Light Matters: Principais Festivais de Luz na Europa

No outono, quando as noites ficam mais longas no hemisfério norte, encontramos vários festivais de luz. E de fato, nos últimos dez anos, mais e mais festivais surgiram pelo mundo. A razão para o sucesso de festivais de luz é simples, como a curadora alemã Bettina Pelz conclui: "É na verdade bastante fácil, porque sempre que você faz algo com luz nas cidades à noite, as pessoas vêm. Se você faz bem, eles vêm duas vezes."

Como Pelz aponta, luz é um meio apto para eventos noturnos, já que atrai pessoas com facilidade. Comunidades descobriram o potencial da iluminação para marketing das cidades, e quanto mais próximo do Natal for sua data, mais fundem sua iluminação com as luzes festivas do mercado natalino.

Junte-se a nós em um passeio por alguns dos principais festivais na Europa. Leia mais sobre seus diferentes contextos, conceitos artísticos e tendências futuras a seguir.

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"On dirait que" / Spectaculaires - Fête des Lumières 2008. Imagem Cortesia de Ville de Lyon - Muriel Chaulet

O festival mais famoso hoje em dia, “Fête des lumières” em Lyon, deriva de uma procissão católica do século XVII. Entretanto, algumas cidades desenvolveram seus festivais devido a uma forte história técnica com fabricantes locais; por exemplo, a cidade de Eindhoven com Philips e a cidade de Lüdenscheid com ERCO. Outras cidades conectaram seus festivais a feiras da indústria de iluminação, como o Luminale em Frankfurt. Outros festivais começaram como eventos educacionais, como "Light in Alingsås“. E há as cidades que apenas adotaram a ideia como iniciativa atrativa para o turismo. Claro que o conceito e qualidade estética varia dependendo se é o conselho de turismo, uma equipe técnica ou curador quem seleciona os artistas e designers. Mais luz não é sinônimo de mais qualidade.

Por questões compreensíveis as divisões de turismo procuram projeções espetaculares, coloridas e dinâmicas para atrair atenção e cobertura de mídia. LUCI, ou Lighting Urban Community International, uma associação que promove festivais de luz com interesses econômicos e culturais para as cidades, diz: "A impressão geral é que eventos de luz e festivais tem um efeito positivo na cidade que os abriga, atraindo visitantes adicionais e gerando publicidade."

Vivid Sydney 2013 – instalação de luz Chromatic Motions. Imagem Cortesia de Vivid Sydney

Entretanto, alguns organizadores como a cidade de Lyon estão conscientes dos potenciais efeitos negativos sobre os estabelecimentos comerciais que desligam suas luzes durante o festival, como também podem sofrer com um nível inferior de patrocínio. Outro efeito negativo acontece quando os projetos do festival criam poluição visual. Para enfrentar estes desafios e trazer qualidade a instalações de luz, o papel do curador se tornou mais importante - especialmente com o número crescente de festivais competindo entre si.

Eu gostaria agora de observar mais de perto quatro cidades com modelos diferentes:1. Lyon – a capital de festivais de luz com uma longa história; 2. Frankfurt – uma plataforma de iluminação aberta em uma feira de negócios em um centro financeiro; 3. Alingsås – o resultado de um evento educacional para uma cidade pequena; e 4. Lüdenscheid – um fórum com curadoria de arte.

"Les Chrysalides de Saint-Jean" / Damien Fontaine - Fête des Lumières 2012.Imagem Cortesia de Ville de Lyon - Muriel Chaulet

As origens do “Fête des lumières“ de Lyon remetem a 1643. A cidade foi atingida pela peste e, como uma expressão de gratitude a Maria, uma procissão até a Basílica de Fourvière aconteceu com velas acesas. Pessoas também iluminam suas janelas para a cerimônia colocando uma vela em 8 de dezembro. 

Com o tempo a cerimônia de luz se transformou em um festival profissionalmente organizado, o que se tornou uma referência para outros festivais. Diversos projetos impressionantes com instalações de grande escala, incluindo iluminação colorida e dinâmica, atraíram um grande número de turistas; a média estimada de visitantes por noite foi listada em 1.000.000 de acordo com um relato de LUCI de 2010.

Luminale. Frankfurt, 2012. Imagem Cortesia de Messe Frankfurt Exhibition / Jochen Günther

O alemão “Luminale” em Frankfurt é um palco para entusiastas de iluminação que apresenta tudo, desde projetos de estudantes a instalações profissionais de artistas famosos. Tem acontecido a cada dois anos desde 2002, junto com o Light+Building, a maior feira de iluminação, e coloca no mesmo espaço todo mundo que é alguém no setor, de fabricantes a designers a artistas. O conceito foca mais em ser uma plataforma aberta para várias instalações de luz do que ser uma exibição de arte de curadoria cuidadosa para Frankfurt e a região de Rhine-Main.

O programa noturno atraiu cerca de 140.000 visitantes em 2012. Um programa intenso de relações públicas contribuiu para sua cobertura de mídia internacional.

Gerdsken. Lights in Alingsås, 2002. Image © Alingsås Kommun

O evento sueco "Light in Alingsås“ começou em 2000 como um programa educacional onde estudantes tinham a oportunidade de aprender sobre iluminação externa com especialistas. Aqui o público pode descobrir os resultados de um workshop de uma semana de duração onde os professores ajudam os estudantes a conseguir uma boa qualidade estética. O festival inclui visitas guiadas para o público, performances, bem como aulas sobre iluminação doméstica e em jardins.

