São Paulo e sua crescente agricultura urbana

Apesar de ser a maior metrópole do país e continuar se expandindo cada vez mais, a cidade de São Paulo tem desenvolvido práticas de agricultura urbana em praças e vazios existentes em seu tecido urbano.

São Paulo é a maior cidade do Brasil, com mais de onze milhões de habitantes e é um grande exemplo de poluição e insustentabilidade. Porém, algumas pequenas ações já podem ser consideradas como um fator positivo para a cidade, apesar de parecer um paradoxo. Atualmente, muitos paulistanos dentro da região metropolitana se sustentam com o que plantam e o que colhem.

Isso pode ser visto em números. Segundo o levantamento da prefeitura da cidade, há mais de mil peuenos produtores rurais dentro dos limites metropolitanos de São Paulo. A grande maioria está concentrada em uma região na zona sul, o distrito de Parelheiros. Esta concentração não é aleatória: a região se constituiu historicamente como um cinturão verde da cidade e que ainda guarda características do campo.

Estas pequenas áreas de cultivo na zona sul da cidade não se assemelham em nada com a organização da metrópole. Com traços de campo, suas ruas são de terra e muito arborizadas e possuem ainda a presença de duas áreas de proteção ambiental. A atividade é de grande importância para a economia da região: além de alimentar famílias, a produção abastece feiras, gera empregos e ainda funciona como uma estratégia de preservação das reservas ambientais e dos manaciais presentes também na região.

Na zona leste da cidade, a prática de agricultura urbana também se mostra presente, porém em pequena escala se comparada à situação de Parelheiros, já que a disponibilidade de terras férteis é mais reduzida. Logo, o cultivo acontece em terrenos que não podem receber construções como embaixo de linhas de transmissão elétrica ou em cima de oleodutos, principamente no bairro de São Mateus, com o incentivo da prefeitura e de ONGs especializadas em segurança alimentar e em agroecologia. Além da produção abastecer as feiras dos arredores, a ocupação destes vazios urbanos garante um uso para estes espaços além de evitar que estes terrenos sejam usados como depósito de lixo.

Além destes dois exemplos mais consolidados, podemos ver intenções de produção agrícola nas áreas mais centrais de São Paulo, em pequenas áreas. Recentemente, moradores próximos a praças abandonadas pela prefeitura, têm proposto um outro uso para estes espaços como pequenas hortas urbanas, mais com o intuito de reunir a comunidade do que de uma produção para abastecer famílias e feiras. Estas iniciativas têm recebido o apoio de outros grupos urbanos que têm lutado por uma cidade mais sustentável e mais "humana", como os cicloativistas.

Logo, podemos perceber que a ideia de uma cidade em um contato maior com a natureza e mais sustentável não é impossível, posto que em uma metrópole caótica como São Paulo há tantas iniciativas em diferentes escalas e regiões, que recebem o apoio de ONGs e algumas vezes da prefeitura. O que parece absurdo, o retorno do contato com a terra e com o campo - um caminho contrário à urbanização e à industrialização, está começando a ser valorizado e a surgir nas grandes cidades.

Via Rede Brasil Atual.

Sobre este autor
Cita: Fernanda Britto. "São Paulo e sua crescente agricultura urbana" 15 Abr 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-108756/sao-paulo-e-sua-crescente-agricultura-urbana> ISSN 0719-8906

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