Residência Cantareira / Coletivo de Arquitetos

 

A residência aqui apresentada foi projetada para uma família composta de casal e três filhos em lote urbano com10 mde frente por 33 de fundo e que apresenta um desnível de aproximadamente2 mno seu sentido maior. Esse lote se encontra na zona norte da cidade de São Paulo em região afastada do centro da capital, em condomínio fechado.

Lote em condomínio fechado localizado na zona norte da cidade de São Paulo, em meio a Serra da Cantareira. Fundo do lote se abre para reserva de Mata Atlântica.

O desenho da residência foi induzido por alguns condicionantes como a relação com as vizinhanças, orientação solar, relação com a paisagem e interpretação da legislação local. O volume da residência “encosta” em uma das laterais do lote e respeita recuo de 1,5m na outra lateral.  Nesse loteamento, as casas são edificadas, na sua maioria, liberando a face lateral leste para aproveitar a melhor condição de insolação e abertura de janelas. Optou-se, na implantação na casa projetada, por espelhar essa ocupação recorrente, o que proporcionaria como benefício um afastamento de3 mda edificação vizinha lateral .

Implantação da Residência se opõe a implantação recorrente no condomínio: estratégia garante 3m de afastamento da edificação vizinha.

Esse partido levaria a uma condição desfavorável, já que as janelas de dois dos dormitórios estariam voltadas para o sol poente. Para contornar essa condição adversa, foram projetadas janelas seteiras suplementares para cada um dos dormitórios que se abrem para as faces norte e sul, ambas protegidas pela empena lateral da casa. Mesmo com as janelas principais fechadas para proteção contra o sol poente, esses dormitórios possuiriam iluminação e ventilação naturais garantidos (Imagem 03).

Dormitórios com janelas seteiras suplementares protegidas por empena lateral, garantindo iluminação e ventilação naturais mesmo quando as janelas principais forem fechadas.

O dormitório do casal é voltado para a face norte, se valendo da melhor orientação solar.

A inexistência de recuo no alinhamento leste do lote acaba por gerar uma grande superfície da residência sem possibilidade de aberturas laterais para o exterior. Decidiu-se concentrar as escadas de circulação vertical junto a esse alinhamento, rompendo completamente o volume edificado de cima abaixo, do nível da cobertura ao nível do semi-enterrado.

Terreno possui 10 m de frente por 33 de fundo, apresentando um desnível de aproximadamente 2 m no seu sentido maior.

Essa solução cria um fosso que conduz luz zenital até os pavimentos mais inferiores da casa. A escada acaba servindo ainda como um rebatedor de luz para os forros de todos os pavimentos, ajudando a propagar a iluminação natural para o interior da casa.

O terreno é escavado 2 metros, gerando um patamar semi-enterrado que concentra funções de lazer, serviços e garagem.

A casa se divide em quatro pavimentos articulados da seguinte forma: semi-enterrado (primordialmente funções de lazer e garagem); pavimento térreo (espaços de convivência familiar); primeiro pavimento (áreas íntimas da residência); cobertura (lazer).

: Programa social (térreo) e íntimo (primeiro pavimento) é organizado em volumetria alinhada na face leste do lote em dois pavimentos. Cobertura configura pavimento de recreação

Os pavimentos do semi-enterrado e da cobertura funcionam como um sistema de áreas de recreação, à maneira de quintais. No pavimento semi-enterrado temos um quintal a sombra, meia sombra e sol, enclausurado pelos muros de divisa. Já o pavimento da cobertura compõe um quintal a pleno sol, com ligações visuais para a Serra da Cantareira. Nesses dois pavimentos encontramos arvoretas de frutas tropicais, compondo pequenos pomares.

Fundos da volumetria ganham aberturas generosas para a vista da Serra da Cantareira e a sua reserva de Mata Atlântica.

A residência possui estrutura de concreto moldada in loco, apoiada por um sistema de quadro pilares e empenas estruturais. No sentido transversal foram previstas vigas mestras de concreto que servem de apoio para lajes nervuradas com módulo de 80 x80 cm.

Residência apoiada em quatro pilares.

As vigas mestras têm por função também ancorar lajes nervuradasem balanço. A intencional diferença de altura entre o pacote estrutural da laje nervurada e as vigas mestras possibilita a criação de um espaço técnico pleno junto às lajes de cada pavimento, proporcionando um facilitado caminhamento das infra-estruturas domésticas.

No sentido tranversal, foram projetadas vigas mestres de concreto.
Lajes nervuradas seriam apoiadas nas vigas mestras de concreto.

Para aliviar as cargas na estrutura da residência e racionalizar a dinâmica do canteiro de obra, as partições internas foram projetadas com painéis cimentícios industrializados com isolamento térmico e acústico.

Empenas de concreto arrematam o pacote estrutural.

As fachadas da frente e do fundo, em ponto mais crítico de balanço das lajes, também recebem fechamentos leves com camada de isolamento térmico e acústico, nesse caso, chapas de aço galvanizado estruturadas por perfis metálicos com dimensões de mercado.

A fachada principal da casa seria primordialmente fechada, recebendo painel artístico que faria a intermediação entre o espaço público da rua e o privado da residência.

O local onde está projetada essa residência não se notabiliza por qualidades urbanísticas especiais; a fachada principal é quase que inteiramente fechada; a relação com a área externa é primordialmente através dos fundos da edificação e sua vista para a Serra. O espaço de convivência familiar no pavimento térreo foi desenhando como um amplo espaço fluído que se volta para a vista da reserva de mata atlântica.

Volume da residência ganha rasgos de cima a baixo na face oeste (permitindo a criação de janelas seteiras protegidas por empena lateral) assim como na face leste (permitindo a criação de fosso de luz zenital que receberia a escada).

No primeiro pavimento, o dormitório do casal também se beneficia dessa paisagem; o painel em pele metálica desse espaço pode se fechar completamente, proporcionando privacidade a esse ambiente, assim como pode ter alguns dos seus módulos abertos para liberar visual em direção a vigorosa paisagem da Cantareira.

Elevação frontal: Fechamento metálico com painel artístico. Jardim de água intensifica contemplação desse painel.

Com o intuito de colaborar na qualificação do entorno imediato da casa, foi imaginado que o painel metálico da fachada da frente poderia assumir às vezes de um painel artístico.

: Elevação frontal: Vista do acesso de pedestres, automóveis e janelas seteiras protegidas por empena lateral

Esse plano vertical marca a fronteira entre o espaço privado da residência e o público da rua; para a escala do passeio do pedestre, é ofertado um jardim de água, que com seus efeitos de reflexão e refração, intensificam a contemplação desse painel.

Visão a partir do quintal dos fundos.

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Autores
  2. Rodrigo Lacerda
  3. Guile Amadeu
  4. Equipe
  5. Daniele de Souza

Sobre este escritório
Cita: Joanna Helm. "Residência Cantareira / Coletivo de Arquitetos" 21 Nov 2011. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-10571/residencia-cantareira-coletivo-de-arquitetos> ISSN 0719-8906

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