Os festivais de luz se tornaram um elemento importante para desenvolvimento urbano como Thomas Braedikow, diretor da Professional Lighting Designers’ Association, explica: "Quando Lights in Alingsås começou em 1999 a cidade de Alingsås tinha cerca de 20.000 habitantes, hoje contamos cerca de 40.000. Além disso, a estrutura do centro da cidade mudou e muitos cafés e restaurantes bons se estabeleceram durante os anos, com o festival em outubro sendo a época de mais sucesso para eles.

Cagna Illuminations, 2012. Projeto: De Cagna . Light Festival Ghent. Imagem Cortesia de City of Ghent

O evento de luz também revela a transformação tecnológica em direção à iluminação em LED, como Thomas Braedikow aponta: "O desenvolvimento de tecnologias mudou a estrutura e e conteúdo lentamente ao longo dos anos, de lâmpadas incandescentes para halogênio refletor para LED, de analógico para digital, e por fim mas não menos importante, o conteúdo ampliado de iluminação arquitetônica para contar uma história."

Dessa forma Alingsås se tornou um exemplo intrigante da forma como um festival de luz pode naturalmente crescer através dos anos, de um workshop no começo para uma sofisticada iniciativa que até ajudou a população da cidade a crescer.

A pequena cidade alemã de Lüdenscheid tem uma longa tradição em iluminação devido à quantidade de fabricantes locais e a um instituto de iluminação. Desde 2002 a cidade pediu que dois curadores selecionassem instalações e intervenções de luz artísticas de alta qualidade para seu fórum “LichtRouten”. A mistura de projetos em grande escala para praças públicas e pequenas instalações em salas privadas oferece aos visitantes a chance de se deparar com reinterpretações dos espaços familiares e descobrir lugares menos conhecidos na cidade. Ao incluir instalações históricas, o fórum também começou a apresentar e documentar o desenvolvimento da iluminação ao londo do tempo.

Com um grande grupo de voluntários locais, que passam por treinamento intensivo, os curadores foram capazes de proporcionar a visitantes informações bem fundamentadas através de instalações e visitas guiadas. Para manter uma alta qualidade técnica, os organizadores envolveram também os fabricantes locais. O LichtRouten estabeleceu assim uma forte relação entre a municipalidade, companhias e cidadãos.

Tunnel of love por Vollaerszwart. Glow 2011. Imagem Cortesia de GLOW Eindhoven

Graças à colaboração com artistas mundialmente renomados, os curadores trouxeram também um toque internacional à cidade que atraiu visitantes de muito além da região. Para Bettina Pelz, curadora do LichtRouten, o festival é parte de uma missão cultural: "Entre as pessoas visitando o LichtRouten, muitas não iriam a um museu tradicional. E estando aqui e passando tempo com os trabalhos de arte, começam a aprofundar sua compreensão visual das coisas."

Um desafio para os novos e futuros festivais será encontrar a identidade certa, seja como evento turístico de interesse econômico ou uma ambiciosa exposição de arte, ou algo entre os dois. Com uma crescente consciência da necessidade de conservação de energia, organizadores dos festivais também precisarão provar a necessidade de gestos de luz excessivos ou provar que intervenções luminosas podem ser realizadas com o mínimo de energia possível. Bettina Pelz espera que a diversidade de festivais também mude nos próximos cinco anos: "A variedade irá mudar...eu acho, teremos mais festivais que se aproximam mais do projeto de iluminação, da arte e talvez até da tecnologia. Outros acontecerão apenas pelo marketing das cidades."

Interessado em mais? Descubra um desses festivais em todo o mundo:

Europa

  • Alingsås, Suécia: Lights in Alingsås
  • Berlim, Alemanha: Festival of Light
  • Bruxelas, Bélgica: Festival des Lumières
  • Chartre, França: Chatres en lumières
  • Durham, Inglaterra: Lumiere
  • Eindhoven, Países Baixos: Glow
  • Frankfurt, Alemanha: Luminale
  • Ghent, Bélgica: Light Festival Ghent
  • Helsinki, Finlândia: Lux Helsinki
  • Lüdenscheid, Alemanha: LichtRouten
  • Lyon, França: Fête des lumières
  • Tallinn, Estônia: Valgus Biennaal
  • Turin, Itália: Luci d'artista
  • York, Inglaterra: Illuminating York
  • Ásia:

  • Singapura, Singapura: i Light Marina Bay
  • Pequim, China: Switch on light
  • Osaka, Japão: Hikari Renaissance
  • América do Norte:

  • New York, EUA: New York’s Festival of Light
  • Montreal, Canadá: MONTRÉAL EN LUMIÈRE
  • Oriente Médio:

  • Jerusalem, Israel: Lights in Jerusalem
  • Vivid Sydney ilumina Opera House. Imagem Cortesia de Vivid Sydney

    Austrália:

  • Sydney, Austrália: Vivid Sydney
  • Vivid Sydney 2013.Imagem Cortesia de Vivid Sydney

    Light matters, uma coluna mensal sobre luz e espaço, é escrita por Thomas Schielke. Morando na Alemanha, é fascinado por iluminação arquitetônica, trabalha para a companhia de iluminação ERCO, publicou vários artigos e é co-autor do livro "Light Perspectives". Para mais informações veja www.arclighting.de ou siga-o @arcspaces.

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    Sobre este autor
    Cita: Thomas Schielke. "Light Matters: Principais Festivais de Luz na Europa" [Light Matters: Europe's Leading Light Festivals] 29 Nov 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Marcon, Naiane) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-155161/light-matters-principais-festivais-de-luz-na-europa> ISSN 0719-8906

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