveis socioeconômicos da população. 

A evolução do mercado residencial 

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Na cidade de Lima, a quantidade de licenças emitidas para a construção de residências demonstra uma tendência ao aumento. Entre os anos de 2003 e 2008, apesar da ocorrência de uma queda significativa em 2006, o restante do período mostrou crescimento. O mercado imobiliário de unidades residenciais se recuperou da crise que afetou praticamente todos os mercados em 2008. Durante os últimos cinco anos, Lima tem tido uma profusão de construção de novos edifícios de apartamentos em áreas residenciais e de novas áreas comerciais. E o crescimento continua.

Nos últimos três anos, os preços das residências existentes aumentaram: nas áreas costeiras, distritos como Miraflores, Barranco e Chorrillos, os preços de terrenos chegaram a um aumento de 200%. Mais afastados do centro, em Surco, por exemplo, aumentaram até 130%, em uma área com um parque edilício de muito boa qualidade. No distrito La Molina, atualmente em ascensão, aumentou 105%. Em La Estância 120% e em La Pradera, Parque Payet, Parque Pio XII e Parque Santa Margarita os aumentos consistem de, em média, 150%. Espera-se que os preços de residências existentes continuem a subir. 

Vizinhos reivindicam proteção do bairro 

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Os vizinhos do bairro Barranco da cidade de Lima protestaram pela construção do Circuito Mágico Del Água e pela modernização de Lima, para tal, denunciaram que o “El Metropolitano” dividiu o bairro Barranco além de ser muito contaminante para o distrito. Os espaços em Barranco são tomados por ônibus neste desorganizado plano de desvios e os vizinhos contam que não conseguem atravessá-los. Destacam ainda que “o prefeito sequer se aproximou deste município de Lima para gerar um plano para a Municipalidade de Barranco, simplesmente porque não o interessava.”

 Visto que a construção é o elemento propulsor da cidade e ativador do mercado imobiliário, recuperar a percepção do público sobre os processos de construção da cidade é essencial para compreender a complexidade da situação. Assim, a participação é realmente o caminho para propor modificações. 

O uso adequado dos eventos urbanos pode contribuir para o equilíbrio territorial, no entanto apenas considerando os vizinhos em suas reivindicações para proteção do bairro e sua preocupação em proteger a paisagem. Caso contrário, o forte dinamismo do setor imobiliário dos bairros da moda gera situações de gentrificação com expulsão de população. 

O zoneamento define os critérios de usos 

Imagem via Plataforma Urbana

Em Lima, a principal ferramenta que regula os critérios urbanísticos de desenvolvimento da cidade é o zoneamento. Nestes planos de zoneamento são detalhados polígonos residenciais, comerciais, industriais, as zonas de equipamentos, os centros históricos, os “usos especiais”, as “áreas de recreação pública”, as “áreas preferenciais para o investimento em habitação” e as “áreas de tratamento especial” (por exemplo, no centro histórico, a área declarada Patrimônio da Humanidade).

O zoneamento inclui a definição de critérios, como os usos gerais permitidos, as dimensões mínimas de lote, a altura da edificação (por plantas limite em metros e, em alguns casos, seu equivalente em número de pavimentos), a área livre, os recuos e os estacionamentos. 

A interpretação dos critérios regulamentares onde cada construção se enquadra permite definir o escopo da indústria de construção e codificação urbana. Consequentemente, verifica-se que o planejamento tem sido o mecanismo para responder a ocupação e os usos do solo e o projeto urbano fora o instrumento para responder a realidade de cada bairro. 

O desafio é a construção da cidade existente, compacta e contínua, com regras que impedem a estagnação e geram continuidade no perfil do tecido urbano com transferência de potencial de desenvolvimento da cidade, com proteção do valor patrimonial e com rigorosas normas a favor da segurança edilícia e definição de critérios de usos permitidos.

Artigo original via Plataforma Urbana
Tradução: Isabela Costa. Equipe ArchDaily Brasil.

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Sobre este autor
Cita: Guillermo Tella. "Perspectivas sobre Lima: A Reconstrução da Cidade Existente" 05 Jan 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-166481/perspectivas-sobre-lima-a-reconstrucao-da-cidade-existente> ISSN 0719-8906

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