Urbanismo Pop!

A identidade criativa de uma cidade ou a marca de uma cidade global é moldada através de identidades e contextos múltiplos, que são canalizados por uma estratégia municipal específica em resposta a fatores de atração como distinção cultural, do patrimônio e do ambiente construído. A estratégia de marca urbana é controlada por interesses públicos e privados, com o duplo objetivo de crescimento econômico e de habitabilidade. Na prática do planejamento urbano esses objetivos são contraditórios, dada a precariedade da cultura e da criatividade no contexto de rentabilidade.

A determinação dos interesses e influências indiretas sobre a marca da cidade é mais fácil em cidades de médio porte do que em cidades globais, simplesmente porque, ao mesmo tempo, são produzidos menos projetos e os grupos de interesses locais participam mais ativamente. Isto tem um efeito sobre o nosso entendimento conceitual da cidade, que lhe dá uma identidade constante e linear. A mudança também facilita a compreensão das tendências qualitativas subjacentes sobre como a imagem da cidade é formada, em particular, como a forma de uma imagem da cidade é defendida por parte dos cidadãos e líderes de opinião, como músicos, escritores ou empresários.

Para demonstrar isso, vejamos o caso da cidade de Mannheim, que se transformou em um influente centro de negócio para a indústria da música na Alemanha, que por sua vez atraiu um bom número de start-ups de tecnologia e design. Não estava na estratégia do governo municipal utilizar a música como uma ferramenta para a regeneração de um centro industrial em declínio, mas foi a participação de uma pequena rede de músicos e produtores que abriram oportunidades de investimento.

Söhne Mannheims live. Image

No início dos anos 90, um grupo de músicos de Mannheim liderado pelo cantor Xavier Naidoo - hoje um dos maiores nomes do pop alemão - formaram o coletivo musical Sonhe Mannheims (filhos de Mannheim). Começaram a divulgar Mannheim em suas músicas e nos meios de comunicação, dizendo que sua cidade era um lugar de histórias de sucesso, talento e autenticidade.

Canções como "Meine Stadt" (My City) expressam a consciência coletiva da cidade como local de sua formação artística e inspiração. Isto, em parte, tem contribuído para uma mudança de imagem da cidade e de um sentimento de orgulho entre a comunidade local.

Aproveitando a popularidade da banda e junto com outros colaboradores musicais influentes na região, organizaram festivais e estruturas de apoio informais, em particular, um grupo de produção musical. Seguindo estas tendências, o governo municipal e os investidores privados demonstraram maior interesse em apoiar as pequenas start-ups na indústria da música e da educação. O Governo Provincial de Baden-Wuerttemberg fundou a Popakademie Baden-Wuerttemberg (Universidade de Música Popular e Indústria da Música) como uma empresa público-privada, em 2003, em colaboração com músicos locais.

Esta é a primeira instituição do gênero na Alemanha e fornece suporte contínuo para profissionais da música como parte de uma estratégia de compromisso com o talento. O Musikpark de Mannheim foi criado como um centro de negócios nas proximidades, que atualmente abriga cerca de 40 empresas de música.

Tudo isso tem contribuído fortemente para uma mudança na imagem de Mannheim, de antiga cidade industrial à "cidade criativa", com um objetivo definido. O que é notável neste estudo de caso é o estreito envolvimento de personalidades locais, em busca de eficiência cultural e econômica. Isso sugere um aumento com base na demanda liderada por profissionais criativos e seu campo de especialização, mantendo um equilíbrio entre o consumo e a produção cultural.

O objetivo principal do meu argumento, no entanto, concentra-se no desenvolvimento sustentável da "cidade criativa", através de um alinhamento entre a imagem da cidade e tendências urbanas reais, não uma ficção de marketing. A estratégia municipal de Mannheim focou no fornecimento de estruturas de apoio financeiro e medidas organizacionais para o desenvolvimento do centro da indústria criativa, em vez de criar uma imagem de cidade criativa competitiva. Mannheim se manteve fiel à sua imagem multicultural e passou a apoiar as pequenas empresas mais do que a sua "marca". No entanto, isso poderá em breve mudar para uma estratégia de marketing focada em cultura, como refletido na candidatura de Mannheim como Capital Cultural Européia em 2020.

Por Silvie Jacobi, artista e estrategista cultural, estuda geografia urbana e indústrias criativas no King’s College em Londres. Texto originalmente publicado em This Big City. Via Plataforma Urbana. Tradução Maria Júlia Martins, ArchDaily Brasil.


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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Urbanismo Pop!" 01 Out 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-144002/urbanismo-pop> ISSN 0719-8906

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